Numa reunião de cúpula hoje em Bruxelas, a União Europeia deve assinar um acordo de associação com a Ucrânia e indicar o ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, como novo presidente da Comissão Europeia, o órgão executivo do bloco, a ser eleito pelo Parlamento Europeu.
A rejeição do acordo a ser assinado hoje pelo então presidente Viktor Yanukovich, em novembro de 2013, sob pressão da Rússia, levou a uma revolta popular e à sua queda em fevereiro. O presidente russo, Vladimir Putin, negou-se a reconhecer o governo revolucionário e iniciou uma intervenção na Ucrânia, anexando a Crimeia à Rússia em 17 de março de 2014.
Em abril, a revolta se alastrou para o Leste da Ucrânia, onde mais de 350 pessoas foram mortas. Ao pedir ao Conselho Federal, a câmara alta do Parlamento da Rússia, a revogação da autorização para enviar tropas à Ucrânia, Putin indicou a intenção de negociar. Ao mesmo tempo, usa as exportações de gás para tentar dividir a UE.
Além do acordo com a Ucrânia, o bloco europeu deve eleger Juncker para presidente da CE em substituição ao ex-primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso, a partir de 31 de outubro de 2014. A Suécia e a Holanda, que pareciam apoiar a posição do primeiro-ministro britânico, David Cameron, confirmaram ontem seu voto em Juncker, fechando com a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel.
Isolado, é improvável que Cameron tente vetar a eleição de Juncker, no momento em que está sendo pressionado tanto pelos eurocéticos do próprio Partido Conservador quanto pelo Partido da Independência do Reino Unido, que ganhou as eleições para o Parlamento Europeu no Reino Unido, a exemplo do que aconteceu com a Frente Nacional na França.
O primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny anunciou uma nova reunião de cúpula para 17 de julho. Com a oposição do Reino Unido a Juncker, foi impossível definir os futuros ocupantes dos dois outros altos cargos da UE, o presidente do Conselho Europeu e o supercomissário de política externa.
A reunião de cúpula começou com um juntar em Ypres, na Bélgica, para relembrar os cem anos do início da Primeira Guerra Mundial. Em 28 de junho de 1914, o estudante radical sérvio Gavrilo Princip matou o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro. O atentado deflagrou o conflito.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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