sábado, 26 de julho de 2014

Brasil joga para a plateia no Oriente Médio

Ao não condenar também o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), não participar das negociações de cessar-fogo com Israel e ignorar outros conflitos mais mortíferos no Oriente Médio, o Brasil usa dois pesos e duas medidas e joga para a plateia no conflito israelo-palestino. Isso ajuda a entender a reação agressiva, grosseira, deselegante e antidiplomática do Ministério de Exterior israelense ao chamar o país de "irrelevante" e "anão diplomático".

Em entrevista a O Globo de hoje, observo que raramente o Brasil faz uma condenação tão explícita a outro país. Diante do silêncio perante mais de 170 mil mortes na Síria, apesar do evidente uso de força desproporcional pelas Forças de Defesa de Israel, a estridência na questão palestina revela um desequilíbrio ou falta de critérios uniformes de avaliação de crises internacionais. Como do ponto de visto democrático, toda vida tem o mesmo valor, o número de mortos é que diz qual é o pior conflito.

Também não se justifica a acusação de genocídio feita pelo assessor especial de relações internacionais do governo Dilma Rousseff. Por mais que se possa criticar o massacre do povo palestino, não há comparação possível com o Holocausto e isso atinge diretamente o aspecto mais sensível da memória coletiva do povo judeu.

Certamente o Brasil não foi considerado um anão diplomático por Israel quando o então ex-chanceler Osvaldo Aranha proferiu, como presidente da primeira reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas, o voto de minerva para a criação do Estado de Israel, em 1947.

Em 2010, o Brasil reconheceu a independência da Palestina com base nas fronteiras anteriores à guerra de 1967. Faria mais para transformá-la em realidade se participasse construtivamente das negociações de paz.

Nenhum comentário: