O ex-ministro da Segurança Pública Zhou Yongkang está sendo investigado por "violações disciplinares sérias", expressão usada pelo regime comunista chinês em denúncias de corrupção. Ele era membro do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central do Partido Comunista, um dos nove imperadores que governavam a China na presidência de Hu Jintao; hoje, são apenas sete.
Em uma nota curta, a agência oficial de notícias Nova China, citada pela televisão estatal britânica BBC, informou que o inquérito será realizado pela Comissão Central para Inspeção Disciplinar do partido.
Zhou é o mais alto dirigente comunista chinês sob inquérito desde o processo contra a Gangue dos Quatro, que incluía a viúva de Mao Tsé-tung, Jiang Ching, em 1981. O grupo e o ex-expoente da linha dura Lin Piao, falecido num acidente de avião suspeito quando fugia do país, foram acusados pelos excessos da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76).
A atual investigação faz parte da campanha de combate à corrupção do presidente Xi Jinping, que promete caçar de "moscas a tigres". Deflagrou uma onda de choque entre a elite dirigente chinesa, em que parentes de altos funcionários do partido fazem fortunas rapidamente sob a proteção da censura e da ditadura militar.
Mais de 300 parentes, sócios, aliados políticos, protegidos e
funcionários de Zhou foram presos ou interrogados nos últimos
meses. As autoridades chinesas apreenderam US$ 14,5 bilhões em bens e ativos de parentes e sócios de Zhou. Ele fez carreira no partido e no governo dentro do serviço secreto e da Companhia Nacional de Petróleo da China.
Os investigadores congelaram depósitos bancários, confiscaram
bônus, ações e outros títulos negociados no mercado financeiro, 300
casas e apartamentos, objetos de arte, antiguidades, bebidas caras,
ouro, prata, joias e dinheiro em várias moedas.
Alguns analistas acusam Xi de fazer uma manobra para consolidar seu poder. Ao alvejar dirigentes importantes como Zhou, o presidente quer indicar que desta vez será diferente. O dirigente que caiu em desgraça era ligado a Bo Xilai.
Bo era a estrela em ascensão da linha dura saudosa do maoísmo. Sonhava em ser líder do PC e presidente da China quando foi preso, em março de 2012, expurgado do partido em abril e condenado no mesmo ano por corrupção, abuso de poder e envolvimento no assassinato do empresário britânico Neil Heywood, ordenado por sua mulher Gu Kailai.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 29 de julho de 2014
China investiga ex-ministro da Segurança por corrupção
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