Depois de seis dias de bombardeios ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) na Faixa de Gaza, o governo de Israel aprovou hoje uma proposta de cessar-fogo feita pelo regime militar do Egito. Horas antes, em entrevista à televisão americana CNN, um porta-voz do Hamas considerou o plano egípcio "quase uma piada".
O governo linha-dura israelense exige um desarmamento parcial do Hamas na Faixa de Gaza para impedir os ataques de foguetes do grupo contra Israel. No conflito anterior entre Israel e o Hamas, em 2012, a trégua também foi mediada pelo Egito, na época governado por Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, aliada do grupo islamita palestino.
Desde o golpe contra Mursi, em 3 de julho de 2013, o Egito tem um governo hostil ao Hamas, que fechou 95% dos túneis ligando o país a Gaza por onde passam contrabando, armas e suprimentos para burlar o bloqueio israelense ao território.
Para ganhar algo com o conflito, o Hamas exige o fim do bloqueio a Gaza e a libertação de prisioneiros. A proposta egípcia faz uma referência vaga à reabertura das passagens na fronteira. O Hamas quer garantias.
Israel pode usar a rejeição da proposta do Egito para ampliar a Operação Margem Protetora, mas não pode destruir os foguetes do Hamas e de seus aliados Jihad Islâmica para a Libertação da Palestina e da Frente Popular para a Libertação da Palestina baseados em Gaza com bombardeios. Seria necessária uma invasão terrestre ao território, onde a grande densidade populacional aumenta o risco de matar e ferir civis inocentes.
Ao mesmo tempo, o Egito não consegue impedir o fluxo de mísseis de médio alcance em Gaza e o serviço secreto de Israel tem sido incapaz de detectá-lo.
Como nenhum dos lados tem interesse numa guerra prolongada, uma trégua deve ser acertada nos próximos dias. É improvável que Israel consiga a remoção dos foguetes do Hamas e que o movimento palestino obtenha o fim do bloqueio a Gaza.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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