Do lado palestino, uma das dificuldades para cessar fogo na atual guerra contra Israel é o
enfraquecimento político do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) no Oriente Médio depois desde a queda
do governo da Irmandade Muçulmana no Egito em 3 de julho de 2013. Só o emirado do Catar o apoia e um pouco a Turquia, que não é árabe.
A
Arábia Saudita e o Egito, os principais aliados dos Estados Unidos no
mundo árabe, consideram o Hamas um de seus maiores inimigos.
Disfarçadamente, apoiam a ofensiva militar de Israel. Por isso, o Hamas
rejeitou totalmente a proposta egípcia de cessar-fogo, que não
contemplava nenhuma de suas exigências políticas, a começar pelo fim do
bloqueio à Faixa de Gaza.
Desde a morte de nove turcos no ataque a uma flotilha que tentava romper o bloqueio a Gaza, em 31 de maio de 2010, as relações entre Israel e a Turquia foram abaladas, prejudicando o papel do governo turco como interlocutor.
Em entrevista à televisão
pública britânica BBC, a pesquisadora especialista em Oriente Médio
Rosemary Hollis, professora da City University de Londres, observou que a
Arábia Saudita e o Egito gostariam que "o Hamas desaparecesse da Faixa
de Gaza, sendo substituído não por Mahmoud Abbas, mas pelos líderes da
Fatah que derrotou em 2007", na guerra civil palestina que terminou com o
domínio da Fatah nas áreas palestinas da Cisjordânia e do Hamas em
Gaza.
O problema, acrescentou Hollis, é que o Hamas não é apenas um grupo armado. É um movimento político com escolas,
centros de saúde, obras sociais e uma forte base política em Gaza: "A
população de Gaza quer que Israel sofra como eles estão sofrendo. E quem impõe algum sofrimento a Israel é o Hamas, mais do que os governos do Cairo, Riade e Ramalá" (sede da Autoridade Nacional Palestina).
O total de mortos chegou hoje a pelo menos 1.065 palestinos, sendo 75% civis, e 51 israelenses, entre os quais 48 era soldados.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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