segunda-feira, 28 de julho de 2014

Hamas sofre isolamento político no mundo árabe

Do lado palestino, uma das dificuldades para cessar fogo na atual guerra contra Israel é o enfraquecimento político do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) no Oriente Médio depois desde a queda do governo da Irmandade Muçulmana no Egito em 3 de julho de 2013. Só o emirado do Catar o apoia e um pouco a Turquia, que não é árabe.

A Arábia Saudita e o Egito, os principais aliados dos Estados Unidos no mundo árabe, consideram o Hamas um de seus maiores inimigos. Disfarçadamente, apoiam a ofensiva militar de Israel. Por isso, o Hamas rejeitou totalmente a proposta egípcia de cessar-fogo, que não contemplava nenhuma de suas exigências políticas, a começar pelo fim do bloqueio à Faixa de Gaza.

Desde a morte de nove turcos no ataque a uma flotilha que tentava romper o bloqueio a Gaza, em 31 de maio de 2010, as relações entre Israel e a Turquia foram abaladas, prejudicando o papel do governo turco como interlocutor.

Em entrevista à televisão pública britânica BBC, a pesquisadora especialista em Oriente Médio Rosemary Hollis, professora da City University de Londres, observou que a Arábia Saudita e o Egito gostariam que "o Hamas desaparecesse da Faixa de Gaza, sendo substituído não por Mahmoud Abbas, mas pelos líderes da Fatah que derrotou em 2007", na guerra civil palestina que terminou com o domínio da Fatah nas áreas palestinas da Cisjordânia e do Hamas em Gaza.

O problema, acrescentou Hollis, é que o Hamas não é apenas um grupo armado. É um movimento político com escolas, centros de saúde, obras sociais e uma forte base política em Gaza: "A população de Gaza quer que Israel sofra como eles estão sofrendo. E quem impõe algum sofrimento a Israel é o Hamas, mais do que os governos do Cairo, Riade e Ramalá" (sede da Autoridade Nacional Palestina).

O total de mortos chegou hoje a pelo menos 1.065 palestinos, sendo 75% civis, e 51 israelenses, entre os quais 48 era soldados.

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