Em entrevista no consulado argentino em Nova York, o ministro da Economia, Axel Kicillof, não descartou a possibilidade de um acordo entre bancos privados argentinos e os fundos de investimento para evitar um calote que seria ruinoso para a economia do país, informa o jornal Clarín. A tentativa do setor financeiro argentino de comprar os papéis em mãos dos fundos que rejeitam um desconto tem o apoio do presidente do Banco Central, Juan Carlos Fábrega, e a oposição de Kicillof.
Depois de criticar a decisão como "inadequada", o jovem ministro explicou que a Argentina pediu mais tempo para os credores. Kicillof disse que, "se aceitamos o que pedem, esta demanda se multiplica por cem. O juiz Thomas Griesa quer nos obrigar a fazer um acordo que seria um tremendo erro para o governo argentino." Resta ver o que sairá mais caro: um mau acordo ou o calote?
Kicillof esclareceu que "a posição argentina não mudou em relação ao que foi dito por mim e pela presidente sobre o que estamos dispostos a fazer. Em seguida, enumerou os pontos centrais da Argentina:
- "Não fazer nenhum acordo lesivo ao país."
- "Defender as negociações exitosas de 2005 e 2010."
- "Tomar todas as medidas previstas em nossos contratos com base na lei nacional e internacional."
Como as renegociações incluem uma cláusula que oferece aos novos credores as mesmas vantagens de negociações posteriores realizadas até o fim de 2014, se a Argentina pagar o US$ 1,3 bilhão, quem aceitou um desconto pode querer os mesmos termos oferecidos aos fundos especulativos.
Hoje é o prazo final, prorrogado por 30 dias, para a Argentina pagar juros aos novos credores com títulos renegociados. O dinheiro foi depositado, mas o juiz Thomas Griesa bloqueou o pagamento para garantir os direitos dos antigos credores, que teriam direito a receber antes.
Desde o início, o governo Cristina Kirchner indicou claramente a intenção de não se render aos fundos que chama de "abutres". A popularidade da presidente, abalada pela péssima situação da economia, com expectativa de 40% de inflação para este ano, subiu, mas os empresários argentinos estão muito preocupados. O país já está em recessão. O calote só pode tornar a crise ainda pior.
O Brasil também será afetado. As exportações para a Argentina despencaram e o governo deve aumentar o controle de câmbio, com impacto direto sobre a indústria automobilística nacional. Atrasada tecnologicamente, só consegue vender suas carroças para países como o vizinho.
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