Carta endereçada ao Ministro das Relações Exteriores, Sua
Exª. Luiz Alberto Figueiredo
Por: Sr. Israel Sérgio Klabin
Assunto: Ofensa feita ao Estado de Israel e a todos nós
judeus, pelo Itamaraty.
Conflito em Gaza
Meu caro Figueiredo,
Aproveito-me da nossa velha amizade e associação permanente
no trato da política brasileira de meio ambiente para pedir-lhe que passe ao
atual Ministro das Relações Exteriores, Sua Exª. Luiz Alberto Figueiredo
Machado, as minhas observações abaixo:
Ao Excelentíssimo Senhor
Ministro das Relações Exteriores
Luiz Alberto Figueiredo Machado
Sempre tive, bem como a minha família, íntima relação com o
Itamaraty através de dois chanceleres: Horácio Lafer e Celso Lafer, ambos
judeus, que honraram não apenas o nome da família, mas o Brasil e sua política
externa. Não preciso lembrá-lo também da importância de Oswaldo Aranha, quando
Embaixador junto a ONU, na criação do Estado de Israel, trazendo com isso o
agradecimento de todos os judeus do mundo.
É, portanto, com estranheza que acabei de ler a séria ofensa
feita ao Estado de Israel e a todos nós judeus, pelo Itamaraty, quando “chamou
o Embaixador para consulta”.
Tanto meus pais quanto eu, fazemos parte das gerações que
atravessaram o holocausto e herdaram a missão de prestar serviços à humanidade
e aos países que agasalharam os judeus na fuga milenar das perseguições
oriundas de preconceitos, de ódios raciais e religiosos.
A nota do Itamaraty demonstra claramente um retrocesso da
política fracassada de levar o Brasil para um envolvimento errado e
desnecessário, antagônico ao princípio de não intervenção, o que tem sido um
dos pilares da política externa brasileira através dos tempos.
A análise preconceituosa do que realmente está acontecendo
no conflito em Gaza, seguramente levou o Itamaraty a conclusões apressadas e
equivocadas.
Israel se defende de ataques de grupos terroristas, do Hamas
associado ao Hezbollah, ao Irã e de tudo aquilo que é mais odiento na evolução
política do Oriente Médio. Estranho o Brasil omitir-se em relação a esses
grupos que tentam, pelo terror, “jogar os judeus ao mar”. Isto seguramente não
acontecerá.
Ninguém mais do que o próprio Estado de Israel e as
comunidades judaicas do mundo lamentam a perda inútil de vidas humanas
provocadas pelo uso suicida das populações civis de Gaza, pelos terroristas de Hamas.
Por outro lado, choramos também pelos soldados israelenses que tombaram lutando
pela segurança do Estado e de suas famílias.
Pela admiração que tenho por V. Exª., gostaria que fosse
levado em conta não apenas pressões políticas imediatistas, internas ou
externas ao Itamaraty, mas também os grandes serviços que a comunidade judaica
brasileira vem prestando ao nosso país no passado, no presente, bem como nosso
compromisso com o futuro do Brasil, nosso país, e de Israel como centro da
nossa cultura.
Respeitosos cumprimentos,
Israel Sergio Klabin
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