Em 28 de julho de 1914, o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia em resposta ao assassinato do herdeiro do trono, arquiduque Francisco Ferdinando, pelo estudante radical sérvio Gavrilo Princip um mês antes em Sarajevo. A Alemanha apoiou a Áustria. A França e a Rússia ficaram do lado da Sérvia.
No início de agosto 1914, as grandes potências da Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália) e da Tríplice Entente (França, Grã-Bretanha e Rússia) iniciavam os combates da Primeira Guerra Mundial.
Era para ser uma guerra curta. Todos voltariam para casa no Natal. Virou a Grande Guerra. Quando os canhões silenciaram, às 11h de 11 de novembro de 1918, pelo menos 18 milhões de pessoas tinham sido mortas. Outros milhões morreram na pandemia de gripe espanhola, propagada pelo soldados que voltavam das frentes de batalha.
Foi o fim do que o historiador britânico Eric Hobsbawm chamou de Era dos Impérios. Os impérios Alemão, Áustro-Húngaro, Russo e Otomano (turco) desapareceram, redesenhando os mapas da Europa e do Oriente Médio. A Polônia renasceu das cinzas dos impérios europeus.
Os impérios Britânico e Francês criaram o moderno Oriente Médio, fonte de tantos conflitos e ressentimentos históricos. A criação de Israel começou com a Declaração de Balfour, de 1917, em que o ministro do Exterior britânico, Arthur James Balfour, prometeu ao Barão de Rothschild criar uma pátria para o povo judeu na Palestina.
A guerra deixava definitivamente de ser um esporte de aristocratas montados a cavalo com espadas e penachos na cabeça para se transformar numa atividade industrial com milhões de soldados enviados de trem para as linhas de frente, onde eram submetidos a um incessante bombardeio da artilharia inimiga. Os franceses ainda usavam um uniforme branco que os tornavam alvos mais fáceis para as novas tecnologias militares.
Num único dia de agosto de 1914, a França perdeu 22 mil soldados. No primeiro dia da Batalha do Somme, 1º de julho de 1916, morreram 19.240 britânicos, no pior dia da história do Exército Real.
O avião se tornou uma arma de guerra pela primeira vez. Os tanques e as armas químicas também. Um grande impasse na frente ocidental fez com que os dois lados estagnassem numa longa linha de trincheiras que ia da Bélgica à França. Quando a Alemanha parecia estar em vantagem, em março de 1918, os americanos entraram na guerra e romperam o equilíbrio.
Derrotados e humihados na frente oriental, os soldados do Exército Imperial da Rússia voltaram para casa e se juntaram às revoluções que derrubaram o czar e levaram os comunistas ao poder, em 1917. No mesmo ano, os Estados Unidos declaravam guerra à Alemanha depois de terem vários navios afundados no Oceano Atlântico. O Brasil faz o mesmo.
Quando a guerra acabou, o presidente dos EUA, Woodrow Wilson, apresentou seu plano de paz de 14 pontos que incluía a criação da Liga das Nações, a primeira organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial.
Wilson convencera os americanos de que era "a guerra para acabar com todas as guerras". Mas a Conferência de Versalhes produziu "a paz para acabar com todas as pazes", e o Congresso dos EUA não ratificou a Convenção da Liga das Nações. O isolacionismo dos EUA e o fracasso da Liga contribuíram para minar a paz.
Sem o colapso da economia alemã no começo dos anos 1920s sob o peso das dívidas de guerra impostas pelo Tratado de Versalhes, de 1919, talvez o nazismo não tivesse tomado conta da Alemanha e deflagrado a Segunda Guerra Mundial.
Poetas e escritores que serviram nas trincheiras produziram vasta literatura sobre a agonia nas frentes de combate. Adeus às Armas, de Ernest Hemingway; Terra Arrasada, de Thomas Stearn Eliot; e Nada de Novo na Frente Ocidental, de Erich Maria Remarque; estão entre as obras-primas do século 20. O poeta britânico Siegfried Sassoon, condecorado na frente ocidental, ironizou em versos o patriotismo exaltado que empolgou e desgraçou o mundo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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