Com o colapso da coalizão de governo em plena guerra contra os separatistas apoiados pela Rússia e a demissão hoje do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk, o Parlamento da Ucrânia tem 30 dias para formar uma nova aliança majoritária. Se não conseguir, o presidente Petro Porochenko pode dissolver o parlamento e antecipar as eleições legislativas.
Os partidos Svoboda (Liberdade), de extrema direita, e a Aliança Democrática Ucraniana para a Reforma (ADUR), liderada pelo ex-campeão de boxe e ex-prefeito de Kiev Vitali Klitschko, retiraram o apoio ao governo. Eles foram as maiores forças por trás do movimento popular contra o presidente Viktor Yanukovich iniciado em novembro de 2013, quando ele rejeitou um acordo de associação com a União Europeia.
A atual legislatura ainda é a mesma, mas passou por grandes mudanças desde a revolta que derrubou Yanukovich, apoiado pela Rússia, o que levou à intervenção militar promovida pelo Kremlin e à anexação da Crimeia à Federação Russa.
Quando a revolta começou, o Partido das Regiões, de Yanukovich, tinha 187 das 450 cadeiras do Parlamento da Ucrânia. Governava com o apoio dos 32 deputados comunistas e dos 43 independentes. Com a queda de Yanukovich, houve uma debandada geral. O PR tinha ontem 87 deputados.
Com a revolução, surgiram três novos partidos: Ucrânia Europeia Soberana, com 35 deputados; Desenvolvimento Econômico, com 39; e Pela Paz e Estabilidade, com 34 cadeiras. Os dois primeiros apoiam a aproximação à UE e o terceiro, a aliança com a Rússia.
Os três partidos de oposição a Yanukovich que viraram parte do governo revolucionário também sofreram mudanças. O maior, chamado de Pátria, liderado pelos ex-primeiros-ministros Yatseniuk e Yulia Timochenko, é pró-Ocidente. Tem 86 deputados. A ADUR tem 41 deputados e a Svoboda, 35.
Porochenko, um bilionário conhecido como rei do chocolate, foi eleito em maio pelo partido Solidariedade, que não tem representação no Parlamento. As eleições parlamentares seriam assim uma oportunidade para fortalecer o poder do presidente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Ucrânia deve antecipar eleições parlamentares
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário