terça-feira, 22 de agosto de 2023

Hoje na História do Mundo: 22 de Agosto

 BATALHA DE BOSWORTH

    Em 1485, na última grande batalha da Guerra das Duas Rosas (1455-85), Henrique Tudor, Conde de Richmond, vence o rei yorkista Ricardo III, que morre no campo de Bosworth, e é coroado rei da Inglaterra como Henrique VII.

A Guerra das Duas Rosas é uma luta pelo poder travada na Inglaterra pelos descendentes do rei Eduardo III (1327-77), pelas dinastias de Lancaster (rosa vermelha) e de York (rosa branca), alimentada pelas ideias do Renascimento na Itália e pela violência herdada da Guerra dos Cem Anos (1337-1453).

A Dinastia de Lancaster ascende ao trono quando Henrique de Bolinbroke invade o país em 1399 e depõe Ricardo II (1377-99), sucessor de Eduardo III, tornando-se o rei Henrique IV (1399-1413), e continua sob Henrique V (1413-22) e Henrique VI (1422-61 e 1470-71).

A guerra começa no reinado de Henrique VI, um rei inseguro, manipulado pela mulher, Margaret de Anjou, a Loba da França. Isto leva parte da nobreza a conspirar para levar a Dinastia de York de volta ao trono. 

Em 1453, abalado por uma depressão, ele indica Ricardo, Duque de York, como sucessor. Quando se sente melhor, em 1455, retira todos os cargos de Ricardo de York, o que provoca o início do conflito. 

Os yorkistas vencem as forças reais na Primeira Batalha de Saint Albans, em 1455, e conquistam Londres em 4 de março de 1461, depois da Batalha de Mortimer's Cross. Derrubam Henrique VI, preso na Torre de Londres, e o substituem pelo primo Eduardo de York, o rei Eduardo IV. 

Em 30 de outubro de 1470, Henrique VI é libertado e reassume o trono, mas não por muito tempo. Com o apoio de Carlos I, de Borgonha, também conhecido como Carlos, o Audaz, ou Carlos, o Temerário, Eduardo IV recupera a coroa depois da Batalha de Tewkesbury, em 4 de maio de 1471, onde morre o príncipe de Gales, Eduardo de Westminster, deixando a Dinastia de Lancaster sem sucessor.

Eduardo IV reina em relativa paz até a morte, em 9 de abril de 1483. Seu filho Eduardo V, de 12 anos, reina por 78 dias até ser deposto pelo tio, Ricardo III, que era o Lorde Protetor dos dois principezinhos, Eduardo V e o irmão, Ricardo, desaparecidos e provavelmente mortos na Torre de Londres.

O desaparecimento dos principezinhos alimenta a revolta contra Ricardo III e a Dinastia de Lancaster apoia os Tudor contra ele. Em 1485, Henrique Tudor sai da Bretanha e invade a Inglaterra com 5 mil soldados. Mesmo tendo um exército duas vezes maior, os yorkistas perdem a Batalha de Bosworth. Ricardo III morre. Para acabar com a guerra, Henrique VII (1485-1509) se casa com Elizabeth de York.

É o fim da Idade Média na Inglaterra e o início da poderosa Dinastia Tudor, que governaria o país até 1603, com o próprio Henrique VII, Henrique VIII (1509-47), que rompe com a Igreja Católica e funda a Igreja da Inglaterra para se divorciar porque queria ter um filho homem para evitar novas guerras pelo trono, Eduardo VI (1547-53), Maria I (1553-58) e Elizabeth I (1558-1603), período em que começa a construção do Império Britânico.

Ao romper com o Vaticano e fundar a Igreja Anglicana, Henrique VIII divide o país entre católicos e protestantes, o que deflagra uma guerra entre suas filhas Maria I, católica, filha de Fernando II de Aragão e Isabel I, de Castela, os reis católicos da Espanha, e a Elizabeth I, protestante, filha de Ana Bolena, a segunda das seis mulheres de Henrique VIII.

A rivalidade entre Maria I e Elizabeth I gera os conflitos religiosos que causam a Guerra Civil Inglesa (1630-89). A guerra só termina com a Revolução Gloriosa (1688-89), que estabelece a supremacia do Parlamento. Entre outras coisas, a Declaração de Direitos proíbe o rei de aumentar impostos e declarar guerra sem o consentimento do Parlamento, e até mesmo de manter um exército permanente.

FUNDAÇÃO DA CRUZ VERMELHA

    Em 1864, na Suíça, 12 países adotam a Convenção de Genebra para Melhorar a Condição dos Feridos e Doentes de Exércitos no Campo de Batalha e criam a Cruz Vermelha Internacional.

A fundação da Cruz Vermelha é uma resposta à violência da Batalha de Solferino, um combate decisivo na Segunda Guerra da Independência da Itália, travada em 24 de junho de 1859, que termina com a vitória da França de imperador Napoleão III, aliado a um exército da Sardenha e do Piemonte, sobre a Áustria do imperador Francisco José I.

Cerca de 300 mil soldados lutaram na Batalha de Solferino, a maior desde a Batalha de Leipzig, de 16 a 19 de outubro de 1813, quando uma aliança da Aústria, Prússia, Rússia e Suécia vence o Grande Exército de Napoleão Bonaparte, a maior das guerras napoleônicas e da Europa antes da Primeira Guerra Mundial (1914-18). Cerca de 560 mil homens lutaram em Leipzig com 2,2 mil peças de artilharia que fizeram 133 mil disparos e deixaram 133 mil mortos e feridos.

Ao percorrer o campo de batalha em Solferino, no Reino da Lombardia e Veneza, hoje parte da Itália, e testemunhar o sofrimento dos feridos em combate, o suíço Jean-Henri Dunant escreve o livro Uma Memória de Solferino e inicia uma campanha para criar uma organização capaz de proteger as vítimas da guerra. 

As demais Convenções de Genebra são aprovadas em 1949, depois dos horrores da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

MICHAEL COLLINS ASSASSINADO

    Em 1922, o líder revolucionário Michael Collins, político do partido Sinn Féin e herói da independência da Irlanda do Reino Unido, é morto em emboscada no condado de Cork, no Oeste da Irlanda.

Collins nasce em 16 de outubro de 1890 em Woodfield, no condado de Cork, então parte do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda. Em 1906, ele vai para Londres, onde trabalha como funcionário do Banco de Poupança do Correio. Volta em janeiro de 1916 para a Irlanda e luta na Revolta da Páscoa, em abril do mesmo ano. É preso e libertado em dezembro.

Logo, ascende na hierarquia dos Voluntários Irlandeses e no Sinn Féin (Nós Mesmos). Em 1918, é eleito deputado pelo distrito de Cork Sul. Os deputados do Sinn Féin, que conquistam uma grande vitória nas eleições na Irlanda, formam em janeiro de 1919 um parlamento irlandês, o Primeiro Dáil e declaram a independência da Irlanda. 

Na primeira sessão, em 21 de janeiro, Primeiro Dáil proclama a independência e deflagra a Guerra Anglo-Irlandesa, a Guerra de Independência da Irlanda, que vai até 11 de julho de 1921. Collins é nomeado ministro das Finanças.

Durante a guerra, Collins é diretor de inteligência do Exército Republicano Irlandês (IRA), general adjunto dos Voluntários Irlandeses e o principal responsável pela estratégia de guerrilha. Depois do cessar-fogo, é um dos cinco enviados pelo presidente irlandês, Éamon de Valera para negociar a paz com o Reino Unido.

O tratado de paz, assinado em 6 de dezembro de 1921, cria o Estado Livre Irlandês em 26 dos 32 condados da Irlanda. Os outros seis, parte da província do Úlster, formam a Irlanda do Norte, que continua sendo parte do Reino Unido. Mas o acordo depende de um juramento de lealdade à coroa, o que desagrada aos revolucionários. 

Michael Collins considera uma concessão aceitável para garantir a independência e consegue obter a aprovação do parlamento irlandês em 7 de janeiro de 1922, pondo fim a oito séculos de dominação inglesa. Em 16 de janeiro, ele se torna chefe do governo provisório. Secretamente, apoia uma ofensiva do IRA na Irlanda do Norte.

Quando estoura a Guerra Civil Irlandesa, em 28 de junho de 1922, Collins é o líder do Exército Nacional. Em 22 de agosto, morre numa emboscada dos inimigos do tratado de paz.

LUTA CONTRA RACISMO NO ESPORTE

    Em 1950, a tenista Althea Gibson é a primeira pessoa de origem africana a ser aceita pela Associação de Tênis na Grama dos Estados Unidos para disputar o Torneio de Forest Hills, que no futuro evolui para Aberto dos EUA. É a primeira tenista negra a ganhar os torneios de Roland Garros, na França, em 1956, de Wimbledon, na Inglaterra, e de Forest Hills, em 1957.

Althea Gibson nasce no Condado de Clarendon, na Carolilna do Sul, em 25 de agosto de 1927. Seus pais são meeiros numa plantação de algodão. Podem cultivar uma pequena parte das terras de um fazendeiro em troca de trabalhar na colheita.

Com a Grande Depressão (1929-39), as fazendas do Sul são duramente atingidas. Em 1930, como parte da Grande Migração, a família se muda para o bairro negro do Harlem, em Nova York. Ela larga a escola aos 13 anos. Encara a dura vida das ruas com técnicas de boxe que aprende com o pai e joga basquete. Para escapar da violência do pai, passa algum tempo num educandário católico para crianças vítimas de abuso.

Em 1940, tem as primeiras aulas de tênis, mas a princípio não gosta do esporte: "Queria brigar com a outra jogadora todas as vezes que começava a perder uma partida." No ano seguinte, entra no seu primeiro torneio e ganha o Campeonato Estadual de Nova York da Associação Americana de Tênis. Em 1944 e 1945, vence os campeonatos nacionais para meninas. 

Em 1947, ganha o primeiro de 10 títulos nacionais para mulheres, mas só em 1950, aos 23 anos, é convidada para Forest Hills. No ano seguinte, ganha o primeiro torneio internacional, o Campeonato Caribenho, na Jamaica, e é a primeira pessoa negra a disputar o Campeonato de Wimbledon, onde nunca é admitida como sócia.

Ela ganha três dos quatro torneios do Grand Slam, conquista um total de cinco títulos de simples e cinco de duplas e quatro de vice-campeã dos torneios mais importantes do mundo. Com a brasileira Maria Esther Buenos como parceira, vence Wimbledon e é vice em Forest Hills em 1958. 

No mesmo ano, se torna profissional. Em 1964, aos 37 anos, é a primeira mulher negra aceita na Associação Profissional de Golfe para Mulheres. Mais tarde, é treinadora das irmãs Serena e Venus Williams.

SANDINISTAS TOMAM PALÁCIO NACIONAL

    Em 1978, durante a guerra contra a ditadura de Anastasio Somoza Debayle, um grupo de 26 guerrilheiros da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), toma o Palácio Nacional, em Manágua, sede da Assembleia Nacional da Nicarágua. Sob o comando de Edén Pastora, o Comandante Zero, faz cerca de mil reféns, inclusive 49 deputados, e exige a libertação de todos os presos políticos.

O movimento guerrilheiro é inspirado em Augusto César Sandino, o "general de homens livres", que resiste durante seis anos a uma intervenção militar dos Estados Unidos iniciada em 1912, dentro da Guerra das Bananas.

Os fuzileiros navais norte-americanos deixam o país em 1933. No ano seguinte, durante as negociações de paz, Anastasio Somoza García ordena o assassinato de Sandino, em 21 de fevereiro de 1934. Seus seguidores são fuzilados.

O ditador se torna oficialmente presidente da Nicarágua em 1º de janeiro de 1937. Governa até ser assassinado em 29 de setembro de 1956 pelo poeta Rigoberto López Pérez, numa ação de que participam Carlos Fonseca Amador e Tomás Borge Martínez, futuros comandantes da FSLN.. 

Somoza García é sucedido pelo filho Luis Somoza Debayle, ditador até a morte por ataque cardíaco em 13 de abril de 1967. Durante seu governo, permite que rebeldes cubanos apoiados pelos EUA usam o porto de Porto Cabeças para a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, em abril de 1961, derrotada por Fidel Castro.

A FSLN é fundada em 19 de julho de 1961, sob inspiração da Revolução Cubana, que toma o poder em Havana em 1º de janeiro de 1959, antes da posse de Anastasio Somoza Debayle, em 1º de maio de 1967.

Nos anos 1970, os sandinistas conquistam amplo apoio popular, de setores econômicos e da Igreja Católica e intensificam a atividade guerrilheira. O comandante Carlos Fonseca morre em 8 de novembro de 1976.

Um marco da Revolução Sandinista é a morte, em 10 de janeiro de 1978, do jornalista Pedro Joaquín Chamorro, visto como o principal líder da oposição capaz de assumir a Presidência da Nicarágua. A tomada espetacular do Palácio Nacional é outro momento-chave, com a libertação de presos políticos e a divulgação de manifestos.

Em março de 1979, a FSLN convoca uma greve geral e lança a ofensiva final. Somoza foge em 17 de julho e os sandinistas tomam Manágua em 19 de julho. O ditador foge para o Paraguai, onde é morto por um bazucaço em 17 de setembro de 1980.

Com a vitória da revolução, toma o poder uma junta de nove comandantes e Daniel Ortega se torna presidente até 25 de abril de 1990, depois de perder uma eleição para Violeta Chamorro, a mulher de Pedro Joaquín Chamorro, em 26 de fevereiro de 1990.

Ortega volta ao poder em 2007 com apoio do ex-presidente Arnoldo Alemán, um somozista, e governa até hoje, assumindo poderes ditatorias. Em 2018, esmaga uma revolta popular iniciada com protestos contra uma reforma da previdência, com total de mortes estimado entre 325 e 568.

Depois de prender os principais candidatos da oposição, Ortega, o novo Somoza, é reeleito em 2021. Em 9 de fevereiro de 2023, a ditadura liberta e expulsa 222 oposicionistas. Dentro de sua guerra contra a Igreja Católica, em 15 de agosto, fecha a Universidade Centro-Americana, uma instituição dos jesuítas, acusando-a de ser um antro de terroristas. 

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