sábado, 26 de agosto de 2023

Hoje na História do Mundo: 26 de Agosto

 BATALHA DE CRÉCY

    Em 1346, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), o exército do rei Eduardo III, da Inglaterra, aniquila as forças de Felipe VI, da França, na Batalha de Crécy ou Batalha da Normandia, o primeiro grande combate da guerra. É uma das primeiras em que os ingleses usam arcos de longo alcance e a primeira em que usam um pequeno canhão.


Eduardo III invade a Normandia em 12 de julho de 1346 com uma força de 14 mil homens e marcha em direção ao norte saqueando o interior da França. P
ara contra-atacar, Felipe VI mobiliza um exército de 12 mil homens, 8 mil cavaleiros armados e 4 mil arqueiros genoveses.

O exército inglês estaciona em Crécy à espera dos franceses, que chegam no dia 26 e tomam a iniciativa de atacar com seus arqueiros. Mas, do outro lado, há 10 mil arqueiros armados com grandes arcos com alcance muito maior.

Quando os cavaleiros armados franceses tentam avançar, são atingidos por uma chuva impiedosa de flechas. No início da noite, os franceses recuam depois de perder um terço de seus soldados, inclusive Carlos II de Alencon, irmão de Felipe VI, do rei João da Boêmia e de Luís II de Nevers, aliados do rei da França.

Os arqueiros ingleses seriam decisivos na Batalha de Aljubarrota, em 14 de agosto de 1385, uma das mais importantes da Idade Média, quando lutam ao lado das forças de Dom João I, rei de Portugal, contra o rei João I de Castela, fruto do Tratado Anglo-Português, de 1373, que cria a mais antiga aliança militar existente até hoje.

A aliança é consolidada pelo Tratado de Windsor, de 9 de maio de 1836, e o casamento de Dom João I, fundador de Dinastia de Avis, com Dona Filipa de Lancaster, filha de João de Gante e neta de Ricardo III da Inglaterra. 

Mãe do infante Dom Henrique, Dona Filipa é chamada de "divino ventre do império, madrinha de Portugal" pelo poeta Fernando Pessoa. Ela morre de peste bubônica em 19 de julho de 1415, seis dias antes da partida da expedição que toma Ceuta, no Marrocos, em 21 e 22 de agosto, marco inicial do Império Português, que acaba em 1999 com a devolução de Macau à China..

JOANA D'ARC SE APROXIMA DE PARIS

    Em 1429, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), na campanha para expulsar os ingleses da França, Joana d'Arc chega aos arredores de Paris, mas a ofensiva fracassa.

Joana d'Arc nasce em 1412 em Donrémy, no Nordeste da Franca, numa família camponesa e alega ter visões de São Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida que a inspiram a se unir ao exército de Carlos VI para livrar a França do domínio da Inglaterra. Vira uma heroína ao entrar em combate no Cerco de Orleans, de 12 de outubro de 1428 a 8 de maio de 1429, a primeira grande vitória francesa depois da derrota na Batalha de Agincourt, em 25 de outubro de 1415.

A França obtém outras vitórias, mas o Cerco de Paris, de 3 a 8 de setembro, fracassa. Em 23 de maio de 1430, Joana d'Arc é capturada pelas forças de João, Duque de Borgonha, aliado da Inglaterra. É julgada pelo bispo Pierre Cauchon, que faz acusações de cunho religioso e a condena à morte na fogueira como uma bruxa.

Na História dos Povos da Língua Inglesa, o primeiro-ministro britânico Winston Churchill considera um grande erro a execução na fogueira, em Ruan, em 30 de maio de 1341, que a transforma em mártir. Em 1456, um Tribunal da Inquisição autorizado pelo papa Calisto III a proclama inocente e mártir da Igreja.

Depois da Reforma Protestante, no século 16, Joana d'Arc vira um símbolo da Igreja Católica. Por decisão de Napoleão Bonaparte, em 1803, torna-se um símbolo nacional de França. É beatificada em 1909 e declarada Santa Joana d'Arc em 1920. Hoje é a heroína cultuada pela extrema direita francesa.

REBELIÃO DO UÍSQUE 

    Em 1794, o presidente George Washington escreve ao governador da Virgínia, Henry Lee, um ex-general, para avisar que vai enfrentar a Rebelião do Uísque (1791-94), o primeiro desafio ao governo federal dos Estados Unidos, por temer que “abale os alicerces” da República.

A Rebelião do Uísque é fruto do descontentamento dos produtores de grãos com os impostos federais cobrados sobre bebidas destiladas. Quando os ruralistas ameaçam fisicamente os coletores de impostos federais, o governo apela à Justiça.

Em agosto de 1974, 6 mil rebeldes se reunem num campo perto de Pittsburgh, na Pensilvânia, com guilhotinas falsas e desafiam o governo a dispersá-los. No dia 7, Washington encarrega o secretário do Tesouro, Alexander Hamilton, seu ajudante de ordens na Guerra da Independência dos EUA (1775-83), de organizar uma força para subjugar os insurgentes.

Aos 62 anos, Washington monta num cavalo à frente de uma tropa de 13 mil homens, tornando-se o único presidente dos EUA a comandar uma força militar no campo de batalha, em 30 de setembro de 1794. Logo, cede o comando a Hamilton.

Diante das tropas federais, os rebeldes se dispersam. Não há derramamento de sangue. Ao prestar contas ao Congresso, Washington admite que reprimir a revolta foi uma decisão angustiante. Ele declara ser a favor do direito do cidadão de protestar contra impostos que considere injustos, uma das causas da Guerra da Independência, mas teme pela jovem democracia.

A revolta revela uma divisão em Washington entre defensores dos direitos dos agricultores, como os futuros presidentes Thomas Jefferson e James Madison, e defensores dos interesses urbanos e industriais, como Hamilton e John Adams.

VOTO FEMININO

    Em 1920, com a ratificação por 75% dos estados, a Emenda nº 19 é incorporada à Constituição dos Estados Unidos dando o direito de voto às mulheres depois de 70 anos de luta do movimento das sufragistas.

O texto é simples e direto: "O direito de voto dos cidadãos dos Estados Unidos não será negado ou cercado em nenhum Estado em razão do sexo. O Congresso terá competência para, mediante legislação adequada, executar este artigo." 

As mulheres passam a votar e exercer cargos públicos, mas vários estados aprovam leis discriminatórias. As mulheres negras só conquistam definitivamente este direito com a aprovação da Lei do Direito de Voto, sancionada pelo presidente Lyndon Johnson em 6 de agosto 1965.

PAPA SORRISO

    Em 1978, o conclave do Sacro Colégio Cardinalício elege em terceira votação o cardeal Albino Luciani como novo papa. Ele é o primeiro chefe da Igreja Católica a adotar um nome duplo, João Paulo I, em homenagem a seus antecessores, João XXIII e Paulo VI. Mas seu papado dura apenas 33 dias e termina com uma morte suspeita, em 28 de setembro.

Luciani nasce em Forno di Canale, no Norte da Itália, em 17 de outubro de 1912. O pai, Giovanni, socialista, é obrigado a procurar emprego fora da Itália durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18). Decide entrar para a Igreja aos 10 anos, quando um frade vai a sua aldeia na Quaresma pregar sermões.

O pai concorda e aconselha: "Espero que quando sacerdote estejas ao lado dos trabalhadores, porque o próprio Cristo estaria." Ele é ordenado padre em 7 de julho de 1935 e vira pároco de sua cidade natal antes de tornar, em 1937, professor e vice-reitor do seminário de Belluno. Em 1941, começa o Doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana.

Luciani é nomeado bispo por João XXIII e participa do Concílio Vaticano II (1962-65), que moderniza a Igreja Católica, permite que a missa seja rezada nas línguas nacionais, e não apenas em latim, aceita a liberdade religiosa e o ecumenismo, com tolerância aos não cristãos. Estas reformas levaram ao desenvolvimento, na América Latina, da Teologia da Libertação, da opção preferencial pelos pobres

É Patriarca de Veneza quando é eleito papa vencendo o ultraconservador Giuseppe Siri, considerado favorito, por 99 a 11. É o primeiro papa que recusa uma cerimônia formal de coroação.

Numa premonição da morte, teria dito: "Alguém mais forte do que eu e que merecia estar neste lugar estava sentado na minha frente durante o conclave." Era o cardeal polonês Karol Woytila, arcebispo de Varsóvia, que seria o papa João Paulo II. "Ele virá porque eu me vou."

João Paulo II, um conservador, é um personagem importante na luta contra o comunismo na Europa Oriental no fim da Guerra. Quando criticado pela Santa Sé, o ditador soviético Josef Stalin desprezou o poder da Igreja com a frase: "Quantas divisões tem o Vaticano?" Mas, ao ver a multidão que recebe João Paulo II na Polônia, o presidente norte-americano Ronald Reagan vê um aliado.

Na noite de 27 de setembro de 1978, João Paulo I sente fortes dores no peito, mas não chama o médico. Na manhã seguinte, está morto por um ataque cardíaco. Como era filho de socialista, tinha dito "onde está Lenin também está Jerusalém" e não houve autópsia, surgem teorias conspiratórias sobre sua morte.

No livro Em Nome de Deus, de 1984, o jornalista britânico David Yallop afirma que é morto por estar prestes a descobrir escândalos financeiros que realmente houve no Instituto de Obras Religiosas, o banco do Vaticano, chefiado pelo arcebispo norte-americano Paul Marcinkus. Outro envolvido no escândalo é Roberto Calvi, diretor do Banco Ambrosiano, é encontrado enforcado numa ponte de Londres. Também é suspeito Licio Gelli, da loja maçônica P2.

Quando investiga a morte do papa , Yallop é alvo de um atentado a bomba que mata seu motorista e lhe tira o paladar. Em 1987, outro jornalista britânico, John Cornwell, supostamente ligado à Cúria Romana, refuta esta tese no livro Um Ladrão na Noite

Quarenta anos depois da morte, em suas memórias, o mafioso italiano Antoni Raimondi, sobrinho de Lucky Luciano, afirma que matou o Papa Breve. Teria ficado na porta do quarto do papa enquanto Marcinkus aplicava o veneno. O papa Francisco beatifica João Paulo em 4 de setembro de 2022. A verdade só Deus sabe, se é que existe.

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