quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Hoje na História do Mundo: 30 de Agosto

 WASHINGTON REJEITA RECONCILIAÇÃO

    Em 1776, o comandante do Exército Continental, George Washington, recusa uma segunda proposta de reconciliação com o Império Britânico enviada através de carta do general William Howe.

Howe desembarca em Long Island com uma força superior à dos rebeldes americanos e conquista uma grande vitória na Batalha de Brooklyn Heights, em 27 de agosto. Entre outras razões, Washington rejeita a proposta porque a carta não o chamava de general. 

As negociações são retomadas em 11 de setembro por Benjamin Franklin e John Adams. São rompidas quando os britânicos se negam a aceitar a independência dos EUA. Os rebeldes tomam Nova York em 15 de setembro e mantêm o controle sobre a cidade até o fim da Guerra da Independência (1775-83).

PRIMEIRA REVOLTA DE ESCRAVOS

    Em 1800, um escravo chamado Gabriel mobiliza mil homens nos arredores de Richmond, na Virgínia, na primeira grande rebelião de escravos nos Estados Unidos.

Seis dias antes, o escravo Ben Woolfolk se encontra com outros escravos na Ponte Littlepage para recrutar aliados para a revolta. O líder é Gabriel, um escravo de Henry Thomas Prosser. O plano é marchar até Richmond, capturar o governador James Monroe e outros líderes brancos e forçá-los a aceitar a igualdade política, econômica e social.

Fortes chuvas adiam o início da rebelião. Dois escravos, Tom e Pharoak, denunciam a conspiração a Mosby Sheppard, que avisa o governador. Monroe convoca uma milícia que prende muitos rebeldes. Vários julgamentos levam à execução de Gabriel e pelo menos outros 25 escravos.

LENIN BALEADO

    Em 1918, durante um comício numa fábrica em Moscou, Fanya Kaplan, do Partido Social Revolucionário, atira três vezes no líder comunista Vladimir Illitch Ulianov (Lenin), que é ferido gravemente por duas balas, mas sobrevive.

Lenin nasce em Ulianovsk em 22 de abril de 1870. Filho de uma família da classe média, vira revolucionário após a execução do irmão mais velho, Alexander Ulianov, em 8 de maio de 1887, sob a acusação de participar de uma conspiração do grupo Vontade Popular para assassinar o czar Alexandre III.

Expulso da Universidade Imperial de Kazan por participar de protestos contra o regime czarista, em 1893, entra para o Partido Operário Social-Democrata Russo. Preso por sedição em 1897, Lenin é condenado a três anos de exílio interno em Shushenskoye, onde se casa na igreja com Nádia Krupskaya em 10 de julho de 1898.

Depois do exílio, vai em julho de 1900 para a Suíça, onde se torna um teórico marxista. Adota o pseudônimo de Lenin em dezembro de 1901. No ano seguinte, lança o panfleto Que Fazer?, em que defende a necessidade de criar um partido de vanguarda para fazer a revolução proletária. Em abril de 1902, foge para Londres, onde conhece Leon Trotsky, o outro grande líder da Revolução Comunista.

Em 1903, com uma divisão no partido, passa a liderar a facção bolchevique (maioria), a mais radical do partido, em oposição aos mencheviques, mais moderados, liderados por Julius Martov, embora na verdade os bolcheviques fossem minoria. 

Martov defende o direito dos militantes de se expressar contra a direção do partido, enquanto Lenin é a favor de uma liderança forte, com controle total sobre a base. É o princípio do centralismo democrático, que ajuda no futuro a ascensão de Josef Stalin. Uma vez tomada uma decisão, a discussão acaba e todos os membros do partidos são obrigados a segui-la.

Com a derrota da Rússia para o Japão na Guerra do Pacífico (1904-5), 1,5 milhão de manifestantes marcham pacificamente até o palácio imperial em São Petersburgo para exigir reformas como o voto direto. São rechaçados a bala. Pelo menos 930 pessoas são mortas, 4 mil de acordo com os rebeldes.

O Domingo Sangrento, 22 de janeiro de 1905, deflagra a Revolução de 1905, a primeira grande revolta popular contra o czar Nicolau II, o Sanguinário. Mais de 2 milhões de operários entram em guerra. Durante a revolução, são organizados conselhos operários, os sovietes. Trotsky volta do exílio e lidera o Soviete de São Petersburgo. Lenin também regressa.

Nicolau II cede. No Manifesto de Outubro, autoriza o funcionamento de partidos políticos e cria um parlamento, a Duma. Com o fim da guerra contra o Japão, as tropas voltam e reprimem violentamente o movimento. Muitos rebeldes são presos ou exilados. Os sovietes são declarados ilegais. A maior parte das reformas é abandonada, mas a Duma sobrevive.

Lenin vai para o Grão-Ducado da Finlândia, parte do império czarista. Quando o czar dissolve a Segunda Duma e manda a Okrana, a polícia política, prender os revolucionários, foge para a Suíça. Os bolcheviques mudam a sede da facção para Paris. Lenin se muda para lá em dezembro de 1908, mas não gosta da capital francesa, que descreve como "um buraco sujo".

Quando estoura a Primeira Guerra Mundial (1914-18), em 28 de julho de 1914, Lenin está em Cracóvia, na Galícia, uma região polonesa do Império Austro-Húngaro, inimigo da Rússia. É preso e solto por ser anticzarista. Vai então para a Suíça, onde faz campanha em 1916 para que os socialistas repudiem a "guerra imperialista" e a transformem numa "guerra civil" continental dos trabalhadores contra a aristocracia e a a burguesia.

Em 1917, lança sua grande obra sobre relações internacionais, Imperialismo: última etapa do capitalismo, em que defende a tese do elo mais fraco. O sistema capitalista não se romperia nos países mais industrializados como a França, como previa Karl Marx, mas na parte mais fraca, para justificar a revolução na Rússia, um país de industrialização tardia.

Com a queda do czarismo na Revolução de Fevereiro (março pelo calendário atual), Lenin recebe autorização da Alemanha para cruzar seu território e voltar à Rússia, o que o leva a ser acusado de ser agente alemão porque os comunistas assinam a Paz de Brest-Litovsk, em 3 de março de 1918, depois da Revolução Bolchevique.

Ao chegar à Estação Finlândia de Petrogrado, rebatizada porque São Petersburgo é um nome de origem alemã, repudia o governo provisório e defende uma revolução proletária continental. Em seguida, lança as Teses de Abril, com três palavras-chaves: paz, terra e pão. Paz para acabar com "a guerra burguesa do capitalismo", reforma agrária e alimentos para todos.

Os preparativos finais da Revolução Comunista são realizados no Instituto Smolny, sede do Comitê Militar Revolucionário, onde estudei. Na madrugada de 25 de outubro de 1917 (7 de novembro pelo calendário atual), os bolcheviques invadem o Palácio de Inverno, derrubam o governo provisório de Alexander Kerensky e tomam o poder. 

No dia seguinte à tomada do poder, Lenin se torna presidente do Conselho dos Comissários do Povo da República Socialista Federativa Soviética da Rússia. Em janeiro de 1918, Lenin dissolve a Assembleia Constituinte, onde os bolcheviques não têm maioria. 

Em março, Lenin expulsa os mencheviques, muda o nome do partido para Partido Comunista. No ano seguinte, funda a Terceira Internacional, a Internacional Comunista (Comintern), para promover uma revolução mundial.

Com a proibição dos outros partidos políticos e a dissolução da Constituinte, Fanya Kaplan considera Lenin um traidor da revolução. Na saída de um comício do líder comunista na fábrica de armas Foice e Martelo, ela dispara três tiros e acerta dois. Presa, é executada em 3 de setembro de 1918 pela Cheka (Comissão Extraordinária de Todas as Rússias), a polícia política do novo regime.

A tentativa de assassinato deflagra uma onda de retaliações dos bolcheviques contra os sociais-revolucionários e outros partidos, aprofundando a guerra civil que acontece depois das revoluções de 1917.

Com a fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 30 de dezembro de 1922, Lenin se torna presidente do Comissariado do Povo da URSS, cargo que ocupa até a morte, em 21 de janeiro de 1924.

PRIMEIRO JUIZ NEGRO NA SUPREMA CORTE

    Em 1967, Thurgood Marshall é confirmado como o primeiro juiz negro do supremo tribunal dos Estados Unidos.


Marshall nasce em 2 de julho de 1908 em Baltimore, no estado de Maryland. Sob influência do pai, estuda direito na Universidade Lincoln e na Faculdade de Direito da Universidade Howard, em Washington, a primeira a admitir negros.

Como advogado, se especializa em defender causas envolvendo a questão racial. Torna-se conhecido como Sr. Direitos Humanos em tribunais federais e na Suprema Corte durante o movimento pelos direitos civis dos negros. No caso mais famoso, Brown versus Board of Education, a Suprema Corte acaba com a segregação racial nas escolas, em 1955.

Em 1961, o presidente John Kennedy o nomeia juiz do Tribunal Federal de Recursos da Segunda Região, que inclui os estados de Nova York, Connecticut e Vermont. Depois da morte de Kennedy, o presidente Lyndon Johnson o nomeia advogado-geral da União, em 1965.

Thurgood Marshall chega à Suprema Corte com um longo histórico de luta pelos direitos dos negros. Durante 24 anos, até se aposentar por motivos de saúde, ampliado o legado de luta pelos direitos civis.

HO CHI MINH RESPONDE A NIXON

    Em 1969, chega a Paris, onde se realizam as negociações de paz sobre a Guerra do Vietnã (1955-75), uma carta do líder comunista Ho Chi Minh ao presidente Richard Nixon acusando os Estados Unidos de travar uma "guerra de agressão" contra o Vietnã do Norte "violando nossos direitos nacionais". 


Ho nasce em Kiem Lan em 19 de maio de 1890 com o nome de Nguyen Sinh Cung. Depois de viver em Londres, começa a se interessar em política quando mora na França, de 1919 a 1923, e é influenciado por ideias socialistas. Torna-se político, escritor, poeta, revolucionário e líder da luta pela independência do Vietnã.

De Paris, vai para Moscou, onde trabalha na Internacional Comunista (Comintern). Em novembro de 1924, se muda para Cantão, na China. Aos 36 anos, se casa no mesmo lugar onde Chu Enlai casara, com uma chinesa de 21 anos, Zeng Xueming, porque "preciso de uma mulher que me ensine a língua e cuide da casa".

Quando o líder nacionalista chinês Chiang Kai-shek dá um golpe e começa a perseguir os comunistas, em 1927, Ho volta a Moscou e vai para a Crimeia, onde se cura de uma tuberculose antes de voltar a Paris. Passa pela Bélgica, Alemanha, Suíça e Itália antes de ir para Bangkok, na Tailândia, como agente do Comintern no Sudeste Asiático, em julho de 1928.

No fim de 1929, vai para a Índia e da lá para Xangai, na China, e Hong Kong, onde funda, em 1930, o Partido Comunista do Vietnã e o Partido Comunista da Indochina. Preso em Hong Kong em junho de 1931, escapa de ser deportado para a Indochina Francesa com um advogado de defesa britânico, Frank Loseby.

Libertado, vai para Xangai e volta à União Soviética, onde estuda e leciona no Instituto Lenin. Sob a acusação de ter "tendências nacionalistas", é afastado da liderança do partido durante o Grande Expurso Stalinista (1936-38).

Em 1938, volta à China como assessor militar do Exército Vermelho Chinês. Vai para o Vietnã em 1941 para liderar o movimento de libertação nacional. Com a ocupação japonesa, conduz uma guerra de guerrilhas contra o governo colaboracionista francês de Vichy e o Império do Japão.

Depois da ocupação da França, a potência colonial, pela Alemanha Nazista, em junho de 1940, ele funda na China em 1941 o Viet Minh, a Liga pela Independência do Vietnã, para se contrapor também à invasão japonesa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

No fim da guerra, em 2 de setembro de 1945, quando o Japão assina a rendição, proclama a independência do Vietnã. A França não aceita. Em 19 de dezembro de 1946, começa a Primeira Guerra da Indochina, que vai até 1º de agosto de 1954, depois da vitória vietnamita na Batalha de Bien Dien Phu.

Os Acordos de Paz de Genebra dividem o país em Vietnã do Norte, comunista, e o Vietnã do Sul, anticomunista, em 1954. As eleições de 1955 devem reunificar o país. Quando os Estados Unidos percebem que os comunistas venceriam, em plena Guerra Fria, suspendem as eleições.

Em 1º de novembro de 1955, começa a Segunda Guerra da Indochina ou Guerra do Vietnã (1955-75). O governo Dwight Eisenhower (1953-61) envia os primeiros assessores militares norte-americanos. No fim do governo John Kennedy (1961-63), há mais de 2,8 mil assessores, alguns participando de combates.

A intervenção militar dos EUA começa oficialmente depois do Incidente do Golfo de Tonquim, em 2 de agosto de 1964, forjado pelo governo Lyndon Johnson (1963-69) para obter a aprovação do Congresso para declarar guerra ao Vietnã do Norte.

No auge da intervenção, os EUA têm mais de 500 mil soldados no Vietnã. O fracasso na luta contra o Vietcongue, os guerrilheiros comunistas em ação no Vietnã do Sul, e a rejeição à guerra pela opinião pública levam o presidente Richard Nixon (1969-74) a acelerar as negociações de paz iniciadas em 1968. 

Na carta, Ho Chi Minh alerta que "quanto mais longa for a guerra maiores serão o ônus e os pesares para o povo norte-americano" e defende o plano de paz de 10 pontos da Frente de Libertação Nacional. Exige o "fim da guerra de agressão e a retirada das forças norte-americanas”.

Com o acordo paz, assinado em 27 de janeiro de 1973, os EUA retiram suas tropas de combate da guerra, que termina em 30 de abril de 1975 com uma fuga espetacular dos norte-americanos da embaixada em Saigon, hoje Cidade de Ho Chi Minh, quando os tanques norte-vietnamitas tomavam a capital do Vietnã do Sul para reunificar o país.

Mais de 58 mil norte-americanos e cerca de 2 milhões de vietnamitas morrem na Guerra do Vietnã.

PRIMEIRO ASTRONAUTA NEGRO

    Em 1983, Guion Bluford Jr. se torna o primeiro astronauta de origem africana ao participar de uma missão do ônibus espacial Challenger.

Bluford Jr. nasce na Filadélfia em 22 de novembro de 1942 e se forma em engenharia aeroespacial na Universidade Estadual da Pensilvânia. Ele entra para a Força Aérea e se torna piloto em janeiro de 1966. Faz parte de mais três missões no espaço, todas do ônibus espacial Discovery, em 1985, 1991 e 1992. Ao todo, fica 28 dias no espaço. 

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