A esquerdista Luisa González, do movimento correísta Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente Rafael Correa (2007-17), e o empresário Daniel Noboa, da Aliança Democrática Nacional (ADN), devem disputar o segundo turno da eleição presidencial extraordinária no Equador em 15 de outubro.
Com 74% das urnas apuradas, González lidera com 33,17% dos votos contra 24,12% para Noboa, a grande surpresa desta eleição. Em terceiro lugar, com 16,33%, está Christian Zurita, do Movimento Constrói. Ele substituiu o ex-deputado Fernando Villavicencio, assassinado em 9 de agosto por máfias do tráfico de drogas. Logo atrás, vem o ex-militar e empresário Jan Topic, com 14,6%.
Daniel Noboa, de 35 anos, filho do magnata Álvaro Noboa, que disputou a Presidência do Equador cinco vezes sem sucesso, não estava no segundo turno em nenhuma pesquisa. Seu sucesso é atribuído ao desempenho no único debate, realizado em 13 de agosto
Desde já, Noboa é o favorito como candidato anticorreísta. Assim, deve receber o apoio do partido de Villavicencio, que combatia o narcotráfico e a corrupção de Correa, que vive no México depois de ser condenado em escândalo envolvendo a construtora brasileira Odebrecht, e também de Topic.
Luisa González, de 45 anos, agradeceu ao eleitorado feminino, destacou que é a primeira mulher a receber uma grande votação em eleição presidencial no Equador, pediu a união dos equatorianos e atacou Noboa como candidato da elite econômica: "Temos de votar bem. Não podemos ter um Lasso 2.0."
Quem vencer vai governar por apenas um ano e meio, até maio de 2025 para completar o mandato do presidente Guillermo Lasso (2021-23), que dissolveu a Assembleia Nacional e encurtou seu próprio governo, em 17 de maio, ao apelar para um dispositivo constitucional conhecido como "morte cruzada" para escapar de um processo de impeachment.
O Equador foi às urnas em meio a uma crise econômica e onda de violência, com extorsões, sequestros e assassinatos cometidos principalmente por gangues do tráfico de drogas. A morte de Villavicencio é atribuída a um grupo chamado Los Choneros, braço equatoriano do Cartel de Sinaloa, o maior do México.
Nos últimos cinco anos, a taxa de homicídios cresceu de 5,8 para 25,9 para cada 100 mil habitantes. Em 2023, deve ser ainda maior. Já foram registrados 4,3 mil assassinatos, mais do que no ano passado.
Assim, o maior desafio do novo governo é combater a violência. Na campanha, o candidato Jan Topic, da Aliança País sem Medio, defendeu a adoção dos métodos do presidente de El Salvador, Nayib Bukele, acusado de violar os direitos humanos na luta contra as gangues que assolavam o país.
Em plebiscito realizado junto com a eleição, 59% dos equatorianos votaram contra a exploração de petróleo no parque nacional de Yasuní, na região amazônica do país.
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