Três altos funcionários ligados ao ministro do Planejamento, Julio De Vido, viajavam no avião particular que chegou sábado passado na Argentina levando um empresário venezuelano com US$ 790 mil não-declarados, na véspera da chegada a Buenos Aires do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, revelou ontem a Justiça argentina. O governo escondeu a notícia durante quatro dias.
Claudio Uberti, que dirige o órgão do governo argentino encarregado das concessões para explorar rodovias, tem uma relação pessoal com Chávez e foi cotado para embaixador na Venzuela; Victoria Bereziuk trabalha para a mesma agência; e Exequiel Espinosa é presidente de Enarsa, a empresa estatal de petróleo, que pagou o aluguel do avião.
A promotora María Luz Rivas Diez, que investiga o caso, revelou a identidade empresário venezuelano: é Guido Alejandro Antonini Wilson, de 46 años, com negócios en Miami, onde mora.
O presidente argentino, Néstor Kirchner, acossado por outros escândalos de corrupção, botou a culpa no venezuelano. Mas é outro golpe no governo, a dois meses da eleição presidencial.
Esta versão é desmentida pelo industrial portenho Juan Ricardo Mussa, ex-candidato pelo Partido Justicialista (peronista), que disse ter sabido da apreensão dos dólares em conversa informal com os funcionários da alfândega do Aeroparque Jorge Newbery, o aeroporto que fica dentro da cidade de Buenos Aires e é mais usado por jatinhos executivos.
"Os funcionários venezuelanos e argentinos pressionaram os agentes aduaneiros: ameaçaram-nos de punição e exonaração, mas mesmo assim eles abriram a maleta", contou o empresário ao jornal argentino La Nación.
Kirchner optou por não concorrer à reeleição. Lançou como candidata sua mulher, a senadora Cristina Fernández de Kirchner, menos chamuscada pelos escândalos de corrupção e pela crise energética provocada pelo congelamento das tarifas e o frio excepcional deste inverno no Hemisfério Sul, quando nevou em Buenos Aires, o que não acontecia há 89 anos.
Já o presidente Hugo Chávez afirmou apenas que trata-se de "mais uma armação do império", colocando, como de costume, a culpa nos Estados Unidos.
Para a candidata esquerdista mais cotada para a eleição presidencial de outubro, Elisa Carrió, "é a prova da corrupção deste governo".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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