Muito antes de baixar sua taxa de redesconto em meio à crise nos mercados financeiros, o Federal Reserve Board, banco central dos Estados Unidos, temia que a volatilidade o obrigasse a intervir. A revelação das minutas do Fed, nesta terça-feira, provocou novas quedas fortes nas bolsas de valores.
O Índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova Iorque, caiu 280,28 pontos (-2,1%), para 13.041,85; o S&P 500, 34,33 (-2,35%) para 1.432,36; e o Nasdaq Composite, 60,61 (-2,37%), para 2,500,64. A Bolsa de São Paulo caiu 2,7%.
Nas minutas da reunião de 7 de agosto do Comitê de Mercado Aberto do Fed, seus membros admitem a possibilidade de "uma deterioração ainda maior nas condições financeiras" capaz de exigir "uma resposta política", se a crise financeira afetasse o crescimento da economia americana. Os diretores do Fed reconheciam que a recessão no mercado imobiliário representava "um risco significativo de queda na perspectiva de atividade econômica".
Naquela reunião, o Fed manteve a taxa básica de juros, a taxa de fundos federais, seu nome oficial, inalterada em 5,25% ao ano pelo nono mês consecutivo, insistindo em que sua maior preocupação era com a inflação.
Dez dias depois, diante da ameaça de uma crise de liquidez, o Fed baixou sua taxa de redesconto, a que cobra dos bancos para empréstimos diretos, de 6,25% para 5,75%, citando como justificativa um aumento "apreciável" dos riscos, sem mencionar a inflação.
Pelas minutas de 7 de agosto, os diretores do Fed esperavam um crescimento moderado com ganhos de emprego e renda que garantiriam um aumento no consumo, apesar da crise no setor habitacional.
Os últimos números não são animadores. Além do aumento do estoque de casas a venda, o índice de confiança do consumidor calculado pelo Conference Board, uma instituição privada, caiu de 111,9 para 105. É o nível de confiança mais baixo desde agosto de 2006 e a maior queda diária desde o furacão Katrina, em setembro de 2005.
Outro relatório indica que os preços dos imóveis residenciais nos EUA sofreram seu maior declínio nos 20 anos de existência do Índice Case-Shiller, da Standard & Poor's. No país como um todo, o preço médio das residências caiu 3,2% no segundo semestre deste ano em comparação com o ano passado.
O mercado agora aposta num corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião do Fed, em 18 de setembro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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