Os principais líderes curdos, sunitas e xiitas do Iraque anunciaram neste domingo um acordo sobre leis consideradas essenciais para a reconciliação nacional do Iraque, enquanto o primeiro-ministro Nuri al-Maliki acusava altos funcionários dos Estados Unidos e da França que pediram sua demissão.
A Força Aérea dos EUA atacou alvos por todo o Iraque hoje. Em Bássora, no Sul do Iraque, milicianos xiitas ocuparam temporariamente um posto de controle que estava sob controle britânico e foi entregue aos iraquianos. Dezenas de milhares de xiitas começaram sua peregrinação anual à cidade sagrada de Carbalá, apesar do risco de violência.
Numa rara demonstração de unidade, o xiita Maliki, acusado de querer acertas contas do passado em vez de pensar no futuro do Iraque, apareceu na televisão ao lado do presidente Jalal Talabani, que é curdo; do vice-presidente Tarek al-Hachemi, sunita; do vice-presidente Adel Abdul Mehdi, xiita; e Massoud Barzani, presidente da semi-autônoma região do Curdistão.
Entre os acordos, há novas regras sobre a desbaathificação do país, permitindo que antigos membros do Partido Baath, do ditador executado Saddam Hussein, sejam militares ou funcionários públicos civis.
Maliki protestou contra os senadores democratas americanos Hillary Clinton e Carl Levin, e o ministro do Exterior francês, Bernard Kouchner, que pediram seu afastamento.
Numa democracia, afirmou o primeiro-ministro, só cabe aos iraquianos decidir quem vai governar o Iraque: "Hillary Clinton e Carl Levin são democratas. Devem respeitar a democracia. Falam do Iraque como se fosse sua propriedade."
Em seguida, Maliki criticou Kouchner: "Recebi recentemente o chanceler francês. Estávamos satisfeiros com ele. Esperávamos estar começando uma nova era, porque a França apoiava o antigo regime. De repente, somos surpreendidos com uma declaração do ministro que nada tem de diplomática, quando pede a troca do governo".
Kouchner disse em entrevista à revista americana Newsweek que "muita gente acredita que o primeiro-ministro deve ser mudado. Mas não sei se isto vai acontecer porque parece que o presidente Bush é muito ligado ao Maliki. Mas o governo não está funcionando".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário