sábado, 11 de agosto de 2007

Maleta de dólares divide Kirchner e Chávez

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, negou-se a dar as explicações exigidas pelo seu colega argentino, Néstor Kirchner, a respeito de uma maleta com US$ 790 mil apreendidos no Aeroparque Jorge Newberry, em Buenos Aires, na semana passada, depois que um empresário venezuelano tentou entrar na Argentina sem declará-los.

"Chegue para lá vovê com suas percepções", retrucou Chávez rispidamente, o que sugere que o dinheiro seria distribuído entre simpatizantes do chavismo interessados em difundir sua "revolução bolivarista" na Argentina.

Sob pressão dos jornalistas, Chávez reagiu assim: "Não sei por que tanto empenho em dar a esse episódio uma dimensão que não tem".

Funcionários e seguranças do caudilho venezuelano foram agressivos com repórteres argentino que insistiram no assunto: "Não há nada a declarar", protestou o chanceler chavista, Nicolás Maduro. "Dediquem-se a temas mais importantes, como o energético".

Mas o clima de tensão era evidente ontem em Tarija, na Bolívia, onde os presidentes da Argentina, da Venezuela e da Bolívia, Evo Morales, fizeram acordos sobre energia.

O ministro do Planejamento da Argentina, Julio De Vido, a quem estava subordinado Claudio Uberti, o alto funcionário argentino que estava no avião e que foi demitido do cargo de chefe da agência que negocia concessões de rodovias, negou conhecer o empresário venezuelano radicado em Miami que levava os dólares. Uberti é amigo pessoal de Chávez, com quem negociou questões energéticas e a venda de bônus da dívida argentina à Venezuela. De Vido tentou indicá-lo embaixador em Caracas.

"São eles que têm de dizer", alegou De Vido. "Nós sabemos o que diz o comunicado da Enarsa [estatal de petróleo argentina que fretou o avião]: que tomou o avião e que ignorávamos quem ele era".

Como Guido Alejandro Antonini Wilson, o homem da maleta, acompanhava o filho do presidente da estatal Petróleos de Venezuela S, A. (PdVSA), os repórteres insistiram. Mais uma vez, De Vido esquivou-se: "Esperemos para ver o que eles têm a dizer".

A lua-de-mel entre Chávez e Kirchner acabou. Melhor para o Brasil, que assistia à formação de um eixo Argentina-Venezuela capaz de diminuir o peso político relativo do Brasil dentro do Mercosul.

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