Minha explicação favorita para a atual crise nos mercados financeiros internacionais é do economista Stephen Roach, diretor executivo do banco de investimentos americano Morgan Stanley: o Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos Estados Unidos, criou uma bolha especulativa ao manter a taxa básica de juros a 1% ao ano.
Com essa taxa, adotada pelo Fed, sob a presidência de Alan Greenspan, depois do estouro da bolha das empresas da Internet e dos atentados terroristas de 11 setembro e mantida por tempo demais, na opinião de Roach, inevitavelmente o banco central americano criou uma bolha.
A 1% ao ano, o Fed praticamente deu dinheiro aos bancos, que fizeram o que os bancos fazem: emprestaram o dinheiro. Primeiro, atenderam aos tomadores de primeira linha. Como sobrava dinheiro, em seguida, passaram a emprestar a tomadores de segunda linha, que não tinham um histórico de crédito positivo e que portanto tinham maior probabilidade de não pagar. Quando os juros subiram, as prestações com juros variáveis como costumam ser as da casa própria também aumentaram, dificultando ainda mais o pagamento.
Isso gerou uma grande inadimplência que levou à recessão o mercado habitacional nos EUA. Inicialmente, a expectativa é que fosse algo isolado. A especulação imobiliária seria um fenômeno urbano e das grandes cidades, que não afetaria nem a maioria dos americanos, muito menos a economia mundial.
Mas, no mundo globalizado, o maior banco da França foi abalado pela crise do crédito hipotecário nos EUA. A dúvida é sempre qual o tamanho do rombo. Por um lado, se os bancos centrais centenas de bilhões de dólares para garantir a liquidez, a crise é séria; do outro, os bancos centrais estão aí para apagar o incêndio, o que pode estimular ainda mais o comportamento de risco.
Sem saber o que fazer, ou para onde correr, o mercado vive oscilações ferozes, temendo que a situação seja ainda pior e que estejam todos vendo apenas o topo do iccebo
A tese inicial, no entanto, é que o Fed criou a bolha ao manter a taxa básica de juros baixa demais durante muito tempo. Assim, a culpa da crise atual cabe mais a Greenspan do que a Ben Bernanke.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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