sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Juiz manda governo Trump devolver credencial de repórter da CNN

Em uma vitória da liberdade de imprensa, um juiz federal dos Estados Unidos aceitou hoje o pedido da rede de televisão americana CNN para devolver a credencial do setorista da Casa Branca Jim Acosta, cassada depois que ele discutiu com o presidente Donald Trump durante uma entrevista coletiva.

"Quero agradecer a todos os meus colega da imprensa que me apoiaram nesta semana e quero agradecer ao juiz pela decisão de hoje", festejou Acosta diante do tribunal, em Washington, a capital dos EUA. Até a TV Fox News, que apoia Trump, ficou ao lado do repórter neste caso.

No dia seguinte à vitória eleitoral que deu maioria na Câmara dos Representantes ao Partido Democrata, de oposição, Trump se irritou com uma pergunta sobre a caravana de miseráveis da América Central que tentam entrar nos EUA, descrita pela presidente como uma invasão.

Quando Trump pediu a uma estagiária da Casa Branca que tirasse o microfone de Acosta, o repórter perguntou se o presidente temia novas denúncias do procurador especial Robert Mueller, que investiga um possível conluio da campanha de Trump com a Rússia na eleição presidencial de 2016.

Mais tarde, a assessora de imprensa de Trump declarou em nota: "Hoje, o tribunal deixou claro que não existe um direito absoluto de acesso à Casa Branca com base na Primeira Emenda. Em resposta, vamos temporariamente restituir a credencial. Também vamos estabelecer regras e processos para garantir entrevistas coletivas justas e ordeiras no futuro. Precisa haver decoro na Casa Branca."

A ação da CNN se baseia na Emenda nº 1 à Constituição dos EUA, que garante plena liberdade de imprensa, alegando que a credencial foi cassada por causa do conteúdo das reportagens do jornalista. Trump hostiliza constantemente todo repórter e meio de comunicação que divulga notícias críticas a seu governo, chamando-os de "inimigos do povo" e acusando-os de publicar "notícias falsas".

Sua atitude encoraja ditadores ao redor do mundo a atacar jornalistas, como foi o caso do dissidente saudita Jamal Khashoggi, morto e esquartejado no Consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro de 2018.

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