quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Chomsky adere a boicote a conferência sobre marxismo na China

O linguista Noam Chomsky e mais de 30 acadêmicos do mundo inteiro decidiram boicotar uma conferência sobre marxismo a ser realizada em Beijim pelo regime comunista da China em protesto contra a prisão de estudantes que defendiam o direito de trabalhadores de se organizarem em sindicatos.

A maioria dos acadêmicos envolvidos no boicote é de universidades dos Estados Unidos e do Reino Unido. Chomsky, professor da Universidade do Arizona, escreveu a seguinte declaração: "Continuar participando de eventos sobre marxismo patrocinados oficialmente significaria ser cúmplice do jogo do governo chinês. Acadêmicos de esquerda do mundo inteiro devem aderir ao boicote destas conferências e eventos."

Nos últimos quatro meses, a ditadura de Xi Jinping prendeu estudantes de várias universidades importantes por apoiarem um movimento de trabalhadores para criar um sindicato livre na fábrica da empresa Jasic Technology, na cidade de Shenzhen, um dos principais polos industriais surgiram com as reformas e a abertura econômica lançadas há 40 pelo líder Deng Xiaoping.

Sob a ditadura de Xi, líder do partido desde 2012 e presidente do país desde 2013, o regime comunista se mostra cada mais intolerante com movimentos de base, especialmente de uma possível aliança entre operários e estudantes, que está na origem do Partido Comunista.

Há duas semanas, em mais uma onda repressiva, estudantes foram presos ou sequestrados, inclusive Zhang Shengye, empurrado à força para dentro de um carro por homens vestidos de preto dentro do campus da Universidade de Beijim.

"Com base nas informações que recebemos, mais estudantes estão em perigo", declarou um grupo de acadêmicos, entre eles Elaine Hui, professora adjunta da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA, que lançou o apelo inicial para boicotar o Congresso Mundial sobre Marxismo promovido pela ditadura comunista chinesa e "conferências similares".

Num sinal de endurecimento,  o regime comunista chinês nomeou no mês passado o ex-agente de segurança do Estado Qiu Shiping como secretário do partido dentro da Universidade de Beijim para realizar "inspeções disciplinares" e de "gerenciamento e controle", jargão utilizado para justificar a repressão.

O professor emérito de sociologia na London School of Economics (LSE)  Leslie Sklair pediu a seus colegas que investiguem as relações entre suas universidades e as universidades chinesas cúmplices na repressão governamental. Várias universidades americanas e europeias estão rompendo acordos acadêmicos com a China por causa do controle crescente da ditadura de Xi Jinping sobre as atividades intelectuais e de pesquisa.

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