domingo, 25 de novembro de 2018

União Europeia aprova acordo para saída do Reino Unido

Dois anos e cinco meses depois do plebiscito, os líderes da União Europeia aprovaram hoje o acordo para que o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte deixe o bloco europeu, onde entrou há 45 anos. Agora, o tratado de 585 páginas precisa ser aprovado em 12 de dezembro pela Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, onde a batalha será árdua. O Partido Unionista Democrático (DUP), da Irlanda da Norte, aliado do governo Theresa May, e vários deputados conservadores anunciaram voto contra.

Em uma reunião de cúpula em Bruxelas, na Bélgica, os líderes dos outros 27 países-membros da UE declararam ser a favor de uma relação "a mais próxima possível" depois do divórcio, considerado uma "tragédia" pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

Com ou sem acordo, o Reino Unido deixa a UE em 29 de março de 2019. Foi uma negociação difícil, marcada por desentendimentos dentro do Partido Conservador britânico, preocupações de que o restabelecimento da fronteira com a Irlanda abale o acordo de paz na Irlanda do Norte e a demissão de uma série de ministros, inclusive dois ministros da Brexit (British exit = saída britânica).

"Estou triste, mas aliviada", desabafou a maior líder do continente, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel. "Nós continuaremos aliados, parceiros e amigos", prometeu o principal negociador europeu, Michel Barnier, ex-ministro das Finanças da França.

Ver o Reino Unido "sair da UE não é um momento de júbilo nem de celebração, é um momento triste e uma tragédia", comentou o presidente da Comissão Europeia, órgão executivo da UE, Jean-Claude Juncker, ex-primeiro-ministro de Luxemburgo.

"Se as pessoas pensam que ainda é possível negociar, não é o caso. É o acordo que está sobre a mesa, é o melhor acordo possível, é o único possível", afirmou a primeira-ministra Theresa May, que terá de enfrentar uma rebelião da ala mais extremista de seu Partido Conservador.

A Espanha ainda tentou vetar o acordo por causa de Gibraltar, uma possessão britânica situada no extremo sul da Península Ibéria, na entrada do Mar Mediterrâneo, conquistada na Guerra da Sucessão Espanhola (1703-14).

Num período de transição, até o fim de 2020, o Reino Unido terá de obedecer à maioria das regras da UE. Os compromissos financeiros, incluindo as pensões e aposentadorias de funcionários britânicos do bloco europeu vão até 2064, um dos grandes motivos da discórdia na Câmara dos Comuns.

Será, nas palavras da primeira-ministra Theresa May, "um dos votos mais significativos do Parlamento em muitos anos". De acordo com a imprensa britânica, pelo menos 90 deputados conservadores pensam em votar contra, além do Partido Trabalhista, de oposição, e do DUP.

O impacto sobre a economia do país é evidente. Várias empresas transnacionais estão saindo do país ou reduzindo seus negócios, inclusive bancos do centro financeiro de Londres, que certamente deixará de ser o maior da Europa. De país que mais crescia no Grupo dos Sete (maiores potências industriais capitalistas liberais), o Reino Unido hoje é dos que menos crescem.

"O custo que discutimos nos meses recentes é enorme", observou o presidente da França, Emmanuel Macron. "Quem disse que os britânicos poupariam dezenas ou centenas de bilhões de libras mentiram", acrescentou, referindo-se à campanha dos defensores da saída no plebiscito de 23 de junho de 2016.

Se o acordo for rejeitado, as consequências são imprevisíveis. O governo May de cair. Pode haver novas eleições, uma saída dura, sem qualquer acordo com a UE, e até mesmo uma segunda consulta popular para o eleitorado britânico decidir o que fazer. Há um movimento para exigir a realização de um referendo para aprovar ou rejeitar o acordo ou até mesmo manter o Reino Unido no bloco europeu.

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