quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Brasil não fica entre maiores economias do mundo sem abertura comercial

O Brasil é hoje a oitava maior economia do mundo. Não estará entre as dez maiores dentro de dez anos se não fizer uma abertura comercial, advertiu ontem o secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Hussein Kalout, cientista político formado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. 

Kalout participou no Rio de Janeiro dos Diálogos para o Amanhã, promoção do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e da Fundação Konrad Adenauer.

Hoje o Brasil participa de apenas 1,2% do comércio global. "As 20 maiores economias do mundo têm em média 40% do produto interno bruto ligados ao comércio exterior; o Brasil, 25%", afirmou o secretário.

Setores fechados e monopolistas pressionam pelo retardamento de mudanças. "Vai haver perdas", reconheceu Kalout, "mas, de 57 setores industriais examinados, só três perderiam. O crescimento depois da abertura seria de mais 2 a 3 pontos percentuais no PIB."

A resistência é grande: "Não conheço ninguém que abra mão de subsídios. Não querem competir. Querem monopólios", observou. "O setor de informática tem uma das maiores tarifas. Cobramos tarifas sobre coisas que não produzimos. Não vamos dar um salto tecnológico sem desgravação."

"É necessário abrir, reduzir tarifas", acrescentou, fazendo ajustes tributários e uma reforma fiscal para compensar. Neste sentido, o secretário de Assuntos Estratégicos vê como positiva a integração do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio (MDIC) ao Ministério da Economia a ser criado pelo futuro governo. "O MDIC era capturado por certos lobbies."

Kalout considera importante revisar a tarifa externa comum da união aduaneira do Mercosul.

No mesmo painel, o superintendente de Comércio Exterior do BNDES, Leonardo Pereira, afirmou que o banco estatal está pronto a oferecer financiamento para a abertura comercial, como faz há 27 anos. "A liberalização será benéfica para a defesa, indústria aeronáutica e setores de alto conteúdo tecnológico. O Brasil nunca vai produzir tudo o que gostaria."

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