quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Brasil tem de integrar indústria e academia para impulsionar inovação tecnológica

O Brasil precisa criar incubadoras de empresas ao redor das universidades para investir em inovação tecnológica e modernizar seu parque industrial, concluíram os participantes do painel Brasil-Alemanha: Indústria 4.0 e Inovação. 

Este foi um dos temas dos Diálogos para o Amanhã, uma conferência realizada ontem pelo Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Fundação Konrad Adenauer.

Dois terços do produto interno bruto industrial alemão e grande parte da inovação tecnológica vêm de pequenas e médias empresas, afirmou o ministro-conselheiro da Embaixada da Alemanha, Christoph Bundscherer, ao falar no painel.

É um bom modelo para o Brasil. O superintendente de indústria e serviços do BNDES, Júlio Raimundo, que também participava do  contestou a ideia de "perda da importância da indústria", resultado da perda de peso da indústria no PIB.

Para retomar o crescimento num ritmo capaz de resolver os problemas do país, o Brasil precisa aumentar a produtividade e "grande parte do ganho de produtividade terá de vir da indústria", afirmou Júlio Raimundo.

"A Alemanha se destaca por ter pequenas e médias empresas muito fortes. Na renovação do tecido empresarial brasileiro, tem de haver um aprofundamento da automação. A indústria 4.0 [digitalização] é uma enorme oportunidade. O Brasil tem uma base industrial diversificada. É hora de renovar e inovar", argumentou o representante do BNDES.

Ainda há no Brasil "uma separação entre a indústria e a academia", comentou José Borges Frias, diretor de marketing estratégico da Siemens do Brasil.

É preciso seguir o modelo do Vale do Silício, na Califórnia, centro da revolução da informática, onde várias empresas de alta tecnologia surgiram ao redor da Universidade Stanford. O mesmo acontece em Cambridge, no estado de Massachusetts, nos EUA, onde ficam a Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e na Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

No ano 2000, fiz esta pergunta ao então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que tomou com uma pergunta capciosa para acusá-lo de privatização do ensino. Era a mentalidade arraigada no país, que via a universidade como uma catedral.

Frias vê uma mudança: "Nos últimos anos, há uma consciência da importância de aproximar indústria e academia, com a Internet das coisas." Júlio Raimundo também observa uma "integração pesquisa-negócio".

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