Em mais uma confusão entre o público e o privado na presidência imperial de Donald Trump, a primeira-dama, Melania Trump, pediu a demissão da assessora assistente de Segurança Nacional Mira Ricardel por causa de uma briga por assento numa viagem ao exterior.
"É a posição do Escritório da Primeira Dama que [Ricardel] não merece mais a honra de servir nesta Casa Branca", declarou em nota a diretora de comunicações de Melania, Stephanie Grisham.
O problema aconteceu durante a visita de Melania à África por causa de um lugar no avião e do uso dos recursos do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, contaram pessoas presentes. Como Melania não foi eleita, não deveria se envolver em política.
A primeira-dama já copiou literalmente um texto da ex-primeira-dama Michelle Obama, usou uma camiseta dizendo "eu não me importo", numa mensagem aparentemente dirigida ao marido. Se Hillary Clinton ou Michelle Obama pedissem a demissão de um assessor do governo, o Partido Republicano as atacariam com violência.
No primeiro governo Bill Clinton, Hillary tentou formular uma proposta de reforma da saúde para garantir cobertura a todos os americanos. Foi totalmente repudiada por não ter sido eleita.
Neste governo, as únicas pessoas seguras nos seus cargos são da família Trump. Desde a posse, 41 altos funcionários foram demitidos e atacados de forma desmoralizante. Com a maioria conquistada pelo Partido Democrata nas eleições de 6 de novembro, o presidente está se sentindo acuado.
Os democratas querem investigar os negócios do presidente para ver se há conflitos de interesse. Trump faliu várias vezes, então tinha dificuldades para conseguir empréstimos em bancos de Nova York. Tomou empréstimo com o Deutsche Bank e pode ter conseguido dinheiro na Rússia, onde produzia o concurso de Miss Universo.
As relações com a Rússia também serão alvo das investigações da nova Câmara dos Representantes, assim como os negócios de seus hotéis, que recebem delegações estrangeiras que vão aos EUA negociar com governos.
Na opinião da colunista Anne Applebaum, do jornal The Washington Post, quando Trump tenta mobilizar seu eleitorado com temas como a imigração ilegal, está preparando sua defesa para salvar sua presidência e seus negócios.
Como não teria defesa jurídica para tantos escândalos, argumenta Applebaum, Trump terá de desmoralizar as instituições para se apresentar como vítima de perseguição. Para isso, vai precisar de sua base radicalizada, capaz de acreditar nas suas mentiras.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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