Em mais um sinal de total falta de caráter e de escrúpulos, o presidente Donald Trump atacou o almirante reformado William McRaven, ex-comandante da força de elite da Marinha Seals, responsável pela operação que matou o terrorista saudita Ossama ben Laden, no Paquistão, em 2 de maio de 2011.
Trump se irritou porque o almirante afirmou que os ataques do presidente à imprensa são a maior ameaça à democracia nos Estados Unidos que viu durante toda a sua vida. Em entrevista à TV Fox News, que o apoia, primeiro, Trump alegou que McRaven era partidário de Hillary Clinton e Barack Obama. Mentira. Depois, criticou a ação contra Ben Laden.
"Não teria sido melhor se tivéssemos pego Ossama ben Laden muito antes? Morando no Paquistão, no que acredito que fosse uma mansão bacana, perto da academia militar, todo o mundo no Paquistão sabia que ele estava lá. E nós damos US$ 1,3 bilhão por ano ao Paquistão", rosnou Trump, menosprezando o trabalho da Agência Central de Inteligência (CIA) para localizar Ben Laden.
O almirante, que serviu 37 na tropa de elite Seals, respondeu: "Não apoiei Hillary Clinton nem ninguém. Sou fã do presidente Obama e do presidente George W. Bush, para quem trabalhei. Admiro todos os presidentes, sem olhar para seus partidos políticos, que mantenham a dignidade do cargo e que usem o cargo para unir o país em momentos desafiantes."
E acrescentou: "Mantenho meu comentário de que os ataques do presidente à imprensa são a maior ameaça à democracia durante minha vida. Quando você mina o direito do povo a uma imprensa livre e à liberdade de expressão, você ameaça a Constituição e tudo o que ela representa."
Na mesma entrevista, Trump manifestou mais uma vez seu desprezo pelos militares ao declarar que não visitou o Cemitério Nacional de Arlington, na Virgínia, onde estão enterrados os heróis nacionais dos EUA, no dia em homenagem aos americanos mortos em combate, por "estar muito ocupado". Nunca estão tão ocupado que não possa descansar em seus clubes de golfe.
Quando esteve na França para as comemorações dos 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial, o presidente não foi a um cemitério militar americano porque o mau tempo tornava a viagem de helicóptero arriscada.
O chefe da Casa Civil da Casa Branca, general John Kelly, e o comandante do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, general Joseph Dunford, fizeram a viagem por terra a 80 quilômetros de Paris e homenagearam os soldados mortos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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