sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Europa cria mecanismo para escapar das sanções dos EUA ao Irã

A Alemanha, a França e o Reino Unido anunciaram ontem a criação de um mecanismo para fazer negócios com o Irã, apesar das sanções impostas pelos Estados Unidos. O sistema de pagamentos será chamado de instrumento de apoio a trocas comerciais (Instex). Vai permitir às empresas negociar com o Irã fora do mercado do dólar.

O Instex será uma entidade estatal, com sede na França, sob a gerência de um alemão e a direção superior de um conselho com sede no Reino Unido, tudo sob a supervisão da União Europeia. Países de fora do bloco, como China, Índia e Rússia, podem aderir, se quiserem.

Pelo sistema, as empresas iranianas poderão vender seus produtos na Europa e obter crédito para importar produtos europeus. O foco inicial será em remédios e alimentos, que estão excluídos das sanções impostas pelo presidente Donald Trump ao se retirar do acordo negociado pelo governo Barack Obama para desarmar o programa nuclear iraniano.

Agora, o Irã tem de fazer sua parte, criar um sistema para se conectar ao Instex. Isso pode levar meses.

Em depoimento nesta semana ao Congresso, os diretores dos serviços de inteligência dos EUA fizeram uma análise de riscos diferente de posições do presidente Trump, especialmente em relação ao Irã e à Coreia do Norte.

Enquanto a ditadura comunista da Coreia do Norte tem todo o interesse em preservar sua capacidade nuclear já adquirida, o Irã estaria cumprindo o acordo assinado em 2015 com as cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha.

O interesse da Europa está em manter o acordo. Também manda um recado aos EUA de Trump: está pronta para agir por conta própria, a exercer sua "autonomia estratégica" e independência em relação a Washington, uma posição defendida pela França.

Ao transformar o dólar em mais uma arma de sua política externa, Trump, com sua visão de mundo ultranacionalista, abala a posição do dólar como moeda dominante do sistema financeiro internacional. É um alerta a outros grandes atores da economia internacional, como a Europa, a China, o Japão e a Índia. Devem se preparar para a era pós-dólar.

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