quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Parlamento Europeu reconhece governo Guaidó na Venezuela

Por 439 a 104 votos, com 88 abstenções, o Parlamento Europeu reconheceu hoje presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como "presidente legítimo da Venezuela", pediu aos governos europeus que façam o mesmo e exigiu a libertação de todos os 11 jornalistas presos.

A moção foi proposta pelos conservadores e teve o apoio de liberais e sociais-democratas, além dos eurocéticos britânicos e poloneses. Por exigência dos sociais-democratas, foi incluída um repúdio a "qualquer tentativa que possa implicar no uso da violência para a solução da crise", para se diferenciar da posição mais dura assumida pelos Estados Unidos, que ameaçam com uma intervenção militar.

A Alemanha, a a Espanha, a França e o Reino Unido deram prazo até o próximo domingo para o ditador Nicolás Maduro convocar uma eleição presidencial antecipada. Caso contrário, vão reconhecer o governo Guaidó.

Desde 21 de janeiro, pelo menos 39 pessoas foram mortas pelas forças de segurança e milícias ligadas ao regime durante saques e manifestações de protesto, na maioria, jovens baleados no peito ou na cabeça, com tiros dados para matar.

Nos últimos 10 dias, 939 pessoas foram detidas e 755 continuam presas, inclusive 94 menores de idade submetidos a pressões e maus tratos, informaram o Observatório de Conflitos e o Foro Penal Venezuelano, duas organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos.

"Algumas crianças desmaiaram, outras choravam suplicando pela liberdade ou simplesmente para ver suas mães, que também sofriam ao ver seus pequenos atrás das grades. Foi muito duro, muito difícil. Nunca havia passado por uma situação dessas", contou Zuleima Siso, advogada do Foro Penal Venezuelano encarregada da defesa dos menores apreendidos.

Onze jornalistas estrangeiros foram presos, eles o repórter Rodrigo Lopes, do jornal gaúcho Zero Hora, detido e ameaçado. Dois repórteres da televisão pública do Chile foram detidos por 14 horas, tiveram seus telefones celulares e computadores confiscados e foram deportados. Dois repórteres de uma TV da França ficaram dois dias presos por fazer imagens do palácio presidencial de Miraflores. E prenderam uma equipe inteira da agência espanhola EFE, com um jornalista espanhol e uma colombiana, um fotógrafo colombiano e o motorista venezuelano.

A União Europeia protestou, exigindo de Maduro "respeito ao Estado de Direito, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais", das quais "a liberdade de imprensa é um elemento central".

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