segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Venezuela prende 27 militares que tentaram iniciar uma rebelião

Soldados de uma unidade da Guarda Nacional da Venezuela iniciaram uma revolta hoje em Caracas. Chegaram a divulgar um vídeo em redes sociais pedindo que a população saísse às ruas, mas foram presos pelas forças de segurança da ditadura de Nicolás Maduro em Cotiza, uma região da capital que fica a três quilômetros do palácio presidencial de Miraflores.

Pouco antes das três horas da madrugada (5h em Brasília), cerca de 40 rebeldes chegaram ao quartel de Cotiza, no Norte de Caracas, e apelaram aos soldados e a à população para que se rebelassem contra o regime: "Nos somos contra este regime, que repudiamos completamente e precisamos do seu apoio, que saiam às ruas."

De acordo com um comunicado oficial do Ministério da Defesa, os rebeldes haviam tomado colegas militares como reféns em duas outras unidades e roubado um estoque de armas, mas "a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) está unida para restabelecer a ordem constitucional".

Horas depois, 27 rebeldes se renderam. Ao serem levados em blindados da Força de Ações Especiais (Faes), um soldado gritou: "Liberdade!" As forças de segurança usaram gás lacrimogênio para dispersar a multidão que atendeu ao chamado dos rebeldes.

Durante o combate à revolta, a ditadura venezuelana bloqueou o acesso às redes sociais Twitter e Instagram.

Com a instabilidade política e a crise econômica sem precedentes, a rebelião poderia se espalhar por outras unidades. Um confronto armado para derrubar Maduro poderia causar danos ainda maiores, complicando a recuperação econômica do país.

A ditadura da Venezuela conta com o apoio de agentes cubanos para garantir a sobrevivência do regime chavista. Assim, tem tido sucesso em evitar que rebeliões se alastrem. Em fevereiro do ano passado, um capitão e piloto de helicóptero da polícia que atacara a sede do Ministério do Interior foi fuzilado sumariamente. Fez vários apelos para se render, mas foi morto.

Maduro acaba de ser empossado para um segundo mandato não reconhecido pela maioria da comunidade internacional. Só Bolívia, Cuba, Nicarágua e alguns países da região do Mar do Caribe participaram da posse.

O Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte, declarou que o único órgão legítimo e democrático da Venezuela é a Assembleia Nacional eleita em 6 de dezembro de 2015, onde a oposição tem maioria de dois terços. Numa tentativa de deflagar um processo de transição para redemocratizar o país, apoiaram o presidente da AN, Juan Guaidó, como o verdadeiro líder da Venezuela.

A Venezuela tinha a maior renda per capita da América Latina em 1970 por causa de suas reservas de petróleo, as maiores do mundo. A corrupção, a desigualdade, muito menor do que em outros países da região, e uma forte queda nos preços do petróleo depois da crise econômica da Ásia, em 1997, levaram à eleição do caudilho militar e ex-golpista Hugo Chávez em 1998.

Vinte anos depois, o país enfrenta uma inflação superior a 1.000.000% ao ano e um desabastecimento generalizado, especialmente de alimentos e medicamentos. Desde a morte de Chávez e a ascensão de Maduro, o produto interno bruto caiu pela metade. A produção de petróleo é 25% do pico. Mais de 4 milhões de pessoas fugiram do país.

Apesar da economia estar em virtual colapso, o regime se mantém por causa da lealdade da maioria das forças de segurança e da repressão realizada com o apoio de agentes cubanos. Só uma cisão dentro do regime e da FANB pode mudar esta situação catastrófica,

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