As Forças de Defesa de Israel (FDI) atacaram na noite de ontem e madrugada de hoje bases da Força Quods, braço da Guarda Revolucionária do Irã para ações no exterior, e da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) e a defesa antiaérea da Síria, em resposta a um míssil disparado pelos iranianos contra as Colinas do Golã.
Pelo menos 11 pessoas morreram, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental de oposição com sede em Londres que monitora a guerra civil síria.
O míssil iraniano foi abatido pelo escudo antimísseis de Israel, o Domo de Ferro, no Monte Hermon, uma estação de esqui, afirmaram porta-vozes militares israelenses. Milhares de pessoas assistiram à interceptação.
As FDI bombardearam então, com "dezenas de mísseis", 10 alvos em território sírio, inclusive arsenais situados no Aeroporto Internacional de Damasco, um centro de inteligência do Irã e bases de treinamento dos iranianos. O Irã intervêm na guerra civil da Síria em apoio à ditadura de Bachar Assad.
Em Damasco, testemunhas ouviram fortes explosões. A Rússia declarou que quatro pessoas morreram e que mais de 30 mísseis israelenses foram interceptados pela defesa antiaérea da Síria. Também alegou que Israel atacou primeiro, alvejando um aeroporto no Sudeste de Damasco no domingo à tarde, durante o dia, antes do ataque às Colinas do Golã.
Ao preparar o bombardeio, Israel alertou a Síria a não reagir: "Advertimos os sírios e não dispararem mísseis antiaéreos contra novos aviões e eles decidiram atacar mesmo assim", comentou o general-brigadeiro Ronen Manelis, porta-voz das FDI.
Depois, o comandante da Força Aérea do Irã, Aziz Nasirzadeh, ameaçou, dizendo estar impaciente para eliminar Israel.
Nos últimos anos, Israel acabou com a ambiguidade em relação à presença militar do Irã na Síria e atacou milhares de alvos no país vizinho. O governo israelense deixa claro ao Irã que a intervenção da Rússia na Síria, iniciada em 30 de setembro de 2015, não lhe dá garantia de imunidade.
As Colinas do Golã, ocupadas na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexadas por Israel em 1981, são um lugar de escaramuças frequentes entre Israel e o Irã. O Estado judaico está determinado a impedir a República Islâmica de atacar seu território, especialmente depois que o Irã estabeleceu uma presença militar na Síria por causa da guerra civil.
Israel tenta impedir que o Irã tenha uma presença militar permanente no país vizinho. Já advertiu que não vai tolerar bases iranianas a menos de 50 quilômetros de sua fronteira. Desde 2013, Israel bombardeia a infraestrutura militar iraniana na Síria para impedir que seja usada para atacar seu território de curta distância.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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