Centenas de milhares de venezuelanos devem sair às ruas hoje, no aniversário de 61 anos do golpe que derrubou a ditadura de Marcos Pérez Jiménez, em mais uma onda de manifestações convocada pela oposição para derrubar a ditadura de Nicolás Maduro.
Ontem à noite, houve protestos em pelo menos 60 bairros de classe média e choques com as forças de segurança. Um jovem manifestante foi morto.
O governo planeja suas próprias manifestações. O protesto foi convocado pelo presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, declarado chefe de Estado legítimo pelo Grupo de Lima, que reúne 14 países latino-americanos, inclusive o Brasil.
Ao convocar as manifestações antigovernistas, Guaidó fez um apelo aos militares para que deixem de apoiar o regime chavista: “A todas as forças armadas nacionais, nossa convocação é clara: desde o Parlamento, estendemos a mão e pedimos que venham para o lado da Constituição e do povo, seu povo”, declarou o presidente da AN.
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, reconheceu Guaidó como presidente e mandou uma mensagem de vídeo à oposição dizendo que "Maduro precisa ir".
Maduro, reeleito numa eleição fraudulenta em 22 de maio de 2018, acusou os EUA de tentarem instigar um golpe de Estado na Venezuela. O Brasil, a Argentina, a Colômbia e o Peru também reconheceram Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela
Na Assembleia Nacional eleita em 6 de dezembro de 2015, nas últimas eleições democráticas na Venezuela, a oposição tem maioria de dois terços. Com eleições manipuladas, Maduro criou em 2017 uma Assembleia Nacional Constituinte para usurpar o poder.
O ditador iniciou um segundo mandato em 10 de janeiro, mas só obteve reconhecimento de poucos países, entre eles Cuba, Bolívia, Nicarágua, Rússia e China.
A Venezuela vive a pior crise econômica de que se tem notícia na história moderna de um país relativamente desenvolvido. Desde a ascensão de Maduro, em 2013, com a morte do caudilho Hugo Chávez, o produto interno bruto caiu pela metade.
No ano passado, a inflação chegou a 1.300.000%. Há um desabastecimento generalizado de alimentos e medicamentos. A produção de petróleo, maior riqueza nacional está em cerca de um terço do pico de 3,3 milhões de barris por dia.
Há dois dias, um grupo de militares rebeldes tentou sublevar um quartel em Cotiza, um bairro de Caracas próximo ao palácio presidencial de Miraflores, e convocou o povo a sair às ruas. Mas a Força Armada Nacional Bolivariana não se dividiu, frustou a tentativa de golpe e prendeu 27 rebeldes.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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