Em um sinal de alívio da tensão, o governo federal do Iraque e a região semiautônoma do Curdistão chegaram a um acordo para que os curdos voltem a patrulhar a cidade de Kirkuk, substituindo as Forças de Mobilização Popular Xiitas, noticiou a companhia jornalística Rudaw, ligada ao Partido Democrático do Curdistão (KDP).
O policiamento ficará a carga de peshmerga, os guerreiros curdos, ligados ao KDP. A notícia foi confirmada pela União Patriótica do Curdistão (PUK), o outro grande partido da região curda iraquiana. Mas não pela milícia xiita nem por Bagdá.
De qualquer maneira, há um entendimento entre o governo central e o governo regional curdo, com capital em Arbil. Isso pode levar a acordos em outros setores, como produção de energia, cooperação na guerra contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante e conflitos territoriais.
Hoje, os moradores curdos de Kirkuk veem a presença da milícia xiita como um sinal da influência indesejada xiita e iraniana sobre sua comunidade. O governo curdo tenta reassumir o controle político da cidade com a substituição das forças federais pelos peshmerga.
A província de Kirkuk, riquíssima em petróleo, foi anexada as províncias de Bagdá e de Bássora pelo então subsecretário de Estado do Reino Unido para o Oriente Médio, Winston Churchill, depois do fim da Primeira Guerra Mundial, enterrando a promessa de independência do Curdistão.
Agora, é um mosaico das comunidades iraquianas (árabes sunitas, árabes xiitas e curtos). Por este motivo, é uma das regiões mais conflituosas do Iraque, com disputas políticas e militares pelo poder e pelo petróleo.
Em outubro de 2017, o governo central de Bagdá enviou tropas à província em resposta ao plebiscito sobre a independência do Curdistão organizado pelo governo regional, especialmente pelo KDP. Desde então, o KDP foi excluído do Conselho Provincial.
Assim, a volta dos peshmerga do KDP ao patrulhamento das ruas de Kirkuk, se confirmado, marcará uma reconciliação entre os curdos e com as autoridades de Bagdá. A cooperação vai aumentar a estabilidade e a prosperidade do Curdistão iraquiano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário