sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Soros denuncia ameaça do autoritarismo chinês na era da inteligência artificial

O megainvestidor George Soros atacou a ditadura de Xi Jinping na China, advertindo que o avanço das pesquisas sobre inteligência artificial sob o controle de regime repressivos é hoje uma "ameaça mortal" para as sociedades abertas, noticiou o jornal inglês Financial Times.

Em palestra no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, o bilionário húngaro naturalizado americano destacou ontem que a China não é o único regime autoritário do mundo, mas é o mais rico, mais forte e o mais avançado tecnologicamente.

"Isto torna Xi Jinping no oponente mais perigoso das sociedades abertas", alertou.

Soros citou o sistema de crédito social chinês, que coleta dados pessoais de indivíduos para avaliar a confiabilidade de cada um. Uma base de dados dessas "dá a Xi o controle total sobre o povo".

Aos 88 anos, depois de fazer fortuna no setor financeiro, Soros se dedica a defender a liberdade e a democracia. Através da Fundação Sociedade Aberta, promoveu a democracia liberal nos países da Europa Oriental antes dominados pelo comunismo. Isto o levou a ser apresentado como vilão por regimes nacionalistas de ultradireita como o do neofascista Viktor Orbán na Hungria.

Em suas participações no Fórum de Davos, costuma falar das ameaças à democracia. Na quinta-feira à noite, seu alvo foi a ameaça de uma China cada vez mais poderosa e mais autoritária.

Crítico do presidente Donald Trump e do neopopulismo de extrema direita em ascensão no mundo de hoje, Soros elogiou a identificação da China pelos EUA como um rival estratégico e cobrou uma resposta ao megaprojeto de investimentos chineses Um Cinturão Uma Estrada, que pretende recriar a Rota da Seda, como planejado para servir os interesses chineses e não dos países que tomarão grandes empréstimos.

A suspeita é que estes investimentos submetam os países recipientes ao controle chinês. Soros citou o Paquistão, a Malásia e o Sri Lanka. Só o Paquistão, deve contrair dívidas de US$ 60 bilhões. Como o país tem problemas financeiros crônicos, tendo recorrido mais de 20 vezes ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o endividamento seria uma forma de controle.

No caso do Sri Lanka, as dificuldades de pagamento levaram o governo a ceder um porto ao controle chinês.

"Os ambiciosos projetos de infraestrutura [chineses] são financiados principalmente por empréstimos custosos, não por ajuda, e vários funcionários estrangeiros foram subornados para aceitá-los. Muitos desses projetos são antieconômicos", avaliou.

Ele apelou aos EUA para enfrentar a ameaça do autoritarismo chinês, tomando medidas concretas, por exemplo, contra empresas de equipamentos de telecomunicações como Huawei e ZTE, que podem representar, na sua opinião, um risco inaceitável para a segurança nacional de vários países por sua capacidade de espionagem.

"A China é um ator global importante. Uma política efetiva em relação à China não pode se limitar a slogans. Precisa ser muito mais sofisticada, detalhada e prática. Deve incluir uma resposta econômica americana à Iniciativa um Cinturão uma Estrada", acrescentou.

O bilionário defendeu fomentar uma oposição doméstica à ditadura de Xi Jinping: "Como Xi é o maior inimigo da sociedade aberta, precisamos depositar nossas esperanças no povo chinês, especialmente na comunidade empresarial e na elite política interessada em manter a tradição confucionista."

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