O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, na Holanda, ordenou a libertação do ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo, absolvido das acusações de crimes contra a humanidade. Sua recusa em aceitar a derrota na eleição presidencial de 2011 causou uma rebelião em que mais de 3 mil marfinenses morreram e 500 mil tiveram de fugir de casa.
Por falta de provas, os juízes do TPI concluíram que não havia elementos suficientes para condenar Gbagbo e seu aliado Charles Ble Goude por crimes supostamente cometidos na tentativa de não entregar o poder. Assim, Gbagbo está apto a disputar a eleição presidencial de 2020.
Com a provável saída de cena do atual presidente, Alassane Ouattara, vitorioso em 2011, a incerteza política volta a rondar uma das economias que mais crescem na África, num ritmo de 7,6% ao ano na última estimativa, no terceiro trimestre de 2018, depois de crescer 8,8% em 2015, 8,3% em 2016 e cerca de 8% em 2017. A libertação de Gbagbo provocará uma onda de choque na política da Costa do Marfim.
Desde sua derrota, os partidários de Gbagbo têm dificuldade para desafiar a autoridade de Ouattara, que se tornou a força política dominante no país. O atual presidente vinha preparando a sucessão. A volta do ex-inimigo deve alterar seus planos.
A libertação da Gbagbo ressuscita a memória da guerra civil de 2011, quando forças das Nações Unidas e da França, ex-potência colonial, intervieram e prenderam o presidente rebelde, em 11 de abril daquele ano. Sete meses depois, ele foi extraditado para ser processado pelo TPI. A expectativa é que ele volte ao país, reconstrua sua máquina política e tente reconquistar a Presidência.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
Tribunal Penal Internacional absolve ex-presidente da Costa do Marfim
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