A China e dos Estados Unidos estenderam por um terceiro dia não previsto as negociações para chegar a um acordo e desarmar a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. Mesmo que as diferenças ainda sejam enormes, a reunião de Beijim fez progresso em questões como o aumento da importação de bens e serviços americanos pelos chineses.
Depois da imposição de tarifas punitivas sobre dezenas de bilhões de dólares do comércio bilateral, o presidente Donald Trump e o ditador Xi Jinping decidiram retomar negociações num jantar em 30 de novembro em Buenos Aires, no fim da reunião de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20). O prazo para um acordo vai até 1º de março.
Os EUA exigem a redução de um déficit comercial que chegou a US$ 375 bilhões em 2017, respeito à propriedade intelectual e fim da transferência forçada de tecnologia.
A delegação chinesa, chefiada pelo vice-primeiro-ministro Liu He, um indicador da importância desta etapa de negociações, concordou em retomar as importações de soja, reduzir as tarifas de importação sobre carros e autopeças e adotar uma estratégia menos agressiva no programa Fabricado na China 2025, através do qual pretende alcançar independência tecnológica.
Ao mesmo tempo, o governo da China prometeu fortalecer a legislação para proteger a propriedade intelectual e aprovar uma nova lei de investimentos estrangeiros para dar melhores condições de concorrência para empresas de outros países no imenso mercado chinês.
Independentemente de um possível acordo comercial, a competição estratégica entre os EUA e a China será o elemento dominante das relações internacionais nos próximos anos. Com a China marchando para se tornar a maior economia do mundo até 2030, os EUA temem perder a superioridade tecnológica e militar.
A transição hegemônica de uma grande potência para outra foi causa de inúmeras guerras na história das relações internacionais. As grandes guerras mundiais foram causadas pela ascensão da Alemanha. A ascensão da União Soviética levou à Guerra Fria. A China afirma ter aprendido a lição. Mas os EUA enfrentam o desafio de lidar com seu próprio declínio.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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