Sob crescente pressão internacional, o ditador Nicolás Maduro pretende vender em fevereiro 29 toneladas de ouro das reservas da Venezuela para os Emirados Árabes Unido, sendo nos próximos dias. As temidas Forças de Ações Especiais (Faes) do regime chavista foram até a casa do autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, e intimidaram sua família.
Diante da queda na produção e na receita do petróleo, o Banco Central da Venezuela (BCV) pretende vender nos próximos dias 15 toneladas de ouro a serem pagas em moeda em euros, noticiou a agência Reuters, citada pelo jornal peruano La República. O transporte até Dubai será feito por um avião da Rússia.
"Durante este ano, as vendas das reservas em ouro que sustentam o bolívar começaram com um envio de 3 toneladas em 26 de janeiro. Ao todo, o plano é vender 29 t até o fim de fevereiro", declarou um alto funcionário que preferiu não se identificar.
"As vendas dos lingotes são quase a única alternativa que tem o governo Nicolás Maduro para ter liquidez, diante do bloqueio de acesso à renda do petróleo e de quase todas as opções de financiamento internacional por causa das sanções impostas pelos EUA", acrescentou a mesma fonte.
Em novembro, a Venezuela tinha 132 t de ouro no BCV e no Banco da Inglaterra. O governo Donald Trump advertiu a países, empresas, bancos e operadores que evitem negociar o ouro com Maduro.
Na segunda-feira, os EUA, maior importador do petróleo venezuelano, anunciaram que o dinheiro de futuros negócios será depositado em contas bancárias bloqueadas para a ditadura de Maduro, que só poderiam ser utilizadas pelo governo Guaidó.
Como presidente da Assembleia Nacional, Guaidó assumiu interinamente a Presidência alegando que o cargo estava vago por causa da reeleição fraudulenta de Maduro e da ilegitimidade de seu segundo mandato, iniciado em 10 de janeiro.
O líder oposicionista denunciou nesta quinta-feira que uma tropa de elite da ditadura madurista cercou sua casa e intimidou sua família: "A Faes está em minha casa perguntando por Fabiana [sua mulher]. Neste momento, a ditadura crê que vai nos amedrontar", afirmou Guaidó ao sair da Universidade de Caracas, a maior da Venezuela, onde apresentou seu plano de governo.
"Em minha casa, está meu bebê, de apenas um ano e oito meses. Vou lá e os faço responsáveis pelo que possa suceder a minha família. Convido o corpo diplomático e nossos deputados a que nos acompanhem", declarou.
A casa foi abordada por agentes que andavam em duas motocicletas e numa caminhonete sem placas, método usado regularmente pela ditadura comunista cubana para prender, sequestrar e intimidar dissidente. Agentes cubanos organização a segurança do regime chavista.
Pouco depois, moradores da vizinhança cercaram a casa para garantir a segurança de Guaidó. Já em casa, o presidente interino falou ao lado da mulher e da filha. "O objetivo é evidente, mas não vão conseguir dobrar uma família venezuelana. Assim como não puderam intimidar a cidadania, não vão conseguir intimidar esta família."
O governo Trump ameaçou o "usurpador" Maduro de "sérias consequências" se algo acontecer ao presidente interino. Na terça-feira, o Tribunal Supremo de Justiça, subserviente à ditadura, congelou os bens de Guaidó e o proibiu de sair da Venezuela.
Ao apresentar seu plano de governo, o presidente da Assembleia Nacional convidou a China e a Rússia, as grandes potências que sustentam Maduro política e financeiramente, a negociar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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