O primeiro-ministro Imran Khan propôs diálogo hoje, horas depois que a Força Aérea do Paquistão atacou alvos militares em território indiano. Foi uma resposta a um bombardeio aéreo da Índia contra um acampamento do grupo terrorista Jaish-e-Mohamed (Exército de Maomé), responsável por um atentado terrorista que matou 49 policiais militares indianos na região da Caxemira em 14 de fevereiro.
As Forças Armadas do Paquistão derrubaram dois aviões de guerra da Índia e capturaram um piloto. Dois caças-bombardeiros paquistaneses alvejaram um arsenal indiano perto da "linha de controle", o nome da fronteira entre os dois países.
Na primeira batalha aérea entre os dois países desde a guerra de 1971, os dois caças-bombardeiros MiG-21 mandados pela Força Aérea da Índia para interceptar os aviões do Paquistão foram abatidos.
"Todas as grandes guerras começam por erro de cálculo. Ninguém sabe como a guerra pode acabar. Minha pergunta para a Índia é, dadas as armas que temos, podemos correr o risco de um erro de cálculo?", declarou o primeiro-ministro Khan. Os dois países são potências nucleares.
A Índia deplorou a "exposição vulgar de um soldado ferido", acusando o Paquistão de violar "o direito internacional humanitário e as Convenções de Genebra". O comandante Abhinandan Varthaman, piloto de aviões de combate há 16 anos, deu entrevista à televisão dizendo estar sendo bem tratado pelo Exército do Paquistão. Ele é filho de um marechal da reserva da Força Aérea, informou o jornal Hindustan Times.
"Apertem as mãos, sentem-se e resolvam isso", disse a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, a estudante paquistanesa Malala Youssafzai, citada pelo jornal paquistanês Dawn, ao fazer um apelo no Twitter aos primeiros ministros Imran Khan e Narendra Modi.
A escritora paquistanesa Fatima Bhutto, neta do primeiro-ministro Ali Bhutto e sobrinha da primeira-ministra Benazir Bhutto, ambos falecidos, pediu a libertação do piloto como um gesto de paz.
O ministro do Exterior do Irã, Mohamad Javad Zarif, reconduzido ao cargo depois de pedir demissão, se ofereceu como mediador. A União Europeia e o Reino Unido pediram contenção às duas partes.
Desde que se tornaram independentes do Império Britânico e se dividiram, a Índia e o Paquistão disputam a região da Caxemira, de maioria muçulmana. Em 1947, as províncias de maioria hindu formaram a Índia e as de maioria muçulmana, o Paquistão. Houve uma migração em massa, de 14 milhões de pessoas, e 2 milhões morreram.
Na Caxemira, o marajá Hari Singh optou por aderir à Índia, gerando este conflito histórico. Desde então, os dois países travaram três guerras, em 1947, 1965 e 1971, antes de desenvolveram armas nucleares.
A Índia tem a bomba atômica desde 1974 e o Paquistão desde 1975. Em maio de 1998, os dois países realizaram testes nucleares e assumiram oficialmente o status de potências nucleares. Outra guerra, em Cargil, em 1999, ficou limitada à região das montanhas do Himalaia.
Para o vice-presidente do Centro de Ásia do Instituto da Paz dos Estados Unidos, Moeed Yussuf, é preciso criar com urgência uma ponte aérea diplomática. Ele adverte que esta é a maior ameaça de guerra nuclear desde a Crise dos Mísseis em Cuba, entre EUA e União Soviética, em 1962.
O Paquistão reivindica a realização de um plebiscito sob supervisão internacional. A Índia considera o conflito na Caxemira uma questão interna.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário