Um dia depois dos Estados Unidos, o ditador Vladimir Putin anunciou hoje que a Rússia também vai abandonar o primeiro acordo que eliminou armas nucleares, mas prometeu não instalar novos mísseis de curto e médio alcances se Washington não o fizer.
Os EUA acusam a Rússia de desenvolver novos mísseis e violar assim o Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado em 8 de dezembro de 1987 na Casa Branca pelos então presidentes americano, Ronald Reagan, e soviético, Mikhail Gorbachev.
Esse acordo acabou com os mísseis nucleares de curto e médio alcances (500 a 5,5 mil quilômetros) instalados na Europa e na antiga União Soviética. Desde 2014, embora negue, a Rússia está produzindo mísseis proibidos pelo acordo.
O presidente Donald Trump advertiu que os EUA "vão em frente", desenvolvendo opções militares para responder à ameaça dos novos mísseis de cruzeiro russos baseados em terra, capazes de atingir a Europa Ocidental.
Como atingem seus alvos em poucos minutos, os mísseis de curto e médio alcances são considerados especialmente desestabilizadores. O tempo de reação curto aumenta o risco de uma guerra nuclear.
"Vamos responder na mesma medida", afirmou Putin no fim de uma reunião com os ministros da Defesa e do Exterior. "Nossos parceiros americanos anunciaram que estão suspendendo sua participação no tratado e nós vamos fazer o mesmo. Eles anunciaram que vão fazer pesquisa e desenvolvimento e nós vamos agir de acordo com isso."
A decisão do governo Trump também reflete a preocupação dos EUA com a China, que não faz parte do acordo. Depois do anúncio, as duas partes têm seis meses para se adaptar ao tratado ou acabar com ele.
Moscou alega que o sistema de mísseis Iskander-M tem alcance máximo de 480 km, abaixo do limite previsto no acordo. Hoje o Ministério da Defesa da Rússia divulgou imagens de satélite da fábrica da Raytheon em Tucson, no Arizona, que teria sido ampliada desde 2017 para o desenvolvimento de novos mísseis nucleares intermediários.
"O caráter e o momento da obra é uma prova irrefutável de que o governo dos EUA decidiu sair do Tratado INF antes de fazer alegações infundadas sobre violações da Rússia", declarou em nota o ministério.
Putin acrescentou que a Rússia está aberta a negociações, mas a iniciativa deve partir de Washington. Também prometeu uma resposta a uma possível instalação de armas no espaço pelos EUA. No ano passado, o ditador russo revelou o desenvolvimento de novas armas atômicas, inclusive os mísseis Avangard e Poseidon, garantindo que não podem ser interceptados.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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