Dois dias depois de sua proposta de orçamento ser rejeitada pelo Parlamento da Espanha, o primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez convocou hoje eleições gerais antecipadas par 28 de abril, noticiou o jornal espanhol El País.
Nas duas últimas eleições, o resultado foi um Parlamento fragmentado pelo surgimento de novos partidos em consequência da Grande Recessão (2008-14), Podemos, de esquerda, e Cidadãos, de centro-direita.
Acabou com o duopólio do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e do conservador Partido Popular (PP), que se alternavam no poder desde 1982 com maioria no Congresso dos Deputados, de 350 cadeiras.
Nas eleições regionais na Andaluzia, em 2 de dezembro de 2018, pela primeira vez desde o fim da ditadura do generalíssimo Francisco Franco, em 1975, a ultradireita voltou a um parlamento regional. O partido Vox ficou em quinto lugar, mas foi o fiel da balança para a formação de um governo de direita. O mesmo pode acontecer a nível nacional.
A ascensão da extrema direita, a exemplo do que acontece na maioria dos países da Europa, é atribuída, no caso da Espanha, à crise econômica, à onda de imigração da África e do Oriente Médio, e ao movimento pela independência da Catalunha.
O movimento nacionalista catalão apoiou Sánchez para derrubar, através de uma moção de desconfiança no Congresso. em junho de 2018, o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy, que adotara uma política intransigente, de linha dura contra os separatistas.
Sánchez, autor da moção de desconfiança, formou um governo de minoria sem convocar eleições. Dependia do apoio de outros partidos, inclusive do movimento nacionalista catalão.
Agora, quando começam no Tribunal Supremo da Espanha os processos contra os líderes separatistas, os partidos catalães votaram contra a proposta orçamentária dos socialistas para derrubar o governo e provocar a antecipação das eleições.
As pesquisas colocam o PSOE em primeiro lugar, com 24% das preferências do eleitorado, mas é mais provável a formação de um governo conservador com PP (21%), Cidadãos (18%) e Vox (11%).
Eles somam 50% contra 39% da esquerda.
Unidos Podemos (UP), o partido formado pela fusão do Podemos com a Esquerda Unida, possível parceiro dos socialistas num governo de esquerda, está com 15%.
Um governo de direita deve manter a linha dura contra o movimento pela independência da Catalunha, levando a questão para a Justiça, onde seus líderes são acusados de traição. A esquerda buscaria um diálogo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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