Apesar da paralisação parcial do governo federal, os Estados Unidos abriram 304 mil postos de trabalho e mais do que fecharam em janeiro de 2019, revelou hoje o relatório mensal de emprego do Departamento do Trabalho. O índice de desemprego, medido em outra pesquisa, subiu de 3,9% para 4%, num sinal de que mais gente está de volta ao mercado de trabalho.
O resultado superou amplamente a expectativa dos analistas do centro financeiro da Wall Street, que era de 165 vagas, mas houve uma revisão para baixo de 90 mil no dado de dezembro, que caiu para 222 mil empregos.
Já são 100 meses, ou 8 anos e 4 meses, de expansão contínua do mercado de trabalho, em alta desde outubro de 2010. No ano passado, os EUA criaram 2,674 milhões de empregos. O índice de desemprego amplo, que inclui quem desistiu de procurar emprego ou trabalha em meio turno, subiu em janeiro de 7,6% para 8,1%.
A média dos salários registrou um avanço de 3,2% nos últimos 12 meses, um pouco abaixo dos 3,3% de dezembro, mas perto do ritmo mais forte em uma década.
Este forte desempenho do mercado de trabalho é um novo desafio para o Conselho da Reserva Federal, a diretoria do banco central dos EUA, que manteve nesta semana inalterada a taxa básica de juros da maior economia do mundo e anunciou uma pausa nas altas.
A expectativa de alta dos juros abalou o mercado financeiro, que teve seu pior dezembro desde 1931, durante a Grande Depressão (1929-39) e provocou críticas do presidente Donald Trump. Mas janeiro foi dos melhores desde os anos 1980s.
"Um mercado de trabalho apertado e um crescimento salarial saudável sustentam o crescimento econômico. Os dados de hoje devem estimular os gastos dos consumidores e podem ajudar o mercado de ações", observou Kully Samra, vice-presidente da corretora americana Charles Schwab. "No entanto, uma série de dados positivos podem levar o Fed a suspender a pausa na alta de juros, o que provavelmente traria de volta a volatilidade e as quedas na bolsa."
Para o economista James Knightley, do banco holandês ING, os dados de hoje fortalecem o argumento pelo aumento nos juros: "Com os salários em alta e os trabalhadores sentindo-se seguros em seus empregos, o consumo deve continuar firme, acrescentando pressões inflacionárias à economia."
Isto exigiria novas altas de juros. "O presidente do Fed, Jerome Powell, falou em contracorrentes na economia e no mercado para justificar a pausa, mas, se tivermos boas notícias nas relações comerciais EUA-China, isto vai retirar parte do pessimismo global. Continuamos a acreditar que os fundamentos sólidos [da economia dos EUA] devem ser suficientes para convencer o Fed a elevar as taxas de juros no verão" no Hemisfério Norte.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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