Depois de ocupar militarmente as instalações da construtora brasileira Norberto Odebrecht e de proibir a saída de seus diretores do país, sob acusação de tentativa de suborno, o presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçou hoje não pagar a dívida contraída com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar a construção da hidrelétrica de São Francisco.
O governo equatoriano alega que a obra tem diversos problemas estruturais. A empresa os atribuiu a uma erupção vulcânica não-prevista pelo projeto do governo.
É mais um gesto prepotente e arbitrário da chamada esquerda revolucionária da América Latina, que pretende recriar o socialismo no século 21, sob a liderança do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. O discurso do presidente da Bolívia, Evo Morales, na Assembléia Geral da ONU, dizendo que se trava em seu país em embate entre capitalismo e socialismo, foi apenas mais uma declaração de princípios.
Correa está em plena campanha para o plebiscito do próximo domingo. Quer aprovar uma nova Constituição que amplia seus poderes. Em vez de recorrer à Justiça, como seria legítimo e democrático num Estado de Direito, para processar a empresa por suas supostas atividades ilegais e tentativas de suborno, preferiu jogar para as câmeras e para o eleitorado.
Sem querer criar uma crise internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou em Nova Iorque, onde participa da reunião anual da Assembléia Geral das Nações Unidas, que acredita ser possível chegar a um entendimento numa conversa direta com Correa. O Itamaraty espera que a situação se acalme depois da votação no Equador.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário