domingo, 21 de setembro de 2008

Partidários de Mbeki podem fundar novo partido

Os aliados do presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, revoltados pela maneira como ele foi pressionado a renunciar pelo Congresso Nacional Africano (CNA), devem romper com o partido histórico que liderou a luta contra o regime segregacionista do apartheid e fundar um novo partido.

Em pronunciamento feito hoje em cadeia nacional de televisão, Mbeki explicou as razões de estar entregando o cargo sete meses antes do fim ao Parlamento da África do Sul. Foi um discurso sem mágoa e sem ressentimento, em que agradeceu a oportunidade de poder ter servido à nação e ao partido de Nelson Mandela, Albert Lutuli, Oliver Tambo e outros heróis.

Sob seu governo, a África do Sul atingiu taxas de crescimento razoáveis, mas a distribuição da renda piorou. O combate à aids foi negligenciado, inclusive por causa de declarações do presidente que associavam a doença mais à miséria do que ao vírus da imunodeficiência humana (HIV).

Em política externa, Mbeki é acusado de ter apoiado durante uma década as arbitrariedades do presidente Robert Mugabe, que levaram o vizinho Zimbábue a uma profunda crise, com uma inflação hoje em 40.000.000% ao ano.

A maior crítica da oposição interna em seu próprio partido era que Mbeki teria se convertido numa espécie de stalinista de mercado. Distante da realidade social do país, incapaz de se comunicar com o povo e o partido, ele não teria feito o suficiente para resgatar da miséria a grande maioria negra sul-africana, longamente massacrada pelo domínio da minoria branca, que durou três séculos e acabou em 1994, com a eleição de Nelson Mandela.

Quando a Suprema Corte anulou os processos por corrupção contra o ex-vice-presidente Jacob Zuma, afastado por corrupção, Zuma contra-atacou. Ele já tinha derrotado Mbeki na eleição para a liderança do CNA no final do ano passado. Só esses processos por corrupção num negócio de compra de armas o afastavam da presidência do país.

Agora, o parlamento pode até antecipar a eleição e Zuma garantiu a candidatura pelo CNA. Ele não conseguiu provar sua inocência. O processo foi anulado por erros de procedimentos da polícia na investigação. Um dos juízes revelou que houve pressões do Executivo para incriminá-lo.

Zuma não é inocente por causa disso. Já se apoderou da máquina do partido e do governo. A queda do presidente hoje foi uma espécie de golpe de Estado branco. O partido cassou o mandato do presidente.

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