Em mais uma atitude prepotente e arbitrária, a Venezuela expulsou dois diretores da organização não-governamental Human Rights Watch (Vigília dos Direitos Humanos).
Horas antes, José Miguel Vivanco, diretor regional da ONG, e David Wilkinson haviam apresentado um relatório denunciando o desrespeito à liberdade de imprensa, o fim da separação entre os poderes e a intolerância política que marcam os últimos 10 anos desde a vitória de Hugo Chávez na eleição presidencial de 1998.
Ambos tinham entrado na Venezuela com vistos de turista. Isso os impedia de exercer atividades políticas. Foi a desculpa usada pelo chavismo para expulsá-los. Os dois foram detidos e levados diretamente para o aeroporto
Pior foi o argumento do ministro da Informação da Venezuela. Ele acusou a ONG de ser aliada na luta dos Estados Unidos contra o governo venezuelano e de criar um clima propício a uma suposta tentativa de golpe denunciada pelos aliados do presidente na campanha para as eleições municipais venezuelanas. Alguns oficiais foram presos.
É típico de governos autoritários usar a suposta ameaça de inimigos externos para submeter a oposição interna, acusando-a de estar a serviço do inimigo. O presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, e seu Partido Republicano também fazem isso. No seu estilo caubói, tem mais semelhanças do que o caudilho venezuelano desconfia.
A Human Rights Watch não poupado críticas ao governo Bush na sua guerra contra o terrorismo, marcada por tortura, seqüestro, desaparecimento de pessoas e detenções ilegais. Para a propaganda chavista, isso pouco importa.
Em entrevista à GloboNews, Vivanco disse que nunca havia sido expulso de país algum dessa maneira. Ele foi colocado em um vôo da Varig para São Paulo. Só soube qual seria seu destino ao embarcar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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