O primeiro-viúvo, Assif Ali Zardari, herdeiro político da ex-primeira-ministro Benazir Bhutto, foi eleito hoje indiretamente presidente do Paquistão. Ele substituirá o ex-ditador Pervez Musharraf, que renunciou no mês passado para escapar de um processo de impeachment.
Playboy na juventude, Zardari ganhou a sorte grande ao casar com a jovem e bela herdeira de um dos grandes heróis paquistaneses, Zulfikar Ali Bhutto, presidente (1971-73) e primeiro-ministro (1973-77), executado em 1979 por uma das tantas ditaduras militares da história do país.
Benazir foi a primeira mulher a chefiar o governo de um país muçulmano. Durante seu governo, Zardari era conhecido como Sr. 10%, por causa da comissão que cobrava para intermediar negócios com o Estado paquistanês.
Ele chegou lá por mais uma sucessão de erros e tragédias. Há um ano, ninguém cogitaria esse resultado final.
Como o Paquistão é o único país muçulmano com armas nucleares, os Estados Unidos têm muito medo que grupos terroristas islâmicos tenham acesso a bombas atômicas. O general Musharraf era considerado pelo governo americano um guardião confiável do arsenal nuclear paquistanês.
Os EUA articularam uma transição para a democracia em que Musharraf seguiria na presidência e Benazir seria a primeira-ministra. Mas para garantir sua terceira eleição indireta, o general decretou estado de emergência e afastou 60 juízes, inclusive o presidente da Suprema Corte.
Benazir chegou ao país e foi obrigada a atacar o general, extremamente impopular por causa do estado de emergência, na campanha eleitoral. Foi assassinada por radicais muçulmanos, os chamados talebã paquistaneses, em 27 de dezembro de 2007.
Era a chance para Zardari. Ele aproveitou.
Em dezembro, ele declarou que não aspirava cargos: "Sou como Sonia Gandhi", disse, comparando-se com o viúva do primeiro-ministro indiano Rajiv Gandhi.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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