Representantes da República Popular da China e da República da China em Taiwan mantiveram hoje o primeiro contato direto desde a vitória da revolução comunista liderada por Mao Tsé-tung, em 1º de outubro de 1949, e da fuga dos nacionalistas chineses para a ilha que o governo de Beijim considera uma província rebelde e ameaça invadir se declarar independência.
O encontro, realizado em Nanquim, uma das capitais da China no passado, não deve mostrar resultado práticos imediatos. É mais um gesto simbólico do fim da rivalidade entre inimigos históricos.
"Antes do encontro de hoje, é difícil imaginar que as relações bilaterais chegassem a esse ponto", festejou o presidente do conselho de Taiwan para assuntos relativos à China continental, citado pelo jornal The New York Times.
A ditadura comunista chinesa impôs sua política de que "só existe uma China", negando legitimidade à pretensão de Taiwan sobre todo o território chinês. Para estabelecer relações com um país, exige o rompimento com Taiwan.
Essa situação mudou rapidamente, levando ao isolamento de Taiwan desde que os EUA apoiaram a troca do regime que ocupa a cadeira da China nas Nações Unidas, em 1971, e restabeleceram relações diplomáticas com Beijim, em 1978.
Com o extraordinário crescimento econômico chinês a partir de 1978, Taiwan se beneficiou, canalizando recursos para investimento no continente.
Em 1996, quando um candidato a presidente defendeu a independência da ilha, a China apontou mísseis para ameaçá-lo e os EUA mandaram navios de guerra para o Estreito de Taiwan. Desde então, a China desenvolveu suas Forças Armadas para neutralizar um atitude igual dos EUA no futuro.
O atual presidente taiwanês, Ma Ying-jeou, elegeu-se em 2008 e reelegeu-se em 2012 com a "política dos três nãos: não à guerra, não à independência e não à unificação". Conseguiu desarmar as tensões.
A China gostaria de repetir em Taiwan a fórmula que usou para reintegrar Hong Kong: um país com dois sistemas econômicos. Mas os taiwaneses não estão dispostos a abrir mão da liberdade.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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