Há uma sensação de pânico, de salve-se quem puder na economia da Venezuela onde o índice de desabastecimento do Banco Central chegou a 28%. Num país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo, faltam dólares, açúcar, carne, leite, farinha de trigo, energia elétrica, papal higiênico e insulina para os diabéticos.
O presidente Nicolás Maduro herdou o caos econômico do comandante Hugo Chávez. Tornou a situação ainda pior. A inflação subiu de 20,1% em 2012, último ano de Chávez, para 56,2% em 2013. Neste ano, pode chegar a 70%. É a maior da América Latina.
Nos 15 anos desde a posse de Chávez, em 1999, a Venezuela faturou US$ 1 trilhão exportando petróleo, mas sua economia está implodindo. O "bolívar forte" perdeu 73% do valor no ano passado. Vale 13 vezes menos no mercado paralelo do que no câmbio oficial.
A resposta do governo é congelar preços e acusar produtores, distribuidores e comerciantes de terem "lucros abusivos". Maduro já limitou o lucro por decreto em 30%.
Com os gastos públicos fora de controle e um crescimento de apenas 1,4% no ano passado, a Venezuela perde cerca de US$ 850 milhões em divisas por mês, numa inacreditável crise cambial num país rico em petróleo com o preço do barril em torno de US$ 100.
"A escassez que sofremos deve ter um agravamento muito importante em curto prazo porque o governo tem dívidas com os empresários, que por sua vez têm dívidas com fornecedores estrangeiros que já estão cortando o suprimento", prevê o economista Ronald Balza, professor da Universidade Católica Andrés Bello. "Este ano se espera uma piora em geral nas condições econômicas."
Se a insatisfação chegar às camadas mais pobres que são a base política do chavismo, o regime vai perder o apoio popular. Se o caos econômico minar a legitimidade do regime perante as Forças Armadas, estará realmente sob ameaça.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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