sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

China pede a Obama que não receba Dalai Lama

Diante da iminência de uma visita à Casa Branca do Dalai Lama, líder político e espiritual do Tibete no exílio, o regime comunista da China fez um apelo hoje ao presidente Barack Obama para que não o receba.

A ditadura militar chinesa acusa o Dalai Lama de lutar pela indepenência do Tibete. Na verdade, ele quer apenas a autonomia regional prevista na Constituição do país. Em Beijim, uma porta-voz do Ministério do Exterior chinês ameaçou retaliar, prejudicando quem afetar os interesses chineses.

Para aplacar a ira chinesa, Obama não vai receber o Dalai Lama no Salão Oval da Casa Branca, o escritório do presidente dos Estados Unidos. Será um encontro privado na ala residencial do palácio, sem cobertura jornalística.

As relações bilaterais entre as duas maiores potências mundiais se tornaram mais frias nos últimos anos. Desde a crise financeira mundial iniciada nos EUA, o governo chinês sente-se mais confiante para desafiar a hegemonia americana e pressionar os vizinhos com que tem disputas territoriais.

Para o regime comunista, a questão tibetana é um assunto interno da China. O Tibete foi incorporado à China no século 13, quando ambos eram dominados pelo Império Mongol. Só se tornou independente em 1912, com o colapso do Império Chinês.

Em 1950, depois da vitória da revolução comunista em 1º de outubro de 1949, Mao Tsé-tung mandou o Exército Popular de Libertação invadir e ocupar o Tibete, o que levou dez meses por causa da dificuldade de acesso por falta de estradas.

Durante a campanha de mobilização e endurecimento do regime comunista chamada de Grande Salto para a Frente (1958-61), que causou fome em massa, entre 200 mil e 1 milhão de tibetanos foram mortos.

Depois de uma fracassada revolta contra a campanha chinesa, em 1959, Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, fugiu para o exílio na Índia e se tornou o principal símbolo da resistência cultural do Tibete contra a assimilação forçada pelo regime comunista. Na Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), a grande era de radicalização do maoísmo, cerca de 6 mil mosteiros tibetanos foram destruídos.

Desde então, houve várias revoltas contra a ditadura de Beijim, todas duramente reprimidas, a mais recente em 2008, quando pelo menos 80 pessoas foram mortas, segundo o governo tibetano no exílio. A China acusou o Dalai Lama de articular a rebelião, descrita como tentativa de luta pela independência total.

Sem condições de enfrentar a força da ditadura comunista, os tibetanos iniciaram recentemente uma campanha de autoimolações ateando fogo às próprias roupas para se suicidar. De 27 de janeiro de 2009 a 14 de fevereiro de 2013, cerca de cem tibetanos se incendiaram em protesto contra o regime chinês. Pelo menos 78 morreram.

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