O que acontece atrás das câmeras é ainda pior. O jornalista Teodoro Petkoff, do jornal Tal Cual, denuncia abusos sexuais cometidos contra oposicionistas presos como tortura enfiando o cano de um fuzil no ânus de um jovem na cidade de Valência.
Antes de se entregar ontem, o líder oposicionista Leopoldo López gravou um vídeo pedindo que o movimento não recue diante da onda repressiva cada vez mais violenta. Ele deve ser apresentado hoje à Justiça. A oposição convocou uma marcha até o tribunal.
O governo o acusa por terrorismo, homicídio e incêndios criminosos. Mas até onde se sabe, até agora, a violência partiu principalmente do governo e das seis milícias aliadas ao chavismo, que atiram contra multidões de oposicionistas desarmados. Pelo menos quatro pessoas morreram.
Sem o mesmo carisma, seu sucessor, Nicolás Maduro, venceu a eleição presidencial de 14 de abril de 2013 por pouco mais de 1% dos votos, apesar do uso maciço da máquina estatal. O candidato oposicionista derrotado, Henrique Capriles, recorreu, mas a Justiça chavista confirmou o resultado oficial.
Desde então, Capriles adotou uma estratégia de diálogo com o governo, rejeitada por oposicionistas mais radicais como López diante da gravidade da crise.
A inflação chegou a 56% ao ano. O dólar vale 13 vezes mais no mercado paralelo. Cerca de 26% dos produtos normalmente encontrados em supermercados estão em falta, inclusive carne, leite e papel higiênico. Há escassez de energia, apagões e falta de dólares num dos países com as maiores jazidas de petróleo do mundo.
E o que fazem o Brasil e seus aliados no Mercosul? Apoiam o regime chavista, ignorando a cláusula democrática que deveria ser respeitada por todos os países-membros do bloco.
Enquanto o governo brasileiro ignora a matança de mais de 130 mil pessoas na guerra civil da Síria, ficando ao lado da China e da Rússia no bloqueio a qualquer tentativa de interferir no conflito em nome do princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros países, não tem o menor pudor de tomar partido na Venezuela.
Quem é o responsável: a presidente Dilma Rousseff, o Itamaraty ou o assessor especial Marco Aurélio Garcia, fã incondicional dos regimes bolivaristas que nada tem a ver com o libertador Simón Bolívar, que não era de esquerda?
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