O crescimento de 1,6% na comparação anual no fim de 2013 foi o melhor da Zona do Euro. O avanço de 0,5% no último trimestre do ano passado foi o segundo melhor da Eurozona, atrás apenas da Holanda.
Três anos depois de pedir uma ajuda de emergência de 78 bilhões de euros à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional, de passar pela pior recessão em 40 anos, ver o desemprego chegar a 18% e seus jovens mais talentos saírem do país, Portugal é "a nossa estrela do crescimento na Europa", descreveu o economista Christian Schulz, do banco Berenberg, de Londres.
Na sua opinião, a crise obrigou os países da periferia da Eurozona a fazer profundas reformas estruturais e aumentar a competitividade das exportações. "Portugal, e não a Espanha, é a grande surpresa positiva", comenta o economista Ralph Solveen, do banco alemão Commerzbank, citado pelo jornal inglês Financial Times, principal diário econômico europeu.
Se nos 10 anos desde a introdução do euro, a economia portuguesa se estagnou e se endividou, incubando a crise, desde 2010, as exportações cresceram 24,2%, enquanto as importações caíram 5,1%. Pela primeira vez em duas décadas, Portugal teve saldo comercial positivo. As exportações representam hoje 41% do PIB; em 2008, eram 28%.
No último trimestre de 2013, o consumo doméstico voltou a ter um peso positivo no crescimento do produto interno bruto português.
O setor de calçados, que estava deprimido pelo concorrência chinesa, cresceu 28% nos últimos quatro anos. Tem cerca de 1,7 mil empresas, que exportam 98% da produção.
No turismo, o faturamento de 2013 foi recorde, de 9 bilhões de euros, quase 14% do total das exportações.
O preço do ajuste foram 400 medidas tomadas pelo governo conservador para aumentar a competitividade, inclusive cortes de salários, pensões e benefícios sociais. Dezenas de milhares de pequenas empresas quebraram. Muitos trabalhadores jamais vão recuperar seus empregos. A desigualdade social aumentou, mas Portugal sai mais fortalecido para a competição econômica do mundo globalizado.
Agora, o desafio é atrair indústria de alta tecnologia para dar um salto de qualidade que o país ainda está devendo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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