quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Israel ataca base onde Síria armazenava mísseis

Uma forte explosão numa base militar da Síria em Latákia, na Síria, foi atribuída a Israel pelo governos dos Estados Unidos. Um míssil teria sido disparado do Mar Mediterrâneo para destruir mísseis que supostamente seria enviados à milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).

Como de costume, Israel não confirma as operações militares realizadas no exterior. Na manhã de hoje, os jornais israelenses noticiaram uma "grande explosão" numa base síria, sem identificar a causa. Desde o início da guerra civil na Síria, há dois anos e meio, a Força Aérea de Israel bombardeou a Síria pelo menos duas vezes.

França mantém imposto de 75% e futebol vai à greve

Sem conseguir reduzir a alíquoto de 75% para o imposto de renda de quem ganha acima de 1 milhão de euros por ano, uma promessa de campanha do presidente François Hollande, os clubes de futebol dos campeonatos franceses da 1ª e da 2ª divisões decidiram manter a greve convocada para o último fim de semana de novembro, anunciou hoje o presidente do Sindicato dos Clubes de Futebol Profissional, Jean-Pierre Louvel.

Hollande recebeu hoje à tarde os dirigentes do futebol francês, mas não quis abrir mão da alíquota que já provocou a emigração do ator Gérard Depardieu, que se naturalizou russo num golpe publicitário do presidente Vladimir Putin.

O governo socialista francês alega não fazer sentido privilegiar os jogadores de futebol, que inevitavelmente vão pressionar os clubes diante da redução do salário efetivamente recebido.

A alíquota excepcional "será aplicada durante dois anos", reiterou o Palácio do Eliseu. "A necessidade de equilibrar as contas públicas justifica plenamente o esforço exigido das empresas que escolheram pagar remunerações anual de tal nível".

Extremamente impopular, com o apoio de apenas 23% dos franceses, desemprego em alta e sem soluções para tirar a França da estagnação econômica, Hollande corre o risco de comprar uma briga com as torcidas de futebol que tem pouca chance de ganhar.

OPAQ anuncia destruição de fábricas de armas químicas da Síria

A Organização para Proibição de Armas Químicas declarou hoje ter encerrado a tarefa de destruir todas as fábricas de armas químicas da Síria, noticia a agência Reuters.

Diante da ameaça dos Estados Unidos de bombardear o país depois de um ataque químico que matou 1.429 pessoas em 21 de agosto de 2013, o ditador Bachar Assad aceitou uma proposta da Rússia para entregar todas as suas armas químicas.

Como era um grande arsenal nuclear, esperava-se inicialmente que o processo durasse até meados de 2014. Fica assim a suspeita de que o regime sírio tenha escondido parte de suas instalações.

Uma investigação das Nações Unidas concluiu que armas químicas foram usadas em 21 de agosto, dentro da guerra civil na Síria. Mas, sob pressão da Rússia, a missão não determinou quem foram os responsáveis.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Adolescentes têm 20 mil filhos por dia no mundo

Todos os dias cerca de 20 mil meninas com menos de 18 anos de idade têm filhas e 200 morrem de complicações da gravidez ou no parto só nos países em desenvolvimento. São 7,3 milhões de mães adolescentes por ano, sendo 2 milhões menores de 15 anos, e a tendência é que sejam 3 milhões até 2030, revela o relatório anual do Fundo de População das Nações Unidas.

A gravidez indesejada afeta a saúde, a educação, a empregabilidade de meninas no mundo inteiro. É um obstáculo a seu pleno desenvolvimento, acrescenta o relatório Maternidade Precoce: enfrentando o desafio da gravidez na adolescência.

NSA se infiltrou em servidores do Google e Yahoo

A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos invadiu secretamente os elos de ligação entre os servidores e bancos de dados das empresas de Internet americanas Google e Yahoo no mundo inteiro, revelam documentos vazamentos pelo ex-funcionário subcontratado pelos serviços secretos Edward Snowden, denuncia o jornal The Washington Post.

O general Keith Alexander, diretor da NSA, desmentiu a notícia, afirmando que a agência não tem autorização legal para fazer isso sem ordem judicial. Veja o esboço do esquema de espionagem.

China prende com suspeitos de terrorismo

Cinco suspeitos foram presos pela polícia da China nas investigações sobre a explosão de um carro há dois dias na Praça da Paz Celestial, em Beijim, descrita pelas autoridades como uma ação terrorista. Dois turistas que estavam na rua e os três ocupantes do veículos, um utilitário esportivo, morreram.

O nome do motorista indica ligações com a minoria muçulmana uigur, que luta contra as políticas de assimilação cultural da ditadura comunista chinesa na província de Xinjiang, no Noroeste da China, onde um grupo rebelde armado defende a independência do que chama de Turquestão Oriental.

Nada preocupa mais o regime chinês do que o risco de independência do que considera províncias rebeldes: Taiwan, o Tibete e Xinjiang.

Primeiro-ministro do Iraque pede armas nos EUA

Durante uma visita de três dias a Washington em que irá à Casa Branca na sexta-feira, o primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki vai pedir aos Estados Unidos armas para combater a crescente onda de violência sectária decorrente da guerra civil na vizinha Síria. Já enfrenta resistências.

Um grupo de senadores dos dois partidos enviou carta ao presidente Barack Obama acusando o governo Maliki de ser dominado pelo Irã e e discriminar a minoria sunita, contribuindo assim para agravar o conflito entre sunitas e xiitas.

Desde abril, atentados a bomba e tiroteios causaram a morte de mais de 5,5 mil pessoas. Há pelo menos dois atentados por semana contra espaços abertos cheios de gente como feiras livres, cafés, estações de ônibus, mesquitas e locais sagrados para os xiitas.

A maior responsabilidade pela violência é atribuída à rede terrorista Al Caeda e ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante, seu aliado. Em resposta, os xiitas organizam "comitês populares" de vigilantes para se proteger e cobrar do governo uma resposta mais dura e eficiente contra o terror, além de apelar a suas milícias.

Depois do ataque contra um santuário xiita em Samarra, em 22 de fevereiro de 2006, o Iraque caiu numa espiral de violência que chegou à beira da guerra civil entre as duas principais corrente do islamismo. No início de 2007, o então presidente americano George W. Bush ordenou um reforço de 30 mil homens no contingente dos EUA no país.

Um cessar-fogo entre os EUA e a milícia xiita liderada pelo aiatolá rebelde Muktada al-Sader, e a revolta de sunitas moderadas contra o extremismo d'al Caeda reduziram significativamente a violência, permitindo uma retirada honrosa para os americanos no fim de 2011.

A guerra civil na Síria reacendeu o conflito sectário no Iraque, que serve de corredor de passagem da ajuda do Irã à ditadura aliada de Bachar Assad e dos jihadistas recrutados pela Caeda para a "guerra santa" no país vizinho.

França pagou 20 milhões de euros por reféns

Ao contrário do que afirmaram ontem, autoridades da França pagou resgate à rede terrorista Al Caeda no Magreb Islâmico pela libertação de quatro reféns sequestrados em 2010 no Norte do Mali e libertados ontem Níger, no Oeste da África.

O pagamento, de 20 milhões de euros, teria sido feito com o dinheiro de fundos secretos dos serviços de inteligência da França, informa o jornal francês Le Monde. Essa quantia é suficiente para financiar as atividades terroristas do grupo.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

EUA acusam Espanha e França por espionagem

O megaprograma de espionagem de ligações telefônicas que causou furor na Espanha e na França foi realizado pelos serviços secretos desses países, acusaram hoje funcionários não identificados do governo dos Estados Unidos, envolvido num escândalo de espionagem por monitorar telefonemas e usar a Internet a pretexto de coletar informações sobre terrorismo.

Na versão americana, os serviços secretos francês e espanhol coletaram os dados e os repassaram à Agência de Segurança Nacional dos EUA, com quem têm acordos de cooperação.

Em audiência no Senado, o diretor nacional de Inteligência, James Clapper, declarou não ter dúvida de que os aliados espionam os EUA.

O diretor da Agência de Segurança Nacional, general Keith Alexander, defendeu vigorosamente o programa, afirmando que "salvou milhares de vida nos EUA e no exterior". Ele negou hoje que a NSA tenha invadido os servidores e centros de dados do Google e do Yahoo, como denunciou o jornal The Washington Post.

Quatro reféns franceses são libertados no Níger

Depois de mais de mil dias de sequestro, quatro franceses, Thierry Dol, Daniel Larribe, Marc Féret e Pierre Legrand, foram libertados no Níger, um país do Leste da África, anunciou hoje o presidente da França, François Hollande. Eles tinham sido capturados pela rede terrorista Al Caeda no Magreb Islâmico.

Índia aumenta taxa básica de juros para 7,75% ao ano

O Banco da Reserva da Índia, banco central do país aumentou hoje sua taxa básica de juros pelo segundo mês seguido, desta vez para 7,75% ao ano, para combater a inflação, que há quatro meses está acima da meta, de 5% ao ano.

A alta de juros era esperada pelos economistas.

China admite ação terrorista em Beijim

A China está tratamento como um ataque terrorista a explosão e incêndio de um carro jogado contra a multidão ontem na Praça da Paz Celestial, o maior ponto de concentração de turistas de Beijim, a capital do país, onde aconteceu um massacre de manifestantes oposicionista em 4 de junho de 1989.

Os três ocupantes do carro e dois turistas morreram no atentado. Outras 38 pessoas saíram feridas. Testemunhas disseram que o carro andou uns 400 metros sobre a calçada, buzinando para afastar os pedestres até explodir perto da ponte de acesso ao Portão da Paz Celestial, onde há uma foto de Mao Tsé-tung, o fundador da República Popular da China. O portão dá acesso à Cidade Proibida, o antigo palácio imperial.

A polícia chinesa fez uma varredura ontem à noite nos hotéis da capital, divulgou o nome de dois suspeitos e sugeriu que a ação partiu de muçulmanos uigures, uma minoria étnica com forte presença na província de Xinjian, no Noroeste da China.

Nos últimos meses, houve vários confrontos entre uigures e a polícia. Há um movimento rebelde na região pela independência do Turquestão Oriental. Aparentemente, agora o conflito chega a Beijim.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Carro explode na Praça da Paz Celestial em Beijim

Pelo menos três pessoas morreram quando um carro avançou sobre a multidão na Praça da Paz Celestial, no centro de Beijim, e explodiu em chamas nesta segunda-feira. Os três ocupantes do veículos, uma turista filipina e um chinês de Cantão foram mortos, e 38 pessoas saíram feridas.

Fotos da explosão divulgadas nas mídias sociais da censurada Internet chinesa foram rapidamente removidas, a área da explosão foi fechada e limpa pela polícia em cerca de meia hora. Dois repórteres da agência de notícias France Presse que investigavam o caso foram detidos.

Ainda não está claro o que aconteceu, mas parece evidentemente se tratar de uma ação deliberada. As maiores suspeitas recaem sobre os rebeldes muçulmanos uigures da província de Xinjiang, no Noroeste da China, que lutam pela independência do Turquestão Oriental, onde houve conflitos mortais recentemente.

Com uma sessão plenária do Comitê Central do Partido Comunista marcada para novembro, crescem as suspeitas de que tenha sido um ato de terrorismo político.

domingo, 27 de outubro de 2013

Lou Reed morreu

O cantor e compositor de rock americano Lou Reed, antigo líder e cantor da banda Velvet Underground, morreu aos 71 anos, informou hoje a revista Rolling Stone. A causa da morte não foi revelada. Ele tinha se submetido a um transplante de fígado há cinco meses.

Lewis Allan Reed nasceu no bairro nova-iorquino do Brooklyn em 1942. Na segunda metade dos anos 1960s, fundou The Velvet Undergroung, que mesclava influência da música de vanguarda europeia com o lirismo e o peso do rock'n'roll.

Camaleônico, imprevisível, pré-punk e alternativo, nas palavras da Rolling Stones, Reed foi instigante e criativo até o fim da vida. "Uma corda está bem", disse uma vez, comentando seu estilo limitado de tocar guitarra. "Duas cordas já são um desafio. Três cordas já é jazz".

Seu primeiro disco, The Velvet Underground & Nico, produzido pelo artista pop Andy Warhol, está entre os melhores da História do Rock.

Netanyahu: Irã pode ter urânio para bomba em semanas

A República Islâmica do Irã pode adquirir em semanas a capacidade de enriquecer urânio acima de 90%, o teor necessário para fabricar armas atômicas, advertiu hoje o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Na análise da empresa de estudos estratégicos americana Stratfor, Israel vai continuar tentando minar as negociações entre as cinco grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) mais a Alemanha e o Irã para desarmar o programa nuclear iraniano.

O presidente Barack Obama prefere uma solução negociada e a postura moderada do novo presidente do Irã, aiatolá Hassan Rouhani, abriram espaço para negociações. Israel teme que o Irã tente apenas ganhar tempo.

Nas negociações realizadas em Genebra, na Suíça, o Irã exige o fim das sanções que sufocam sua economia. Em troca, aceitou se submeter a inspeções irrestritas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e teria parado de enriquecer urânio a 20%, teor necessário para uso num reator nuclear para pesquisas médicas.

Para fazer a bomba atômica, o urânio precisa ser enriquecido a um teor de mais de 90% de urânio-235, o isótopo mais instável, que se desintegra numa reação em cadeia numa explosão atômica. O Irã ainda não teria chegado lá, mas quem concentra a 20% pode chegar a 90%. É uma questão de tempo.

Na semana passada, um ex-chefe do serviço secreto das Forças de Defesa de Israel que hoje dirige um instituto de estudos de segurança e defesa em Telavive alertou que o tempo para uma ação militar capaz de neutralizar o programa nuclear iraniano está se esgotando.

O governo israelense aguarda a próxima rodada de negociações, mas terá de tomar logo a decisão de bombardear ou não as instalações nucleares do Irã. E só considera aceitável um acordo que proíba o regime fundamentalista iraniano de enriquecer urânio.

Japão rejeita mudanças pela força na Ásia

Num recado direto para a China, o primeiro-ministro Shinzo Abe declarou hoje a militares japoneses que o Japão não vai tolerar mudanças no status quo pela força. O país anunciou recentemente a realização de grandes manobras militares para proteger algumas ilhas remotas a sudoeste das ambições chinesas.

A China disputa ilhas ou mar territorial com o Japão, a Coreia do Norte, a Coreia do Sul, as Filipinas, a Malásia, o Vietnã, Brunei e Taiwan. Também tem conflitos de fronteiras terrestres com a Índia, o Butão e a Coreia do Norte.

sábado, 26 de outubro de 2013

Jornalista chinês faz confissão de caráter stalinista

Um jornalista chinês preso há oito dias sob a alegação de difamar uma empresa fez uma confissão pública na televisão declarando ter publicado informações falsas, numa humilhação que lembra as autocríticas que os dissidentes comunistas eram obrigados a fazer nos processos forjados pela ditadura de Josef Stalin na União Soviética (1927-53). O jornal Novo Expresso, de Cantão, publicou manchetes na quarta e na quinta-feira pedindo sua libertação.

Chen Yongzhou, de 27 anos, foi detido em 18 de outubro por "suspeita de causar danos à reputação comercial" em razão de reportagens criticando as práticas empresariais e os balanços financeiros da Zoomlion Heavy Industry Science and Technology Company, a segunda maior fabricante de máquinas pesadas da China.

Nos dias seguintes, o jornal, inúmeros blogueiros e outros meios de comunicação chineses acusaram a polícia de abusar do poder e censurar o trabalho jornalístico em defesa dos interesses de grandes empresas e governantes, conta o jornal The New York Times.

O governo da província de Hunã tem participação na empresa, e a polícia de Changsa viajou cerca de 700 quilômetros para prender Chen em Cantão, no Sudeste da China.

Durante a confissão aparentemente forjada, numa declaração de nove minutos, Chen afirmou não ter escrito "nenhuma das reportagens", alegando que "o rascunho original me foi dado por eles", sem esclarecer quem seriam os verdadeiros culpados.

Chen estava algemado e com uniforme prisional verde. A emissora estatal CCTV afirmou que o jornalista "expressou um remorso sem fim por seus crimes", acrescentando: "Fiz isso principalmente para conseguir fama e fortuna. Fui usado".

É com esta ditadura comunista que inventou o "stalinismo de mercado", persegue jornalistas, ameaça os países vizinhos e não respeita os direitos humanos que o governo brasileiro fez uma parceria estratégica ao atrair duas estatais de petróleo chinesas para o consórcio que levou o campo de libra, com 8 a 12 bilhões de barris, num leilão fracassado, sem concorrência.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Terror de Kony expulsa 440 mil de suas casas

Depois de 25 anos de terrorismo e assassinatos em massa, o Exército de Libertação do Senhor obrigou mais de 440 mil pessoas a fugirem de suas casas neste ano no Centro da África, declararam especialistas em segurança africanos e europeus em conferência no Parlamento Europeu no início do mês.

Seu líder, Joseph Kony, bombou na Internet em 2012 como um dos grandes vilões da humanidade por recrutar à força meninos para lutar como soldados.

Desde então, os Estados Unidos e vários países africanos lançaram uma caçada a Kony. Com uma milícia de cerca de 500 homens, ele escapou até agora.

Na opinião do padre congolês Ernest Sugule, o ELS deixou de ser visto como uma ameaça aos governos da região. Afastou-se das áreas estratégicas para atacar e saquear populações e aldeias indefesas.

Justiça da China rejeita recurso de Bo Xilai

Um tribunal de recursos da China negou hoje provimento a um recurso apresentado pelo ex-dirigente comunista Bo Xilai contra sua condenação à prisão perpétua por corrupção, abuso de poder e enriquecimento ilícito, acabando com uma carreira meteórica de estrela em ascensão da linha dura do Partido Comunista. Quando caiu em desgraça, ele era um dos 25 membros do Politburo do Comitê Central, candidato ao Comitê Permanente do Politburo, os sete imperadores que mandam na China.

Como líder do partido e governador da província de Xunquim, Bo Xilai resgatou métodos, a cultura vermelha do tempo de Mao Tsé-tung e até hinos de propaganda da Revolução Cultural a pretexto de combater a corrupção. Tentou criar uma nova esquerda mais estatizante, alternativa às políticas econômicas liberais adotadas a partir das reformas de Deng Xiaoping, sem abrir mão do investimento estrangeiro. Hoje a China é outra.

Bo Xilai investiu maciçamente em obras públicas, com casas subsidiadas para os pobres, e numa imagem de rigoroso e implacável com a corrupção. Em 2008, nas estatísticas oficiais, Xunquim cresceu 14,3%, acima dos cerca de 8% da China como um todo.

Na luta pelo poder, Bo montou um esquema de espionagem que teria escutado clandestinamente telefonemas do presidente Hu Jintao. Talvez essa infração à disciplina e à hierarquia interna do PC chinês tenha sido fatal para suas ambições.

Sua administração policialesca, marcada por abusos de poder e perseguições políticas, terminou quando seu vice e chefe de polícia pediu asilo num consulado dos Estados Unidos para denunciar Gu Kailai pelo assassinato do empresário britânico Neil Heywood, encontrado morto em 14 de novembro de 2011 num quarto de hotel em Xunquim.

Heywood era intermediário de negócios internacionais ilícitos do casal, que teria US$ 136 milhões no exterior, de acordo com reportagem da agência de notícias Bloomberg na época. Estaria pedindo comissões maiores, sob ameaça de revelar a trilha do dinheiro sujo de Bo Xilai e Gu Kailai. Foi envenenado por ela em cumplicidade com um assessor e o chefe de polícia de Xunquim.

Quando a Comissão Central de Inspeções Disciplinares do PC iniciou investigações na cidade de Xunquim, no início de 2012, um dos alvos eram Wang Lijun, o chefe de polícia e vice-governador que tinha sido o segundo de Bo nas campanhas anticorrupção.

Sob pressão da investigação aberta pelo governo central, em 16 de janeiro de 2012, Wang teria confrontado Bo, dizendo que tinha provas do crime cometido por Gu. No primeiro momento, o chefe teria mandado prosseguir o inquérito mas, a partir daí, começou a obstruir a investigação.

Em 2 de fevereiro de 2012, Wang foi afastado do inquérito, nomeado vice-governador para educação, ciência e meio ambiente, e colocado sob vigilância. Temendo pela vida, em 6 de fevereiro, pediu asilo ao Consulado Americano em Chengdu.

Bo foi afastado do cargo de líder regional do PC e governador provincial em 15 de março de 2012. Teve apenas um voto a favor no Comitê Permanente, na época com nove membros ou nove imperadores.

Em 10 de abril de 2012, Bo foi suspenso temporariamente do Comitê Central e do Politburo por estar sendo investigado por "sérias violações disciplinares". Em 28 de setembro, o Politburo decidiu pediu sua expulsão do partido. Em 26 de outubro, o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo, retirou-lhe os últimos cargos públicos.

Sua mulher, Gu Kailai, foi condenada à morte em agosto de 2012 pelo assassinato de Heywood, com sentença convertida temporariamente em prisão perpétua, o que dificilmente aconteceria se o marido não tivesse caído em desgraça.

Dias antes do início do 18º Congresso Nacional do PC da China, em 4 de novembro de 2012, Bo foi formalmente expulso do partido. Isso abriu caminho para seu julgamento por corrupção, abuso de poder e enriquecimento ilícito que o condenou, em 23 de setembro de 2013, a ficar preso até o fim da vida.

Foi o processo mais politizado desde que a Gangue dos Quatro, liderada pela viúva de Mao, Jiang Ching, foi condenada por mortes, traição e abuso de poder, em 1981.

No tribunal, Bo rejeitou todas as acusações e alegou ser vítima de perseguição política. Agora, perdeu o último recurso. Acabou ele próprio servindo de exemplo para a campanha anticorrupção lançada pelo novo presidente Xi Jinping.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

EUA podem aceitar ataque de Israel ao Irã

Se as negociações das cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha para desarmar o programa nuclear do Irã fracassarem, os Estados Unidos podem aceitar um bombardeio de Israel contra as instalações nucleares iranianas. A previsão é Amos Yadlin, ex-chefe do serviço secreto das Forças de Defesa de Israel.

Em entrevista publicada ontem, Yadlin, hoje diretor do Instituto Nacional de Estudos de Segurança, em Telavive, avalia que o próximo ano será decisivo para Israel tomar uma decisão sobre o risco de uma bomba atômica nas mãos dos aiatolás que dominam a república islâmica.

Sua análise, que reflete o pensamento do aparelho de segurança e defesa de Israel, é os próximos meses são a última oportunidade para uma ação militar capaz de neutralizar a ameaça antes que o Irã tenha a bomba.

Para destruir instalações atômicas subterrâneas, Israel teria de usar armas nucleares táticas fabricadas exclusivamente pelos EUA, que se reservam o direito de autorizar seu uso. O governo israelense teria pedido autorização ao então presidente George W. Bush. Impopular e desmoralizado, com problemas nas guerras no Afeganistão e no Iraque, Bush teria negado.

Quando chegou a Casa Branca, em janeiro de 2009, o presidente Barack Obama prometeu diálogo e negociação para quem estivesse disposto a "estender a mão". Até agora, não obteve resultados positivos em suas estratégicas para a paz no Oriente Médio.

Sob o peso das sanções econômicas, financeiras e militares, a economia iraniana sofre, com inflação de 40% ao ano, forte desvalorização da moeda e desabastecimento. Isso contribuiu para a vitória do aiatolá moderado Hassan Rouhani na eleição presidencial de junho de 2013.

Na campanha, Rouhani prometeu reaproximação com o Ocidente. Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, em setembro, reiterou sua proposta, criando um ambiente favorável à pronta retomada das negociações.

Rouhani chegou a rejeitar um breve encontro com Obama durante sua visita à ONU. Mas, nas questões de fundo, as duas partes ainda estão muito distantes. Enquanto o Irã quer o fim das sanções, os EUA e seus aliados europeus exigem que o regime iraniano pare de enriquecer urânio e abra suas instalações nucleares a inspeções irrestritas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Até o momento, o Irã está disposto a aceitar as inspeções, mas não abre mão de enriquecer urânio, que considera um direito, alegando fazer isso exclusivamente para fins pacíficos.

Israel assiste atentamente à proxima rodada de negociações. Outros países da região sugerem um amplo acordo para eliminar as armas de destruição em massa do Oriente Médio, inclusive as armas nucleares de Israel, estimadas em 200 a 400 ogivas.

Dificilmente um governo israelense aceitaria. A bomba atômica é o último recurso para a defesa do Estado de Israel. No Irã, a julgar pela determinação da Guarda Revolucionária de levar em frente o projeto, até mesmo criticando a reaproximação de Houhani com os EUA, seria uma arma para defender o regime.

Tunisianos incendeiam sede do partido do governo

Manifestantes tocaram fogo no sede do partido do governo na cidade de Kef, na Tunísia, informou a televisão árabe Al-Arabiya, citando como fonte um fotógrafo da agência de notícias France Presse.

O partido islamita Nahda venceu as eleições realizadas depois da queda do ditador Zine Ben Ali, em 14 de janeiro de 2011, na primeira revolução da chamada Primavera Árabe. Desde então, tem sido acusado de seguir um programa fundamentalista de restrição das liberdades públicas, além de conivência com as mortes de dois líderes esquerdistas.

A Frente de Salvação Nacional, que segue a linha das oposições liberal e socialista que apoiaram o golpe de Estado de 3 de julho de 2013 no Egito convocou novos protestos de massa para exigir a renúncia do governo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Obama fala com Merkel e nega espionagem

Sob pressão de aliados como a França e a Alemanha, e também do Brasil e do México, por causa do escândalo que revelou um megaesquema de espionagem dos Estados Unidos via Internet e de interceptação de telefonemas, o presidente Barack Obama ligou hoje para a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, para negar que seu telefone celular tenha sido grampeado.

"Entre amigos e aliados próximos, que a República Federal da Alemanha são há décadas, não deve haver vigilância das comunicações de um chefe de governo", disse Merkel, citada por seu porta-voz Steffen Seibert.

Obama respondeu que a espionagem, se confirmada, seria "totalmente inaceitável".

Espanha sai da recessão

Com crescimento de 0,1% de julho a setembro, a economia espanhola saiu oficialmente da recessão depois de nove trimestres consecutivos de contração, anunciou hoje o Banco da Espanha, banco central do país.

O avanço se deveu ao setor externo da economia. Com o desemprego de cerca de 26%, o mercado interno continua em baixa.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Renamo ataca delegacia de polícia em Moçambique

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), um antigo grupo rebelde, hoje maior partido de oposição do país, atacou uma delegacia de polícia na cidade central de Maringue, depois de declarar expirado o acordo de paz assinado há 21 anos, noticiou a agência France Presse.

Quando Moçambique se tornou independente, em 1975, descendentes dos colonos portugueses se refugiaram na vizinha Rodésia, hoje Zimbábue, na época governada por um regime segragacionista da minoria branca, a exemplo da África do Sul.

Com o apoio desses regimes brancos, criaram a Renamo, que lutou contra o regime de inspiração marxista imposto pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) até 1992.

EUA tiveram saldo de 148 mil empregos em setembro

O mercado de trabalho dos Estados Unidos teve um desempenho fraco antes da crise fiscal deflagrada pela não aprovação de um orçamento para o ano fiscal iniciado em 1º de outubro de 2013, com saldo de 148 mil vagas entre empregos criados e fechados no mês de setembro, informou hoje o Departamento do Trabalho, com atraso por causa do fechamento parcial do governo federal. A expectativa dos analistas era de um ganho de 180 mil postos de trabalho.

A taxa de desemprego, calculada em outra pesquisa, caiu de 7,3% para 7,2%.

Com a crise fiscal, a Casa Branca estima que 120 mil deixaram de ser criados.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Fernão de Magalhães entrou no estreito há 493 anos

Em 21 de outubro de 1520, comandando uma frota de três navios espanhóis, o navegador português Fernão de Magalhães entrou no estreito que separa a América do Sul da Terra do Fogo rumo ao Oceano Pacífico, na primeira viagem de circunavegação da Terra.

Fernão de Magalhães não completou a volta ao mundo. Morreu numa batalha em Cebu, nas Filipinas, em 27 de abril de 1521. Sua frota terminaria a viagem sob o comando de Juan Sebastián Elcano.

França pede explicações sobre espionagem aos EUA

O ministro do Exterior da França, Laurent Fabius, convocou hoje o embaixador dos Estados Unidos em Paris para dar explicações sobre novas denúncias de espionagem publicadas pelo jornal Le Monde revelando que a Agência de Segurança Nacional americana interceptou 70,3 milhões de telefonemas na França de 10 de dezembro de 2012 a 8 de janeiro de 2013.

Em resposta, a Casa Branca alegou que os EUA espionam "como todos os países".

A reportagem se baseia nos documentos vazados pelo ex-funcionário subcontratado pela NSA Edward Snowden e divulgados pelo jornalista americano Glenn Greenwald. Os alvos não foram apenas suspeitos de terrorismo, como tentam justificar os EUA. Incluíram políticos e empresários.

Na visão do Monde, trata-se de uma "intromissão em larga escala tanto do espaço privado de cidadãos franceses como nos segredos de grandes empresas nacionais".

O México também protestou, diante de denúncias de que o correio eletrônico do ex-presidente Felipe Calderón também foi espionado. A Alemanha e o Brasil também protestaram.

Em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff considerou inaceitável a espionagem de um país democrático e aliado.

domingo, 20 de outubro de 2013

Caminhão-bomba mata 37 pessoas na Síria

Um terrorista suicida explodiu hoje um caminhão-bomba com 1,5 toneladas de explosivos, matando pelo menos 37 pessoas e ferindo outras dezenas na cidade de Hama, na Síria, informou hoje a agência de notícias Reuters.

A explosão ocorreu perto de uma loja de venda de veículos e maquinários agrícola. Um caminhão-tanque que estava próximo pegou fogo.

Hama foi a cidade massacrada pelo ditador Hafez Assad, pai do atual ditador, Bachar Assad, para esmagar uma rebelião muçulmana em 1982, com total de mortes estimado em até 20 mil.

sábado, 19 de outubro de 2013

França autoriza volta de estudante kossovar deportada

Sob intensa pressão das ruas e da esquerda do Partido Socialista, o presidente François Hollande autorizou a volta à França de Leonarda Dibrani, uma estudante cigana de 15 anos detida durante uma excursão de sua escola e deportada para o Kossovo com sua família.

A família fugiu há mais de uma década da antiga província sérvia que se tornou independente na Guerra do Kossovo, em 1999, quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) derrotou a Sérvia do ditador Slobodan Milosevic com 78 dias de bombardeio aéreo. Estava há quatro anos na França, depois de fugir da perseguição aos ciganos pelo governo de Silvio Berlusconi, na Itália.

Uma das grandes preocupações de Hollande é se diferenciar do ex-presidente conservador Nicolas Sarkozy, que se notabilizou, entre outras coisas, por deportar ciganos para seus países de origem na Europa Oriental. A família de Leonarda teve o pedido de residência na França negado supostamente por ter mentido dizendo ter sido perseguida no Kossovo.

Sarkozy tentou roubar as bandeiras políticas da extrema direita, cada vez mais forte na França e na Europa em crise. As últimas pesquisas dão 25% de preferência à neofascista Frente Nacional. Mas um governo socialista deter uma menina de 15 anos dentro de um ônibus escolar para expulsá-la do país foi demais para um país com a tradição revolucionária da França.

O povo saiu às ruas e os poderosos do dia decidiram preservar suas cabeças.

Atentado terrorista mata 13 pessoas na Somália

Pelo menos 13 pessoas morreram e outras dez saíram feridas de um atentado terrorista suicida na cidade de Baladweyne, no interior da Somália. O alvo foi um restaurante frequentado por soldados somalianos e etíopes, estes últimos parte de uma força internacional da União Africana que apoia o governo provisório do país.

A Somália vive em estado de anarquia. Não tem um governo estável desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991. Nos últimos dois anos, a milícia extremista muçulmana Al Chababe (Os Jovens), ligada à rede terrorista Al Caeda, perdeu o controle das principais cidades do país. Sem condições de travar batalhar contra o Exército reforçado pela UA, apelaram para o terrorismo.

Há pouco menos de um mês, o grupo aterrorizou o centro comercial Westgate, em Nairóbi, a capital do Quênia, matando 73 pessoas. Isso levou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, a pedir ao Conselho do Segurança um reforço na missão internacional para derrotar Al Chababe e pacificar a Somália.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Arábia Saudita rejeita vaga no Conselho de Segurança

A Arábia Saudita recusou hoje a vaga de membro temporário do Conselho de Segurança das Nações Unidas, por um período de dois anos, a partir de 1º de janeiro de 2014, para a qual foi eleita ontem pela Assembleia-Geral da ONU.

O reino saudita, maior produtor mundial de petróleo e, ao lado do Egito, o maior aliado dos Estados Unidos no mundo árabe, alega que a ONU fracassou ao não conseguir promover a paz no Oriente Médio, nem na questão palestina, que se arrasta há décadas, nem tomando, por exemplo, uma posição mais firme em relação à guerra civil na Síria.

China tem pequena aceleração do crescimento

O crescimento da China, segunda maior economia do mundo, sofreu uma pequena aceleração no terceiro trimestre de 2013, com alta de 7,8% ao ano, depois de registrar 7,7% ao ano no primeiro trimestre e 7,5% no segundo trimestre.

É uma boa notícia para países como a Alemanha, a Austrália e o Brasil, grandes exportadores para a China. Afasta o temor de um "pouso forçado" capaz de abalar a recuperação da economia mundial. Mais uma vez, a China é vista como solução e não como problema.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Ban Ki Moon pede ação armada contra Al Chababe

As Nações Unidas devem reforçar com milhares de homens a força da União Africana que intervém na Somália para lançar uma ofensiva capaz de derrotar a milícia fundamentalista Al Chababe (Os Jovens ou A Juventude), ligada à rede terrorista Al Caeda, conclamou ontem o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon.

O objetivo seria reduzir a capacidade do grupo extremista muçulmano de cobrar impostos, recrutar novos militantes e realizar ações como o ataque que matou pelo menos 72 pessoas num centro comercial de Nairóbi, a capital do Quênia, de 24 a 27 de setembro de 2013.

"A deterioração na situação de segurança ameaça minar o frágil processo político na Somália", advertiu Ban em carta ao Conselho de Segurança da ONU. "Para retomar a iniciativa e evitar retrocessos, há uma necessidade urgente de reiniciar e fortalecer a campanha militar contra Al Chababe".

Ban pediu mais 4,4 mil soldados, pessoal de apoio, helicópteros de combate e outros equipamentos avançados de logística e inteligência para combater os bolsões dominados pelos jihadistas em zonas rurais do Sul da Somália.

A força da UA, formada principalmente por soldados de Burúndi e Uganda, interveio na Somália em 2007 para combater a insurgência muçulmana e proteger o governo provisório somaliano. Tem hoje cerca de 18 mil homens.

Nos últimos dois anos, a força internacional conseguiu expulsar os extremistas das principais cidades do país, como a capital, Mogadíscio, Baidoa e o porto de Kismayo, tirando-lhes as principais fontes de renda.

O secretário-geral também pediu ajuda não letal, em transportes, alimentação e combustíveis, para o Exército provisório da Somália, de 10 mil soldados. "Sem o apoio adicional recomendado na carta, nosso esforço conjunto está em risco", alerta Ban.

Talebã matam secretário da Justiça no Paquistão

Um terrorista suicida disfarçado como convidado matou ontem o secretário da Justiça da província de Khyber Pakhtunkhwa, no Paquistão, Israrullah Gandapur, no primeiro dia do Eid al-Adha, o Festival do Sacrifício, que comemora a determinação do profeta Abraão de sacrificar seu próprio filho.

Foi o assassinato político mais grave do ano no Paquistão. Pelo menos outras nove pessoas foram mortas no atentado. Mais de 30 saíram feridas, inclusive o irmão mais velho do governador.

O grupo extremista muçulmano Ansar al Mujahedin, ligado à milícia fundamentalista islâmica dos Talebã (Estudantes), assumiu a responsabilidade pelo ataque, dizendo ter sido uma retaliação pelas mortes de presos durante uma tentativa de fuga de uma prisão local.

Gandapur foi eleito como um candidato independente em maio de 2013. Depois, aderiu ao Movimento pela Justiça, partido do ex-capitão da seleção paquistanesa de críquete Imran Khan.

Conselho de Segurança da ONU elege novos membros

A Arábia Saudita, o Chade, o Chile, a Lituânia e a Nigéria foram eleitos hoje pela Assembleia-Geral das Nações Unidas membros temporários do Conselho de Segurança da ONU por um período de dois anos. A partir de 1º de janeiro de 2014, eles substituem o Azerbaijão, a Guatemala, o Marrocos, o Paquistão e o Togo.

Órgão supremo do sistema Nações Unidas, o Conselho de Segurança é formado por cinco membros permanentes com direito de veto, as grandes potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial - EUA, China, França, Reino Unido e Rússia - e dez membros temporários que representam seus continentes por períodos de dois anos.

Para uma resolução ser aprovada pelo Conselho de Segurança são necessários pelo menos nove votos (60%) a favor e nenhum voto contrário dos cinco grandes, que equivaleria a um veto.

Alemanha deve crescer menos do que esperado

A Alemanha, maior economia da Europa e quarta do mundo, deve crescer apenas 0,4% em 2013, previram hoje quatro grandes institutos de pesquisas econômicas, reduzindo sua previsão anterior pela metade.

No mesmo relatório, o IFO, de Munique; RWI, de Essen; IWH, de Halle; e DIW, de Berlim; anunciaram que está começando um novo período de recuperação da economia.

Coreia do Norte vai criar zonas econômicas especiais

Num primeiro passo para abandonar o comunismo, o regime stalinista da Coreia do Norte vai seguir o exemplo das reformas econômicas da China e criar zonas econômicas especiais para atrair capital estrangeiro e estimular o desenvolvimento, noticiou hoje a agência de notícias Associated Press, citando como fontes a mídia estatal e organizadores de uma conferência internacional realizada em Pionguiangue.

A conferência reuniu acadêmicos e especialistas de 13 países, inclusive dos Estados Unidos, da China e da Índia, para discutir uma abertura econômica que alivie os problemas de escassez de energia e alimentos, crônicos desde que a Coreia do Norte perdeu o patrocínio da União Soviética, com o desaparecimento desta em 31 de dezembro de 1991.

Com a autorização do governo de Cuba para a abertura de pequenas empresas no país, os dois últimos países comunistas mostram que essa utopia sanguinária do século 20 chegou ao fim.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Câmara aprova reabertura do governo dos EUA

Por 285 a 144, a Câmara dos Representantes aprovou há poucos minutos um orçamento temporário para reabrir o governo federal dos Estados Unidos até 15 de janeiro e elevar o teto da dívida pública do país até 7 de fevereiro, adiando a crise fiscal para 2014.

A medida deve ser assinada em seguida pelo presidente Barack Obama. Os funcionários federais afastados temporariamente de atividades não essenciais voltam ao trabalho nesta quinta-feira. A agência de classificação de risco Standard & Poor's calculou o prejuízo para a economia em US$ 24 bilhões.

Sob pressão da ala mais radical do Partido Republicano, a Câmara se negava a aprovar o orçamento sem cortes na reforma da saúde pública do governo Barack Obama. O Partido Democrata não cedeu, considerando a chantagem inaceitável.

Nesta quinta-feira, a dívida pública dos EUA chega ao atual limite, de US$ 16,7 trilhões. Como o país gasta mais do que arrecada, sem autorização para tomar mais dinheiro emprestado vendendo títulos no mercado financeiro, o Tesouro não teria mais como pagar as dívidas do governo federal americano, que seria obrigado a dar calote pela primeira vez.

Senado aprova reabertura do governo dos EUA

Por 81 a 18, o Senado dos Estados Unidos aprovou há pouco o acordo entre os partidos Democrata e Republicano para autorizar o financiamento temporário do governo federal americano até 15 de janeiro e elevar o teto da dívida pública até 7 de fevereiro, adiando o problema para 2014.

A medida agora precisa passar pela Câmara, onde a oposição republicana tem maioria e a bancada do movimento radical de direita Festa do Chá fez obstrução até agora a qualquer acordo que não incluia cortes na reforma de saúde do governo Barack Obama.

Partidos fazem acordo para evitar calote dos EUA

Os líderes dos dois grandes partidos dos Estados Unidos chegaram finalmente a um acordo para reabrir o governo federal e elevar o teto da dívida pública, evitando um calote de consequências catastróficas e imprevisíveis para a economia mundial, noticiou agora há pouco a agência de notícias Associated Press.

A máquina federal dos EUA está parcialmente paralisada há 16 dias por falta de acordo entre a Casa Branca e a Câmara dos Representantes, dominada pela oposição, para aprovar o orçamento para o ano fiscal iniciado em 1º de outubro de 2013 e elevar o teto da dívida pública do país, que bate amanhã em US$ 16,7 trilhões, o atual limite.

O acordo negociado no Senado pelos líderes do governo, Harry Reid, e da minoria, Mitch McConnell, autoriza o financiamento temporário do governo federal dos EUA até 15 de janeiro e eleva o limite da dívida até 7 de fevereiro, adiando os problemas para 2014 sem dar uma solução definitiva. McConnell está agora comunicando o resultado da negociação à sua bancada.

Se uma minoria radical de direita do movimento Festa do Chá continuar boicotando um acordo, o presidente da Câmara, deputado John Boehner, na prática o líder da oposição, poderá colocar a matéria em votação, aprovando-a com votos dos democratas e de republicanos moderados. Sua liderança ficará abalada, mas a economia do país será preservada de um choque desnecessário.

Durante toda a negociação, a ala mais à direita do Partido Republicano exigiu mudanças na reforma da saúde aprovada há três anos, no primeiro governo Barack Obama. A única concessão foi um aumento da fiscalização para ter a certeza de que quem receber algum subsídio federal para ter seguro-saúde precise realmente de ajuda do governo.

Em entrevista à televisão americana CNN, o megainvestidor Warren Buffett sugeriu que a primeira medida a adotar seria um compromisso dos partidos para não usar mais a ameaça de um calote na dívida pública como arma em suas disputas políticas.

Como os EUA são a maior economia do mundo e nunca deram calote na dívida pública, sua moeda, o dólar circula no mundo inteiro e é usada como reserva cambial para maioria dos países. Os governos compram títulos da dívida pública americana e não querem ver seus investimentos desvalorizados. Por outro lado, os EUA refinanciam sua megadívida a juros baixos.

Só a China, tem US$ 1,3 trilhão em bônus do Tesouro dos EUA. O Japão tem outro US$ 1,1 trilhão. Diante da esquizofrenia política em Washington, um comentário na agência oficial Nova China defendeu a "desamericanização" do mundo.

A posição do dólar como principal moeda internacional de reserva é um dos fatores do superpoderio dos EUA. Como a Zona do Euro saiu pior da crise, no momento, não há uma alternativa concreta. Mas a maior preocupação dos EUA em relação aos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é que passem a negociar entre si nas suas próprias moedas.

Enquanto os radicais da Festa do Chá fazem os EUA reféns de seu ultradireitismo racista e fascistoide, a superpotência declina.

Atentado mata governador no Afeganistão

A explosão de uma bomba escondida num microfone matou ontem o governador da província de Logar, Arsallah Jamal, chefe da campanha do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, à reeleição em 2009, informam as agências de notícias internacionais citando como fontes autoridades locais.

Jamal foi morto quando discursava numa mesquita no primeiro dia do Eid al-Adha, o Festival do Sacrifício, um festival religioso muçulmano realizado depois da peregrinação a Meca para comemorar a decisão do profeta Abraão de sacrificar o próprio filho para agradar a Deus.

As principais suspeitas recaem sobre a milícia fundamentalista dos Talebã, acusada diretamente pelo presidente Karzai.

No Corão, o livro sagrado dos muçulmanos, a história é diferente da contada na Bíblia. Pela tradição muçulmana, Abraão sonhou que oferecia o filho Ismael a Deus em sacrifício, revelou o sonho e o filho diz ao pai para respeitar a vontade de Deus. Os dois sobem então o Monte Arafat para provar sua fé realizando o sacrifício.

Como na tradição cristã, na última hora, Deus oferece um cordeiro para o sacrifício. Para os muçulmanos, só depois de ter passado pelo teste Abraão tem o segundo filho, Isaac.

Na Bíblia, Abraão leva o filho Isaac para o alto da montanha sem avisá-lo que está levando-o para o sacrifício: "O que vamos sacrificar, pai?", pergunta Isaac. "Na hora, Deus providenciará", responde Abraão. Em seguida, aparece o cordeiro.

Durante os quatro dias do Festival do Sacrifício, os muçulmanos trocam presentes e sacrificam animais cuja carne é dividida com os pobres.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Marília Pêra quer censurar até entrevistas

Ao entrar no debate sobre o direito de biografados e seus parentes de censurar biografias não autorizadas, em artigo publicado hoje no jornal Folha de S. Paulo, a atriz, cantora e diretora Marília Pêra considera "golpe baixíssimo xingar de reacionário aquele que necessita preservar seus sentimentos, seus familiares e sua vida privada". Neste lógica, defende até a censura prévia de entrevistas.

Todo o mundo tem direito à privacidade, mas quem tem uma vida pública não pode evitar uma certa exposição de sua intimidade, que passa a ser de interesse público legítimo ou não. Numa sociedade democrática, este tipo de conflito e de contradição precisa ser resolvido na Justiça. Caso contrário, impõe-se uma censura prévia que viola o direito constitucional à liberdade de expressão.

O debate foi provocado por uma ação direta de inconstitucionalidade proposta pela Associação Nacional de Editores de Livros (Anel) junto ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão da Justiça que censurou a publicação de uma biografia do cantor e compositor Roberto Carlos com base em artigo do Código Civil que permite vetos do biografia e de seus parentes em nome da defesa da honra e também sob o argumento de que o biógrafo lucra com seu trabalho.

Em defesa de sua posição conservadora e reacionária, Marília Pêra alega: "Tive vários espetáculos censurados, fui presa, passei pels horrores que quase todas as pessoas envolvidas nessa polêmica sobre biografias passaram"- como se o fato de ser vítima de arbitrariedades no passado a colocasse numa redoma ou altar acima da lei e da Constituição, quando o princípio básico da democracia é que a lei deve ser igual para todos.

Seu argumento: "...a verdade depende de maneira que cada um de nós enxerga e sente um acontecimento". Cada um tem direito a sua própria versão de um fato, mas a verdade, às vezes inatingível por falta de provas ou testemunhos, é uma só. Não é à toa que ditadores de hoje e de sempre querem impor suas versões oficiais da História.

O público tem o direito de saber, e a melhor maneira de fazer isso é examinando as diferentes versões para que cada um possa chegar a suas próprias conclusões. Ficar numa versão única é se submeter à tirania das versões oficiais, própria de ditaduras.

Se a questão é realmente "preservar seus sentimentos, seus familiares, a vida privada", por que "um acordo financeiro que remunere aquela exposição deve ser tratado antes"? "Assim, não haverá perdedor", raciocina Pêra. Quer dizer que os sentimentos e a vida privada da família podem ser negociados num bom acerto financeiro?

"Já tive cenas, palavras e remunerações cortadas no produto final de um filme, de uma obra de televisão de entrevistas. Ficaram perdidas. Paciência!", escreveu Pêra.

Infelizmente, não basta ter paciência para acabar com a censura. É preciso defender vigorosamente a liberdade de expressão, o que Pêra, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e outros ídolos censurados nos anos 60 e 70, quando Caetano cantava "é proibido proibir", aparentemente esqueceram.

Marília chega a argumentar que, "numa simples entrevista para um órgão de divulgação, o apagar de algumas palavras ou a banal supressão da pergunta do entrevistador pode nublar o sentido de uma frase!"

Existem pessoas incompetentes e sem caráter em todas as profissões. O que ela quer, o direito de entrevistados censurarem entrevistas antes da publicação? Se houver má intenção, imperícia, imprudência, negligência ou incompetência do autor, o caminho para reparar danos numa sociedade democrática é ir à Justiça.

O argumento para repudiar uma legislação semelhante à dos países desenvolvidos, onde não existe censura prévia e quem se sentir incomodado recorre aos tribunais, é que a Justiça brasileira é lenta e as indenizações muito inferiores ao que seria necessário para coibir abusos.

Todos concordam que o Poder Judiciário precisa ser aperfeiçoado, mas não apenas para beneficiar uma pequena elite cultural e sim à sociedade como um todo. Esta é uma questão central no debate. As estrelas da MPB querem um direito de exceção para si mesmas, colocando-se acima da Constituição e do direito básico da democracia à liberdade de expressão.

"Pode ser muito doloroso ver publicadas verdades que não se adaptam à nossa, e ainda sem qualquer compensação financeira", insiste Marília, aumentando a confusão entre proteção à intimidade e ganho financeiro .

Afinal, o movimento Procure Saber, liderado pela ex-mulher de Caetano Veloso Paula Lavigne, quer preservar a privacidade ou faturar com as biografias?

Há muitos casos de acordo nos países desenvolvidos, inclusive porque a colaboração do biografado, seus parentes e amigos facilita muito a tarefa do biógrafo. Mas querer impedir a publicação de biografias não autorizadas tem um nome só, que precisa ser dito em alto e bom tom: É CENSURA - e verdadeiros artistas não podem aceitá-la, sob pena de traírem a criação. Afinal, escritores também são artistas.

Al-Libi nega acusações de terrorismo

Ao ser apresentado hoje à Justiça dos Estados Unidos em Nova York, o líbio Nazih Abdul-Hamed al-Rukai, mais conhecido como Abu Anas al-Libi, negou hoje qualquer participação nos atentados terroristas cometidos contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em agosto de 2008.

Al-Libi é suspeito de ser o principal líder da rede terrorista Al Caeda na Líbia.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Abu Anas al-Libi chega aos EUA

O terrorista Nazih Abdul-Hamed al-Rukai, mais conhecido como Abu Anas al-Libi, capturado por um comando especial das Forças Armadas dos Estados Unidos há nove dias na Líbia, chegou hoje a Nova York, onde amanhã será apresentado à Justiça.

Al-Libi é considerado um dos principais líderes da rede terrorista Al Caeda e é acusado por organizar os atentados contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em agosto de 1998, em que mais de 200 pessoas foram mortas.

Sua captura provocou a revolta de milícias fundamentalistas líbias que ajudaram a derrubar, há dois anos, o ditador Muamar Kadafi, que chegaram a sequestrar por algumas horas na quinta-feira passada o primeiro-ministro interino da Líbia, Ali Zeidan, acusando-o de conivência com a operação militar dos EUA.

Irlanda será primeiro país da Eurozona a deixar ajuda

A Irlanda confirmou ontem que será o primeiro país a sair, em dezembro de 2013, do programa de ajuda de emergência da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional a países da Zona do Euro que tiveram problemas para pagar suas dívidas depois da Grande Recessão de 2008-9.

Com a explosão de uma bolha especulativa no mercado imobiliário, os bancos irlandeses quebraram. Para evitar uma desnacionalização do setor financeiro, o governo assumiu a responsabilidade pelas dívidas, acumulando um déficit orçamentário de 32% do produto interno bruto.

Sem saída para pagar suas contas, a Irlanda pediu empréstimos de emergência aos aliados europeus. Foi o segundo país da UE a fazer isso, depois da Grécia, recebendo 67,5 bilhões de euros.

O país saiu da recessão no segundo trimestre de 2013 com crescimento de 0,4% devido à retomada das exportações e do consumo interno. Mas a economia irlandesa continua fragilizada. Isso aumenta a pressão do Partido Trabalhista, sócio menor na coalizão de governo, pela adoção de políticas de estímulo ao crescimento.

Por causa da crise, o desemprego na Irlanda está em 13,6%, abaixo dos 14,7% do ano passado, mas acima da média de 12% da Eurozona. De abril de 2012 a abril de 2013, 89 mil pessoas emigraram, sendo dois terços cidadãos irlandeses.

A situação é mais difícil em Portugal, que conseguiu reduzir o déficit público de 10,2% em 2009 para 6,4% em 2012 provocando uma recessão. No início de 2013, 18% dos portugueses em idade de trabalhar estavam sem emprego; essa taxa caiu para 16,5% em agosto.

Apesar do esforço fiscal recessivo, Portugal ainda está longe de baixar o déficit orçamentário para 3% do PIB em 2015, como prometeu aos aliados europeus. A economia saiu da recessão no segundo trimestre de 2013, mas deve terminar o ano com uma contração de 1,8%. Nas últimas semanas, o governo conservador do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho pediu mais prazo à Comissão Europeia.

Três americanos dividem Prêmio Nobel de Economia

Os americanos Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller ganharam hoje o Prêmio Nobel de Economia de 2013 por suas "análises empíricas dos preços dos ativos", anunciou hoje em Estocolmo a Academia Real de Ciências da Suécia. Os dois primeiros são da Universidade de Chicago e o terceiro da Universidade de Yale. Eles vão dividir US$ 1,23 milhão.

A questão central para os três era entender o que determina o preço de um ativo, sejam ações, bônus ou imóveis.

Fama, de 74 anos, defendia a "hipótese da eficiência dos mercados", que pressupõe que o mercado incorpore ao preço todas as informações disponíveis sobre o valor do ativo. Ele desconfia assim da capacidade de prever o futuro com base em dados do passado. As mudanças imprevistas se devem a novas realidades.

Shiller, de 67 anos, entende que os mercados são impulsionados por sensações psicológicas de seres humanos e por isso sujeitos a distorções de preços. É um adepto da chamada "economia comportamental", que alega que os agentes do mercado nem sempre agem racionalmente, mas são movidos por impulsos. Ele criou o índice Case-Shiller, que mede a evolução dos preços dos imóveis.

Hansen, de 60 anos, aproveitou o trabalho de Shiller para usar novos métodos estatísticos para testar o que exatamente causa a volatilidade nos mercados financeiros, atribuindo-as ao maior ou menor apetite por risco. Em tempos difíceis, os investidores estão menos dispostos a aceitar riscos.

Ao distribuir o prêmio entre os três, a Academia da Suécia tenta de certa forma harmonizar as diferentes posições. Elas levam à conclusão de que as variações dos preços dos ativos a curto prazo se devem a fatores casuais e imprevisíveis, mas a psicologia humana podem ocasionar distorções em prazos mais longos.

Extrema direita vence eleição cantonal na França

O candidato Laurent Lopez, da Frente Nacional, neofascista, ganhou ontem a eleição cantonal de Brignole com 53,9% dos votos no segundo turno contra Catherine Delzers, da centro-direitista União por um Movimento Popular (UMP), que só recebeu 46,1% dos votos, apesar do apoio de todos os chamados "partidos republicanos", que costumam se unir para barrar o acesso da ultradireita ao poder.

Sob o comando de Marine Le Pen, filha de seu líder histórico Jean-Marie Le Pen, a Frente Nacional reformulou sua imagem para se apresentar como um partido moderno e arejado, disfarçado seu caráter racista, anti-imigrantes e antimuçulmano.

Nas últimas pesquisas nacionais, a FN aparece com 25% das preferências. Diante do desgaste do Partido Socialista do presidente François Hollande e da luta interna da UMP para ver quem vai liderar a oposição - o ex-primeiro-ministro François Fillon, Jean-François Copé ou o ex-presidente Nicolas Sarkozy -, a Frente pode se tornar o maior partido da França.

domingo, 13 de outubro de 2013

Malala: drones alimentam o terrorismo

Para a adolescente paquistanesa que virou símbolo da luta pela educação feminina diante do fundamentalismo muçulmano, Malala Yusafzai, depois de ser baleada na cabeça pelos talebã, os ataques dos Estados Unidos com aviões não tripulados contra extremistas baseados nas regiões tribais do Paquistão estimulam ações terroristas.

Durante encontro com o presidente Barack Obama, disse ela, "manifestei minha preocupação de que os ataques de drones estejam alimentando o terrorismo. Vítimas inocentes morrem nestes ataques, que causam grande ressentimento e revolta entre o povo paquistanês. Se focarmos nossos esforços na educação, será um grande impacto".

Irã se nega a enviar urânio para o exterior

A República Islâmica do Irã aceita negociar o volume, os métodos e o teor de enriquecimento de urânio, mas não vai enviar urânio enriquecido para o exterior, afirmou hoje o ministro do Exterior iraniano, Abbas Arakchi, citado pela agência de notícias France Presse.

Sob suspeita de estar desenvolvendo armas nucleares, o Irã é alvo de sanções econômicas, diplomáticas e militares que afetam seriamente a economia do país. Nas negociações com as cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido), que começam em 15 e 16 de outubro de 2013 em Genebra, na Suíça, o novo governo iraniano tenta aliviar esta pressão.

As grandes potências exigem o fim do enriquecimento de urânio e a abertura de todas as instalações nucleares iranianas e inspeções irrestritas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O Irã afirma que seu país só está interessado em energia nuclear para fins pacíficos e quer o fim das sanções.

sábado, 12 de outubro de 2013

EUA capturam um líder dos Talebã do Paquistão

As forças dos Estados Unidos no Afeganistão capturaram Latif Mehsud, um dos principais comandantes da milícia fundamentalista muçulmana dos Talebã (Estudantes) do Paquistão, admitiu ontem uma porta-voz do Departamento da Defesa dos EUA, informa a agência de notícias Reuters.

Mehsud teria sido detido quando viajava numa caravana de veículos do governo afegão na província de Logar semanas atrás. A operação irritou o presidente Hamid Karzai, que a viu como uma violação da soberania do Afeganistão.

Karzai gostaria de incluir Mehsud nas negociações de paz com os Talebã do Paquistão e do Afeganistão.

Exportações da China caem e importações sobem

As exportações da China caíram inesperadamente 0,3% em setembro de 2013 em relação mesmo período no ano passado, enquanto as importações cresceram 7,4% em setembro na comparação anual, acelerando-se diante dos 7% ao ano do mês de agosto.

O saldo comercial caiu de US$ 28,52 bilhões em agosto para US$ 15,2 bilhões em setembro, mais uma indicação de que a China está deixando de ser uma economia de baixos salários e alto crescimento.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Rebeldes sírios massacraram 190 civis

Pelo menos 190 civis foram mortos num ataque conjunto de 20 grupos armados de oposição da Síria contra a província de Latakia em 4 de agosto de 2013, denunciou hoje a organização não governamental Human Rights Watch (Observatório dos Direitos Humanos).

Os rebeldes derrotaram rapidamente as forças governamentais e avançaram rumo às aldeias de minoria alauíta, que apoia o regime. Eles capturaram 200 civis, alguns dos quais continuam detidos, e mataram 190 civis. Pelo menos 67 foram executados sumariamente.

"Aldeia após aldeia, as casas foram destruídas e incendiadas e a população desapareceu", descreveu um pesquisador do HRW, citado no jornal digital americano The Huffington Post.

Navio com 250 pessoas a bordo afunda perto da Sicília

Um navio com 250 pessoas a bordo foi a pique no Mar Mediterrâneo, perto de onde 339 imigrantes ilegais morreram num naufrágio quando chegavam à Ilha de Lampedusa, na Itália, na semana passada.

Pelo menos 200 pessoas foram resgatados por navios da Itália e de Malta.

OPAQ ganha Prêmio Nobel da Paz

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que está na Síria destruindo o arsenal químico do governo Bachar Assad, ganhou hoje o Prêmio Nobel da Paz de 2013, informou nesta manhã o Comitê do Nobel da Noruega.

A OPAQ existe desde 1997. Foi criada para aplicar a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Uso de Armas Químicas e sua Destruição, aprovada em 1993 e ratificada até hoje por 189 países. Israel e Mianmar assinaram a convenção, mas não a ratificaram.

A Síria aderiu à convenção em 14 de setembro de 2013, dentro do processo para entregar seu arsenal de armas químicas, estimado em 1,5 mil toneladas.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Maioria dos EUA culpa republicanos por impasse

Para 53% dos americanos, o radicalismo do Partido Republicano é responsável pelo fechamento parcial do governo federal dos Estados Unidos desde o início do mês porque o Congresso e a Casa Branca não chegaram a um acordo sobre o orçamento da União para o ano fiscal iniciado em 1º de outubro de 2013. Cerca de 31% culpam o presidente Barack Obama, indica uma pesquisa do jornal The Wall St, Journal e da rede de televisão NBC.

A pesquisa ouviu 800 pessoas. Oito em cada vez acham que o país está no caminho errado, a maior proporção desde a Grande Recessão de 2008-9.

Milicianos sequestram e soltam primeiro-ministro líbio

O primeiro-ministro do governo provisório da Líbia, Ali Zeidan, foi libertado hoje depois de passar horas sequestrados por milicianos que invadiram o hotel onde ele mora em Trípoli, a capital do país.

Depois do sequestro, o Exército líbio levou os outros ministros para um lugar seguro e o governo fez uma reunião de emergência.

A ação revela a fragilidade do governo provisório e a instabilidade política da Líbia, onde milícias tribais conseguiram derrubar o ditador Muamar Kadafi há dois anos e dois meses, com o apoio de uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Como a OTAN não invadiu a Líbia por terra, o poder ficou na mão de milícias que até hoje não entregaram as armas nem se submeteram à autoridade do governo provisório, sob a alegação de que precisam defender a revolução. Observadores internacionais já defendem o envio de uma força de paz da ONU para facilitar a transição para a democracia.

Os milicianos acusaram o primeiro-ministro de colaborar com os Estados Unidos na captura do líder terrorista Nazih Abdul-Hamed al-Rukai, mais conhecido como Abu Anas al-Libi, preso no fim de semana pelo comando Delta das Forças Armadas dos EUA, sob a acusação de organizar os atentados contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia em 7 de agosto de 1998.

Malala ganha prêmio do Parlamento Europeu

A adolescente paquistanesa Malala Yussafzai, baleada há um ano pelos talebã do Paquistão por defender a educação para mulheres, ganhou hoje o Prêmio Andrei Sakharov, a principal homenagem do Parlamento Europeu a defensores dos direitos humanos e da liberdade de expressão. Ela é favorita para ganhar amanhã o Prêmio Nobel da Paz 2013.

Depois de criar um blogue defendendo a educação feminina, Malala foi alvo de uma tentativa de assassinato. Baleada na cabeça, foi levada para tratamento na Inglaterra, onde se recuperou, tornando-se o símbolo da resistência inocente contra o totalitarismo das milícias fundamentalistas muçulmanas.

Sua voz virou um símbolo poderoso da luta pela educação de jovens e especialmente de meninas, a ponto de receber novas ameaças de morte. Em entrevista à CNN, ela contou o que diria aos líderes dos Talebã, com quem defende um diálogo pela paz: "Eu falaria sobre os benefícios que a educação traria para os filhos deles e terminaria dizendo: a decisão é de vocês".

Venda de computadores cai pelo sexto trimestre seguido

As vendas mundiais de computadores pessoais sofreram nova queda no terceiro trimestre de 2013, o sexto trimestre consecutivo de queda, indicam pesquisas divulgadas pelos institutos Gartner e International Data Corporation (IDC).

Pelos cálculos do instituto Gartner, foram vendidos 80,3 milhões de computadores, queda de 8,6% na comparação anual. Para o IDC, a redução foi de 7,6%, com 81,6 milhões de unidades comercializadas. Seu analista Loren Loverde, vê "uma probabilidade elevada de nova baixa nas vendas em 2014".

O grupo chinês Lenovo, que comprou o setor de fabricação de computadores da IBN, superou a empresa americana Hewlett-Packard para se tornar o maior produtor mundial de computadores pessoais.

Canadense Alice Munro ganha Prêmio Nobel de Literatura

A contista canadense Alice Munro, de 82 anos, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2013 por ser uma "mestra do conto contemporâneo", informou hoje em Estocolmo a Academia Real da Suécia.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Egito julga ex-presidente a partir de 4 de novembro

A Justiça do Egito marcou hoje para 4 de novembro de 2013 o início do julgamento por abuso de poder  e incitar a morte de manifestantes do ex-presidente Mohamed Mursi, deposto por um golpe militar em 3 de julho deste ano.

Mursi, do Partido da Liberdade e da Justiça, ligado à Irmandade Muçulmana, tomou posse em 30 de junho de 2012 como o primeiro presidente eleito democraticamente da História do Egito, mas só durou um ano no cargo. Caiu em um ano, depois de uma onda de manifestações de massa com denúncias de abuso de poder, intolerância religiosa e perseguição de minorias.

Cadeados do amor combatem intolerância

Pela terceira vez em um mês, os militantes do amor prenderam no sábado passado seus cadeados com os nomes dos casais
Ponte do Amor, Argel
apaixonados numa ponte de Argel, a capital da Argélia, no Norte da África. É um protesto contra a intolerância, sobretudo religiosa, que se opõe à felicidade deles.

"Para mim, é um gesto militante de resistência depois de dez anos de integrismo, que se seguiram à década negra", comenta a médica Amina Bouraoui, referindo-se à sangrenta guerra civil contra os extremistas muçulmanos dos anos 1990s, que matou 100 mil pessoas e deixou uma forte marca salafista na sociedade argeliana.

Tentativas anteriores de consagrar a antiga "ponte do suicídio" na Ponte do Amor foram bloqueadas por muçulmanos fanáticos que dizem que os cadeados foram colocados pelas "mãos do diabo".

Um dos líderes do movimento do amor, Mehdi Mehenni, declarou à agência de notícias France Presse que o imã Chems Eddine e outros clérigos muçulmanos os acusaram de "bruxaria" em entrevistas à televisão na Argélia.

EUA cortam ajuda militar ao Egito

Depois do golpe que derrubou o presidente eleito Mohamed Mursi, do massacre de mais de mil civis pela ditadura militar e de outras medidas repressivas, os Estados Unidos decidiram cortar a ajuda militar do Egito, de US$ 1,3 bilhão por ano, ou pelo menos os US$ 585 milhões ainda não desembolsados em 2013. Israel é contra.

Essa ajuda é dada desde que o Egito abandonou o Bloco Soviético, alinhou-se aos EUA e fez um acordo de paz com Israel, em 1979. Agora, autoridades israelenses temem que as relações bilaterais sejam prejudicadas pela decisão americana.

Imediatamente, as monarquias petroleiras do Golfo Pérsico que apoiaram o golpe contra a Irmandade Muçulmana, a Arábia Saudita, o Catar e os Emirados Árabes Unidos, se dispuseram a dar às Forças Armadas egípcias o dinheiro que estão perdendo.

Pela lei americana, os EUA não podem ajudar diretamente regimes golpistas. Como é um dos países mais importantes do mundo árabe e tem um acordo de paz com Israel, o governo Barack Obama relutou, mas ontem a Casa Branca anunciou deixou vazar a notícia, ainda não foi confirmada, do corte da ajuda ao Egito.

Correr maratona pode fazer mal ao coração

Exercícios puxados e extenuantes como correr maratonas podem causar danos ao músculo cardíaco, especialmente em amadores que podem estar fora de forma ou não se preparar corretamente para uma prova de longa distância. A conclusão, de pesquisadores do Instituto Universitário de Cardiologia e Pneumologia de Quebec, foi publicada na edição de outubro da revista acadêmica Canadian Journal of Cardiology.

Uma das constatações do estudo financiado pela Fundação Instituto do Coração de Quebec e a Fundação do Coração do Canadá é que "as alterações no músculo cardíaco são maiores nos corredores fora de forma e menos preparados", revelou o professor Eric Larosa, que assina o artigo. Foram examinados 20 corredores de 18 a 60 anos que participaram da Maratona de Quebec.

"Embora tenhamos observados danos transitórios e não permanentes, as descobertas sugerem que há um nível mínimo de condicionamento físico para que o coração volte logo ao normal depois de treinamentos e corridas extenuantes", acrescentou o médico, destacando a necessidade de uma preparação adequada para correr uma prova de 42,195 km como a maratona.

Governo britânico oferece bolsas de estudos

O governo britânico está oferecendo bolsas de estudos para interessados em fazer cursos de pós-graduação latu sensu e mestrado no Reino Unido. As inscrições para o programa Chevening estão abertas até 15 de novembro de 2013 para quem quiser estudar no ano letivo que começa em outubro de 2014.

Os candidatos devem passar num teste de proficiência em inglês e ser aceitos por uma universidade britânica. As orientações estão no Guia para Inscrições.

Três americanos ganham o Nobel de Química

Os pesquisadores Martin Karplus, da Universidade de Harvard, Michael Levitt, da Universidade de Stanford, e Arieh Warshel, da Universidade do Sul da Califórnia, ganharam hoje da Academia Real de Ciências da Suécia o Prêmio Nobel de Química de 2013 por terem desenvolvido nos anos 1970s "modelos de computador para entender processos químicos complexos".

Todos são judeus e têm cidadania americana, mas nenhum nasceu nos Estados Unidos. Karplus fugiu da Áustria durante a ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial. Levitt nasceu em Pretória, na África do Sul. Warshel nasceu em Israel e lutou nas guerras árabe-israelenses de 1967 e 1973.

Construção de uma memória luso-brasileira

O Centro de Relações Internacionais da Escola de Ciências Sociais (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas convida para palestra da professora Isabel Corrêa da Silva com o tema Diplomata João Camelo Lampreia: construção de uma memória luso-brasileira, com comentários do embaixador e ex-ministro das Relações Exteriores Luiz Felipe Lampreia, a ser realizada em 10 de outubro, às 15h, na sede da FGV-RJ, na Praia de Botafogo 190.
Isabel Corrêa da Silva é doutora em História pela Universidade de Lisboa, onde também é pesquisadora de pós-doutorado, vinculada ao Instituto de Ciências Sociais. Isabel integra, desde 2008, o Grupo de Estudos Políticos e Relações Internacionais do Centro de História da Cultura, da Universidade Nova de Lisboa, faz parte do Grupo de Estudos Relações Portugal-Brasil do Instituto de Defesa Nacional e pesquisadora do Observatório Político. Ela publica nas áreas da História Contemporânea de Portugal e das relações Luso-Brasileiras.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Obama nomeia Janet Yellen para o Fed amanhã

O presidente Barack Obama deve nomear amanhã a vice-presidente da Reserva Federal (Fed), Janet Yellen, para o cargo de presidente do banco central dos Estados Unidos, noticiaram há pouco os jornais The New York Times, The Washington Post e The Wall St. Journal, citando como fonte assessores da Casa Branca. Será a primeira mulher a ocupar o cargo.

O preferido de Obama era o ex-secretário do Tesouro Lawrence Summers, que retirou seu nome de consideração diante do repúdio de pelo menos três democratas da Comissão de Economia do Senado, que o acusam pela desregulamentação do mercado de derivativos, uma das causas do colapso econômico de 2008.

Janet Yellen assume a presidência do banco central americano em 1º de janeiro de 2014, em substituição a Ben Bernanke.

Economista especializado na Grande Depressão (1929-39), para vencer a chamada Grande Recessão (2008-9), depois de baixar a taxa de juros para praticamente zero, Bernanke introduziu a política de "alívio quantitativo", pela qual o Fed compra atualmente US$ 85 bilhões por mês em títulos para aumentar a quantidade de dinheiro em circulação e assim estimular a economia.

O mercado acredita que Yellen é moderada, uma pomba, em contraste com o falcão Summers, e fará a transição para uma política monetária normal de maneira mais suave e tranquila.

Maduro pede poderes ditatoriais contra "guerra econômica"

Diante do colapso do modelo chavista, com inflação de cerca de 40% ao ano e desabastecimento do leite ao papel higiênico, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu hoje à Assembleia Nacional autorização para governar por decreto, como Hugo Chávez fez quatro vezes, num total de 4 dos 14 anos em que esteve no poder. Maduro assim teria mão livre para enfrentar o que chamou de "guerra econômica" da burguesia contra o povo.

O patético Maduro, que até de uma bicicleta já caiu nas peripécias que faz para imitar o caudilho morto, precisava provar a seus próprios companheiros que pode governar a Venezuela e, mais do que isso, vencer as eleições municipais de dezembro de 2013 para manter vivo o fracassado projeto do socialismo do século 21.

Para governar por decreto, Maduro precisa de 99 votos na Assembleia Nacional, um a mais do que tem a bancada do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). Sem o carisma de Chávez, o ex-motorista de ônibus e ex-dirigente sindical precisa convencer primeiro sua própria turma.

FMI reduz previsões de crescimento

O Fundo Monetário Internacional (FMI) diminuiu hoje sua expectativa de crescimento da economia mundial de 3,2% para 2,9% em 2013 e de 3,8% para 3,6% em 2014, citando como causa o desempenho aquém do esperado das economias emergentes.

No caso do Brasil, a Perspectiva Econômica Mundial do FMI manteve a previsão de alta de 2,5% em 2013, mas reduziu a de 2014 de 3,2% para 2,5%. Confira a transcrição da entrevista de Olivier Blanchard, diretor de pesquisas do Fundo no lançamento do relatório semestral do FMI sobre a economia mundial.

Congresso da Líbia pede a EUA devolução de terrorista

O Congresso da Líbia exigiu hoje a libertação imediata e repatriação de Nazih Abdul-Hamed al-Rukai, também conhecido como Abu Anas al-Libi, sequestrado no domingo pelo comando Delta das Forças Armadas dos Estados Unidos. A embaixadora americana em Trípoli, Deborah Jones, foi convocada para dar explicações.

Para reforçar a capacidade de resposta dos EUA a uma possível crise na Líbia, 200 fuzileiros navais americanos foram enviados à base de Sigonella, na Itália.

Rukai é acusado de ser o principal organizador dos atentados terroristas que mataram mais de 200 pessoas nas embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em agosto de 1998. Ele foi levado para o navio de guerra americano USS San Antonio, no Mar Mediterrâneo, onde está sendo interrogado, a caminho dos EUA. A chance de ser devolvido à Líbia é nula.

Sua prisão e sequestro, ordenados diretamente pelo presidente Barack Obama, enfraquecem o governo provisório líbio, que não consegue controlar as milícias que derrubaram o ditador Muamar Kadafi, em 2011.

Para o pesquisador da Universidade de Nova York Benjamin Barber, autor de dois livros sobre terrorismo, Rukai podia viver livremente em Trípoli, a capital líbia, porque depois da queda de Kadafi o país se tornou um "Estado falido e marginal" governado por milícias tribais, reporta o sítio da companhia jornalística americana McClatchy Newspapers.

EUA voltam a ser maior produtor mundial de petróleo

Os Estados Unidos vão superar a Arábia Saudita e a Rússia, e se tornar ainda neste ano o maior produtor mundial de petróleo e gás, anunciou a Administração de Informação de Energia (EIA, do inglês) do governo americano.

Até o fim de 2013, a produção total de petróleo, gás, condensados e biocombustíveis dos EUA deve chegar a 25 milhões de barris equivalentes por dia, 10% a mais do que a Rússia, informa o blogue Market Watch, do jornal The Wall St. Journal.

Nos últimos dois anos, as produções dos EUA e da Rússia era mais ou menos equivalentes. Desde 2008, cresceu muito a produção de petróleo nos estados americanos do Texas e Dakota do Norte. A produção americana de gás avançou três vezes mais do que a saudita e a russa.

Total de mortos no naufrágio na Itália sobre para 271

Com mais corpos encontrados no navio superlotado de imigrantes ilegais da Somália e da Eritreia, o total de mortos no naufrágio perto da Ilha de Lampedusa, na Itália, na semana passada, sobe para 271. Ainda há desaparecidos, o que permite projetar o total de mortes em mais de 300.

Bóson de Higgs dá Nobel de Física a belga e inglês

O cientista belga François Englert, um judeu sobrevivente do Holocausto, e o britânico Peter Higgs ganharam hoje da Academia Real de Ciências da Suécia o Prêmio Nobel de Física pelas "descobertas teóricas de um mecanismo que contribui para nosso entendimento da origem da massa das partículas subatômicas". O bóson de Higgs, a chamada "partícula de Deus", seria fundamental para a aglutinação das partículas subatômicas para formar a matéria.

Como jovem cientista, Higgs ficou fascinado pela física subatômica e tentou entender como a matéria se forma. Em 1964, ele formulou a tese de que uma partícula agiria como uma amálgama nessa construção.

Só em julho de 2012, em experiência no grande Colisor de Hadrons, o acelerador de partículas instalado pelo Centor Europeu de Pesquisas Nucleares na fronteira entre a França e a Suíça, os físicos finalmente comprovaram a tese de Higgs.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Cristina Kirchner será operada amanhã

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, será submetida a uma cirurgia nesta terça-feira para retirar um coágulo formado no cérebro depois de uma pancada na cabeça que ela sofreu numa queda em 12 de agosto.

Novos choques deixam 53 mortos no Egito

No feriado para comemorar os 40 anos do início da Guerra do Yom Kippur, militantes da Irmandade Muçulmana entraram em choque ontem com as forças de segurança e com partidários do golpe que derrubou o presidente islamita Mohamed Mursi em 3 de julho de 2013. Pelo menos 53 pessoas foram mortas em mais um dia de violência política no Egito.

Hoje pistoleiros atacaram uma patrulha do Exército na cidade de Ismaília, junto ao Canal de Suez. No Sul do Sinai, um carro-bomba explodiu perto de um quartel. Também houve disparos de morteiros contra antenas de satélites de telecomunicações em Maadi, um subúrbio do Cairo.

A Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão) começou em 6 de outubro de 1973 com a maior ofensiva militar árabe da era moderna para tentar recuperar os territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Depois de retomar parte da Península do Sinai, as forças egípcias foram cercadas por Israel no meio do deserto. O 3º Exército do Egito só não foi destruído por causa da intervenção da União Soviética, que ameaçou entrar no conflito. Isso poderia levar a uma guerra nuclear entre as superpotências.

Apesar da ajuda soviética, depois da guerra o presidente egípcio, Anuar Sadat, abandonou a aliança com Moscou e se aproximou dos Estados Unidos como única maneira de recuperar o Sinai. Sadat foi a Israel em 1977 e dois anos mais tarde assinou um acordo de paz entre os dois países em Camp David, nos EUA.

Em 6 de outubro de 1981, durante uma parada militar para celebar o início da Guerra do Yom Kippur, soldados ligados ao grupo extremista muçulmano Jihad Islâmica metralharam o palanque das autoridades matando Sadat. Seu vice-presidente, Hosni Mubarak, herdou o poder e governou o Egito até ser derrubado pela Primavera Árabe, em 11 de fevereiro de 2011.

Banco Mundial reduz previsão de crescimento da Ásia

O Banco Mundial revisou para baixo, de 6,5% para 6%, a previsão de crescimento para o Leste da Ásia em 2013. A China deve crescer 7,5%, em vez dos 8,3% estimados em abril.

Se foram computados apenas os países em desenvolvimento da região, o avanço previsto é de 7,1% em 2013 e de 7,2% em 2014, diz o relatório Atualização Econômica do Leste da Ásia e do Pacífico, divulgado hoje. Sem a China, esses números caem para 5,2% em 2013 e 5,3% em 2014.

"O Leste da Ásia continua a ser o motor da economia global, contribuindo com 40% para o crescimento econômico mundial. Com a aceleração geral do crescimento global, agora é o momento para as economias em desenvolvimento fazerem as reformas políticas e estruturais para sustentar o crescimento, reduzir a pobreza e melhorar a vida dos pobres e vulneráveis", aconselhou Axel van Trotsenburg, vice-presidente regional do Banco Mundial para o Leste da Ásia e o Pacífico.

Americanos e alemão ganham Prêmio Nobel de Medicina

Dois cientistas americanos, James Rothman e Randy Schekman, e um alemão, Thomas Südhof, ganharam hoje o Prêmio Nobel de Medicina por suas descobertas sobre o sistema de transporte no interior da célula.

As células precisam transportar substâncias importantes, como enzimas, hormônios e neurotransmissores. Para transportar moléculas grandes demais para atravessar sua membrana, há um mecanismo de transporte formado por pequenas vesículas.

Os cientistas premiados descobriram como essas vesículas sabem onde ir e entregar sua carga.

domingo, 6 de outubro de 2013

OPAQ começa a destruir armas químicas da Síria

Uma equipe de especialistas da Organização para Proscrição de Armas Químicas (OPAQ) iniciou hoje o desmantelamento do arsenal de armas químicas da Síria, informa a televisão pública britânica BBC.

A destruição do arsenal sírio inclui as máquinas de produção de armas e os equipamentos para misturar os agentes químicos. Se tudo der certo, o processo deve estar concluído até meados de 2014.

O ditador Bachar Assad concordou em entregar as armas sob a ameaça de um bombardeio punitivo dos Estados Unidos depois de um ataque químico que matou mais de 1,4 mil pessoas em 21 de agosto de 2013 na periferia de Damasco, a capital síria.

Com a mediação da Rússia, maior aliada da Síria no Conselho de Segurança das Nações Unidas, Assad aceitar se desfazer do arsenal químico. A equipe da OPAQ atua com mandato da ONU.

EUA atacam terroristas na Líbia e na Somália

Forças especiais dos Estados Unidos prenderam ontem na Líbia o suspeito de planejar os atentados terroristas contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998, e atacaram a base do chefe do grupo extremista muçulmano Al  Chababe (Os Jovens ou A Juventude) na Somália.

O governo provisório da Líbia condenou a operação militar americana para prender um dos líderes da rede terrorista Al Caeda, Nazih Abdul-Hamed al-Rukai, também conhecido como Abu Anas al-Libi, protestando por não ter sido informado. Isso indica que o governo dos EUA não confia nas autoridades líbias, preferindo agir sozinho, como no ataque que matou Ossama ben Laden no Paquistão.

Dez homens mascarados cercaram Al-Libi quando ele saía de casa ontem para fazer sua oração da manhã. Ele tentou entrar no seu carro para pegar um revólver, mas não conseguiu.

A 5 mil km de distância, a unidade de elite da Marinha chamada Seals (Focas), a mesma que matou Ben Laden, usou lanchas de alta velocidade para atacar uma casa que serviria de abrigo para a liderança da milícia somaliana Al Chababe, também ligada à rede terrorista Al Caeda, no porto de Barawe, no Sul da Somália, inclusive o comandante supremo, Ahmed abdi Godane, também conhecido como Moktar Ali Zubeir.

O principal alvo do ataque na Somália seria um queniano de origem somaliana conhecido como Ikrima, supostamente responsável pelo ataque ao centro comercial Westgate, em Nairóbi, a capital queniana, há duas semanas, em que mais de 60 pessoas foram mortas. Foi a pior ação terrorista no Quênia desde o atentado contra a Embaixada dos EUA, em 7 de agosto de 1998, que matou mais de 200 pessoas e deixou 5 mil feridos. No mesmo dia, outro atentado, contra a Embaixada dos EUA na Tanzânia, deixou 11 mortos.

Com as duas operações de comandos, os EUA reafirmam sua determinação de perseguir terroristas que ataquem alvos americanos onde quer que estejam, prendendo-os ou matando-os para desestimular o terrorismo. Como os líderes da "guerra santa" contra o Ocidente prometem acesso direito ao paraíso para seus "mártires" e o jihadismo glorifica o martírio, há um incentivo de caráter religioso para o terrorismo suicida. Mas o ataque na Somália fracassou. Os americanos foram recebidos com fogo de artilharia e abortaram a missão.

Equador vai explorar petróleo em parque nacional

Sob protesto de índios e ecologistas, o presidente Rafael Correa conseguiu aprovação para explorar petróleo no Parque Nacional de Yasuni, que fica no leste da região amazônica do Equador. Por 108 a 25, a Assembleia Nacional suspendeu a última restrição constitucional à prospecção e lavra em uma área de preservação ambiental.

Com jazidas estimadas em 920 milhões de barris, cerca de 20% das reservas do Equador, menor país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), os campos petrolíferos de Ishpingo, Tambococha e Tiputini foram declarados de "interesse nacional". Ficam numa extremidade do Parque Nacional de Yasuni, uma área de 1 milhão de hectares de floresta tropical úmida considerada reserva mundial de biodiversidade.

Depois de lançar uma campanha mundial para arrecadar dinheiro em valor capaz de compensar a não exploração do petróleo para preservar a natureza e mitigar o efeito estufa, sem sucesso, em 15 de agosto, Correa anunciou a intenção de explorar as reservas.

O governo equatoriano espera arrecadar US$ 19 bilhões - 58% do orçamento de 2013 - em 20 anos. Correa prometeu destinar a maior parte do dinheiro para combater a pobreza, especialmente na Amazônia equatoriana, informou a agência de notícias France Presse.

China tem 2 milhões de censores para Internet

A ditadura comunista da China usa um exército de 2 milhões de censores para controlar as mensagens trocadas pelos 700 milhões de usuários da Internet no país, revelou o jornal Notícias de Beijim.

A maioria desses censores usa um computador para pesquisar palavras-chaves que possam indicar a circulação de conteúdos considerados subversivos nas redes sociais chinesas, assim como a articulação de movimentos de protesto.

Quando a Primavera Árabe derrubou as ditaduras da Tunísia e do Egito, houve tentativas de dissidentes chineses de organizar protestos contra o regime, mas o número de policiais sempre superou o de manifestantes.

Esses policiais ou agentes secretos da rede são pagos pelos órgãos de propaganda do Partido Comunista e do governo, e por empresas privadas que colaboram com a comunidade de informações. De 14 a 18 de outubro de 2013, o Diário do Povo, órgão oficial do PC chinês, fará cursos de treinamento para "analistas da opinião pública", noticia a agência de notícias France Presse.

Um internauta que difundir uma mensagem considerada difamatória retransmitida por outros 500 internautas pode pegar três anos de cadeia. Vários blogueiros populares, alguns com milhões de seguidores, foram interpelados nos últimos meses sob a acusação de "inventar ou repassar boatos".

O regime comunista também usa batalhões de internautas para comentar os assuntos do momento de modo a orientar os debates na rede para as linhas do pensamento oficial.

sábado, 5 de outubro de 2013

Khamenei critica EUA, Israel e telefonema de Obama

Depois de xingar os Estados Unidos de "arrogantes, desonestos, inconfiáveis e controlados pelo sionismo", o Supremo Líder Espiritual da República Islâmica do Irã, aiatolá Ali Khamenei, apoiou a ofensiva diplomática do presidente Hassan Rouhani para reabrir o diálogo com o Ocidente, mas criticou alguns aspectos de sua viagem a Nova York para participar da Assembleia-Geral das Nações Unidas, numa referência à conversa telefônica como presidente americano, Barack Obama.

"Apoiamos a iniciativa diplomática do governo e consideramos importantes as atividades dessa viagem", declarou Khamenei ao discursar numa cerimônia de formatura de oficiais do Exército do Irã, "mas algo que aconteceu em Nova York não foi apropriado".

Vários expoentes da linha dura do regime fundamentalista iraniano protestaram e censuraram Rouhani publicamente por atender ao telefonema do presidente americano, quebrando o gelo nas relações diplomáticas entre os dois países, rompidas em 1980, meses depois que estudantes iranianos invadiram a Embaixada dos EUA em Teerã, em 4 de novembro de 1979, nove meses após a vitória da revolução islâmica.

O antiamericanismo de Khamenei tem origem no golpe militar de 1953 contra o primeiro-ministro nacionalista Mohamed Mossadegh, articulado pela CIA (Agência Central de Inteligência), o serviço de espionagem dos EUA, que implantou a ditadura do xá Reza Pahlevi, derrubada pela revolução em 1979

A dez dias das negociações com as cinco grandes potências do Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) e a Alemanha, "somos pessimistas em relação aos americanos. Não temos a menor confiança neles", afirmou o aiatolá supremo.

"O governo americano é inconfiável, presunçoso e irrazoável, e quebra suas promessas. É um governo controlado pela rede internacional do sionismo", acrescentou Khamenei, citado pela agência de notícias France Presse.

Irã precisa de um ano para fazer bomba, diz Obama

O programa nuclear do Irã precisa no mínimo de um ano para fabricar uma bomba atômica, afirmou hoje o presidente Barack Obama com base em informes dos serviços secretos dos Estados Unidos. Na avaliação da inteligência de Israel, o Irã pode dominar a tecnologia necessária antes disso, admitiu Obama.

Depois de 34 anos, os presidentes dos dois países se falaram por telefone, dentro de uma ofensiva diplomática do novo presidente iraniano, Hassan Rouhani, para acabar com as sanções econômicas e militares impostas ao Irã pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em seguida, os chanceleres dos dois países anunciaram a reabertura das negociações para daqui a dez dias, mas não houve avanço nas questões de fundo.

Enquanto o Irã quer o fim das sanções, aegando que seu programa nuclear é pacífico, os EUA e a União Europeia exigem o fim do enriquecimento de urânio e a abertura irrestrita das instalações nucleares iranianas a inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Lampedusa: hipocrisia e lágrimas de crocodilo

Enquanto o mundo chora a morte ou desaparecimento de 300 imigrantes ilegais africanos num naufrágio perto da Ilha de Lampedusa, na Itália, um sítio de notícias da África denuncia o que considera "hipocrisia e lágrimas de crocodilo" dos líderes do continente e da Europa, responsabilizando-os pela tragédia.

Para o jornalista Boubacar Sanso Barry, do GuineeConacry.info, o naufrágio é resultado do que o papa Francisco chamou recentemente de "falta do senso de responsabilidade fraternal" e "insensibilidade com as crises dos outros", comparáveis ao comportamento das potências europeias no período colonial.

As principais causas, observou, que levam africanos desesperados a "tentar assaltar a Fortaleza Europa" são perseguições políticas e situações econômicas insuportáveis.

Os dois países da região do Chifre da África de onde saíram os cerca de 500 náufragos de Lampedusa, Somália e Eritreia, vivem em instabilidade política crônica, com Estados quase inexistentes, numa anarquia sistêmica em que grupos armados e criminosos dividem o território entre si e impõem sua lei.

Obama suspende viagem à Ásia

Diante do impasse com o Congresso para aprovar o orçamento para o ano fiscal iniciado em 1º de outubro de 2013 e o fechamento parcial da máquina federal nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama cancelou hoje a viagem que faria à Ásia, que sempre apresentou como uma prioridade de seu governo.

Obama já havia suspendido as visitas à Malásia e às Filipinas. Agora, decidiu não ir a encontros de cúpula na Indonésia e em Brunei, deixando de comparecer à reunião anual dos líderes do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC).

 Em entrevista no fim da manhã de hoje, o principal líder oposicionista no Congresso, o presidente da Câmara, deputado John Boehner, recuou de uma afirmação feita ontem por seus assessores que ele vai impedir um calote inédito da dívida pública dos EUA. Isso pode acontecer se a Câmara, dominada pelo Partido Republicano, não aprovar a elevação do teto da dívida até 17 de outubro de 2013.

 Como é a maior arma que tem para pressionar a Casa Branca, Boehner negou responsabilidade pelo fechamento do governo e disse que não quer ver um calote sem declará-lo impossível.

 Os líderes republicanos alegam que o presidente Obama se nega a negociar, mas insistem em vincular a aprovação do orçamento ao adiamento da reforma de saúde aprovada há três anos, quando o Partido Democrata tinha maioria nas duas casas do Congresso dos EUA.

Hoje a ultradireita republicana do movimento Festa do Chá, os teahadists - mistura de tea do chá em inglês com jihadistas, os extremistas muçulmanos - consideram-se no direito de destruir o programa de saúde de Obama, que visa a oferecer cobertura para mais de 40 milhões de americanos pobres sem seguro de saúde.

General vietnamita que venceu França e EUA morre

O maior herói da História do Vietnã depois do líder comunista Ho Chi Minh, general Vo Nguyen Giap, fundador e comandante do Exército Popular do Vietnã, morreu hoje aos 102 anos, informa a televisão pública britânica BBC. Ao derrotar a França e os Estados Unidos, ele garantiu a independência e a unidade do país.

Ho Chi Minh declarou a independência do Vietnã em 2 de setembro de 1945, data da rendição japonesa e do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia, quando a França tentou restabelecer a administração colonial. A vitória do general Giap sobre a França na Batalha de Dien Bien Phu foi decisiva na Guerra da Indochina (1946-54).

Vo Nguyen Giap nasceu em 25 de agosto de 1911 na então Indochina Francesa. Aos 14 anos, começou a militar clandestinamente na resistência. Em 1938, na iminência da invasão japonesa, fugiu para a China com Ho Chi Minh.

No exílio, Giap organizou uma exército guerrilheiro para combater o Exército Imperial do Japão, seguindo uma tradição milenar que vinha da luta contra o Império Chinês e continuou no pós-guerra na luta contra a França.

BATALHA DE DIEN BIEN PHU
De 13 de março a 7 de maio de 1954, com cerca de 80 mil homens, o Exército vietnamita perdeu 7,9 mil soldados para acabar com o colonialismo francês no Sudeste Asiático na Batalha de Dien Bien Phu, um pequeno planalto no Nordeste do Vietnã, perto das fronteiras com o Laos e a China.

Da força expedicionária da França, 2.293 soldados foram mortos e 5.193 feridos em combate em Dien Bien Phu. Dos 11.721 franceses presos, a maioria morreu no cativeiro. Só 3.290 foram repatriados.

Como os comunistas liderados por Ho obteriam uma expressiva vitória nas eleições, elas foram vetadas pelos EUA, que insistiram na divisão do país na paz negociada nas Nações Unidas e instalaram um regime-fantoche no Vietnã do Sul.

GUERRA DO VIETNÃ
A divisão do país causou a Guerra do Vietnã (1955-75), que teve uma intervenção militar direta dos EUA de 1964-73, com a morte de 58 mil americanos. O general Giap supervisionou a Ofensiva do Tet, a maior batalha da guerra, decisiva para minar o apoio da opinião pública americana à guerra.

A Guerra do Vietnã ou Segunda Guerra da Indochina, travada no Vietnã, no Camboja e no Laos foi uma tentativa de impedir que o comunismo tomasse conta de todo o Vietnã. De acordo com a teoria do domino, poderia derrubar outros países do Sudeste Asiático.

Havia medo de que países vizinhos como a Malásia e a Indonésia, com recursos estratégicos como borracha, estanho e petróleo, virassem comunistas.

Em 1956, o Vietnã do Norte autorizou seu aliados do Vietcong a iniciar atividades guerrilheiras contra o regime-fantoche sustentado pelos EUA.

Em 1959, o Partido Comunista do Vietnã do Norte decidiu promover uma “guerra popular” no Sul. O primeiro envio de armas pela Trilha de Ho Chi Minh, através do Camboja, foi concluído em agosto de 1959.

A Frente de Libertação Nacional do Vietnã do Sul foi fundada em 1960.

INTERVENÇÃO AMERICANA
O envolvimento dos EUA começa no governo Dwight Eisenhower (1953-61), que mandou 900 assessores militares. No fim do governo Kennedy (1961-63), havia 16,7 mil militares americanos no Vietnã. O economista John Kenneth Galbraith advertiu para o risco “de substituir a França como potência colonial e sangrar como a França”.

Como o Exército do Vietnã do Sul era muito incompetente no campo de batalha, militares americanos passaram a assessores as forças sul-vietnamitas em todas as frentes sem entender direito a natureza política da insurgência.

INCIDENTE DO GOLFO DE TONKIN
Depois de dois falsos ataques contra navios americanos forjados pelos EUA, em 2 a 4 de agosto de 1964, no Golfo de Tonkin, o presidente Lyndon Johnson declarou guerra ao Vietnã do Norte.

Documentos desclassificados em 2005 mostram que, no primeiro caso, o navio americano deu tiros de advertência a pesqueiros vietnamitas, que não responderam. No segundo caso, não houve ataque. Em nenhum dos dois, havia embarcações militares do Vietnã do Norte na área. O governo Johnson fabricou sua versão em Washington.

VIETCONGUE
De 5 mil rebeldes em 1959, quando foi criado, o grupo guerrilheiro Vietcongue tinha crescido para 1 milhão de homens em armas.

Em 2 de março de 1965, os EUA começaram uma campanha de intensos bombardeios aéreos que durou três anos. Com 3 mil fuzileiros navais enviados em 8 de março de 1965, os EUA entravam em combate em terra na linha de frente.

Ho Chi Minh alertou: “Se os americanos querem 20 anos de guerra, devemos lutar por 20 anos. Se eles querem paz, devemos fazer as pazes e convidá-los para tomar chá”.

O governo de Hanói declarava não ter a intenção de expandir sua revolução pelos países vizinhos, mas documentos secretos do Pentágono, revelados em 1971 pelo jornalista Jack Anderson no jornal The New York Times, falavam num “perigoso período de expansionismo vietnamita” citando expressamente o Laos e o Camboja como alvos fáceis e talvez também a Tailândia, a Malásia, Cingapura e a Indonésia.

OFENSIVA DO TET
Em 30 de janeiro de 1968, o Vietcongue lançou, durante os feriados do Ano Novo Lunar, uma de suas maiores ofensivas. Cerca de 84 mil guerrilheiros atacaram 155 cidades, inclusive 36 das 44 capitais provinciais e a capital do Vietnã do Sul, inclusive a Embaixada dos EUA e o comando militar americano.

1968 foi o pior ano para as tropas americanas: dos 58 mil americanos mortos na guerra, 16.592 soldados foram mortos naquele ano.

Com o fracasso da guerra, Johnson não concorreu à reeleição em 1968. Richard Nixon ganhou com a promessa de negociar a paz e tirar os soldados americanos do Vietnã. Para isso, o assessor de Segurança Nacional, Henry Kissinger iniciou uma aproximação com a China e a União Soviética.

PAZ QUE NÃO HOUVE
A paz entre EUA e Vietnã foi assinado em 1973, mas a guerra continuou até a queda de Saigon, hoje Cidade de Ho Chi Minh, em 30 de abril de 1975, quando houve uma fuga espetacular de helicóptero da Embaixada dos EUA. O total de mortos vietnamitas é estimado pelo governo nacional em 2 milhões de civis e 1,1 milhões de soldados e guerrilheiros.

Duas semanas antes, em 16 de abril de 1975, o grupo guerrilheiro Khmer Vermelho, outro subproduto da Guerra do Vietnã, tomou o poder no vizinho Camboja, dando início a um reino de terror com mais de 2 milhões de mortes que acabaria em 8 de janeiro de 1979 com uma invasão vietnamita.

Depois da guerra, o general Giap manteve o cargo de ministro da Defesa e foi nomeado vice-primeiro-ministro em 1976. Marginalizado na luta interna pelo poder do regime comunista, abandonou a política seis anos depois.

O regime comunista internou mais de 1 milhão de pessoas em campos de reeducação, onde 165 mil vietnamitas morreram. A repressão de caráter stalinista provocou a fuga em massa de mais de 1,5 milhão de pessoas em barcos precários criando uma das grandes crises humanitárias dos anos 1980s. O Alto Comissariado da ONU para Refugiados estima que 200 a 400 mil pessoas morreram nessa fuga pelo mar.