Os líderes dos dois grandes partidos dos Estados Unidos chegaram finalmente a um acordo para reabrir o governo federal e elevar o teto da dívida pública, evitando um calote de consequências catastróficas e imprevisíveis para a economia mundial, noticiou agora há pouco a agência de notícias Associated Press.
A máquina federal dos EUA está parcialmente paralisada há 16 dias por falta de acordo entre a Casa Branca e a Câmara dos Representantes, dominada pela oposição, para aprovar o orçamento para o ano fiscal iniciado em 1º de outubro de 2013 e elevar o teto da dívida pública do país, que bate amanhã em US$ 16,7 trilhões, o atual limite.
O acordo negociado no Senado pelos líderes do governo, Harry Reid, e da minoria, Mitch McConnell, autoriza o financiamento temporário do governo federal dos EUA até 15 de janeiro e eleva o limite da dívida até 7 de fevereiro, adiando os problemas para 2014 sem dar uma solução definitiva. McConnell está agora comunicando o resultado da negociação à sua bancada.
Se uma minoria radical de direita do movimento Festa do Chá continuar boicotando um acordo, o presidente da Câmara, deputado John Boehner, na prática o líder da oposição, poderá colocar a matéria em votação, aprovando-a com votos dos democratas e de republicanos moderados. Sua liderança ficará abalada, mas a economia do país será preservada de um choque desnecessário.
Durante toda a negociação, a ala mais à direita do Partido Republicano exigiu mudanças na reforma da saúde aprovada há três anos, no primeiro governo Barack Obama. A única concessão foi um aumento da fiscalização para ter a certeza de que quem receber algum subsídio federal para ter seguro-saúde precise realmente de ajuda do governo.
Em entrevista à televisão americana CNN, o megainvestidor Warren Buffett sugeriu que a primeira medida a adotar seria um compromisso dos partidos para não usar mais a ameaça de um calote na dívida pública como arma em suas disputas políticas.
Como os EUA são a maior economia do mundo e nunca deram calote na dívida pública, sua moeda, o dólar circula no mundo inteiro e é usada como reserva cambial para maioria dos países. Os governos compram títulos da dívida pública americana e não querem ver seus investimentos desvalorizados. Por outro lado, os EUA refinanciam sua megadívida a juros baixos.
Só a China, tem US$ 1,3 trilhão em bônus do Tesouro dos EUA. O Japão tem outro US$ 1,1 trilhão. Diante da esquizofrenia política em Washington, um comentário na agência oficial Nova China defendeu a "desamericanização" do mundo.
A posição do dólar como principal moeda internacional de reserva é um dos fatores do superpoderio dos EUA. Como a Zona do Euro saiu pior da crise, no momento, não há uma alternativa concreta. Mas a maior preocupação dos EUA em relação aos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é que passem a negociar entre si nas suas próprias moedas.
Enquanto os radicais da Festa do Chá fazem os EUA reféns de seu ultradireitismo racista e fascistoide, a superpotência declina.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Partidos fazem acordo para evitar calote dos EUA
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